Bilionário Bill Ackman chama Terra de “esquema de pirâmide versão cripto”

Para o investidor, tokens do Terra ofereciam promessas de rendimento elevado e tinham valor direcionado pela chegada de novos compradores
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(Foto: Reprodução: Interactive Investor)

O bilionário investidor Bill Ackman compartilhou sua opinião sobre o colapso do ecossistema Terra, chamando-o de “esquema de pirâmide versão cripto”.

“Prometiam rendimentos de 20% a investidores pela paridade a um token cujo valor era direcionado apenas pela demanda de novos investidores do token”, tuitou Ackman. “Não há um negócio sólido e fundamental.”

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When I read about the ‘algorithm’ of @terra_money it sounds just like a crypto version of a pyramid scheme. Investors were promised 20% returns backed by a token whose value is driven only by demand from new investors in the token. There is no fundamental underlying business.

— Bill Ackman (@BillAckman) May 17, 2022

Os rendimentos de 20% se referem ao alto retorno obtido no famoso Anchor Protocol. Atualmente, essas taxas caíram para 18% e a expectativa é que caiam novamente em 1º de junho.

Em uma série de tuítes, o fundador e CEO da Pershing Square Capital Management também criticou LUNA por criar uma demanda artificial ao limitar o fornecimento por meio de um cronograma de aquisição (ou “vesting schedule”).

Cronogramas de aquisição são uma prática comum de investimento em que os tokens do investidores são bloqueados por um período específico chamado “lock-up” e distribuídos uniforme e posteriormente.

No caso do LUNA, se um investidor o adquirisse na rodada “seed” (quantia destinada a um projeto que ainda está sob desenvolvimento inicial), os tokens eram bloqueados entre dez a 18 meses. Após o período de bloqueio, os tokens eram distribuídos.

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“[O preço de] LUNA valorizou ao atrair mais seguidores e ao limitar o fornecimento de tokens por meio de um cronograma de aquisição”, afirmou o bilionário investidor. “Colapsou quando a oferta de vendedores da Luna superou a de compradores.”

Porém, Ackman elogiou a tecnologia blockchain, chamando-a de “brilhante” e afirmando que possui um “enorme potencial”.

Mas se a indústria não se organizar, esse potencial pode ser perdido, segundo ele.

“A indústria deve se autorregular e se afastar de outros projetos cripto que não têm modelos de negócio sólidos”, tuitou Ackman. “Tokens de hype que não forem baseados em negócios que gerem valor vão destruir toda a indústria cripto.”

O que era o Terra?  

O Terra era um ecossistema descentralizado que incluia stablecoins algorítmicas, lançado pelo Terraform Labs, liderado por Do Kwon, no início de 2018. O ecossistema era composto de dois tokens: LUNA, o nativo token de governança e staking, e UST, a stablecoin algorítmica.

A UST mantinha sua estabilidade por meio de um mecanismo de emissão e queima envolvendo LUNA. Usuários podiam converter US$ 1 em LUNA por UST e vice-versa. A arbitragem entre LUNA e UST ajudava a manter a paridade da UST ao dólar.

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Se o preço da UST estivesse sendo negociado acima de US$ 1, investidores poderiam emitir 1 UST por US$ 1 em LUNA e vender a UST recém-emitida para gerar lucro. Por outro lado, se a UST estivesse abaixo de US$ 1, usuários poderiam comprar a stablecoin com desconto e convertê-la por US$ 1 em LUNA e vender o token no mercado para gerar lucro.

Este mês, esse mecanismo entrou em colapso à medida que a UST perdeu sua paridade ao dólar. Nesta quarta-feira (18), está sendo negociada a US$ 0,30, segundo dados do site CoinMarketCap.

Uma UST em queda resultou em uma enorme emissão de LUNA, fazendo a demanda despencar e diluindo a oferta do ativo, resultando na perda de 100% de valor do LUNA em poucos dias.

Neste momento, LUNA está precificado em US$ 0,00018 após ter atingido uma alta recorde de US$ 119,18 há um mês. 

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.