O governo do Irã mudou sua legislação regulatória sobre criptomoedas para permitir que esses ativos sejam usados no financiamento de importações, conforme consta no site Iran Daily.
A alteração na regulamentação não vai se estender ao uso de criptomoedas para outros fins que não sejam exclusivamente para o financiamento de importações do Banco Central do Irã.
A matéria cita um relatório divulgado no sábado pelo IRNA (Islamic Republic News Agency) apontando que a nova regulação se deu após uma proposta conjunta do Banco Central do Irã e do Ministério de Energia iraniano.
As criptomoedas serão usadas em financiamento de importação num momento em que há maior pressão sobre o uso normal de moedas fortes pelo Irã. Ao invés de utilizar outras moedas fiduciárias como o dólar, a ideia deverá ser o de usar criptomoedas.
A medida pode ser uma saída para o Irã fugir das restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos (EUA) ao uso da moeda norte-americana.
De acordo com esse relatório, as pessoas que mineram esses criptoativos “devem fornecer a criptomoeda original diretamente e dentro do limite autorizado para os canais introduzidos pelo Banco Central iraniano”.
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Haverá, contudo, um limite legal para a quantidade de criptomoeda para cada minerador, o qual dependerá do nível de energia subsidiada usada para mineração. É nesse ponto que entra o Ministério da Energia iraniano, o qual irá publicar instruções que servirão de base para se medir esse nível de energia subsidiada pelo país para os fins de mineração de criptomoedas.
Irã e as criptomoedas
Essa decisão representa uma mudança radical no campo regulatório de criptomoedas no Irã. No ano passado, o país havia tornado a mineração ilegal por meio do uso de eletricidade altamente subsidiada levou a uma ofensiva nacional contra os mineradores. Essa medida, porém, durou só um mês, conforme noticiado pela Aljazeera.
O governo iraniano aos poucos tem mudado a sua visão sobre o uso de criptomoedas. E 2019 representou um ano de mudanças. Além de voltar na decisão de proibir a mineração, o país legalizou o comércio de moedas criptografadas como o Bitcoin por meio de uma regulamentação anunciada em agosto do ano passado.
Isso, porém, não significa que o Irã não esteja acompanhando de perto os possíveis impactos que a criptomoeda pode causar no comércio e até na situação econômica do país.
De acordo com uma matéria ainda publicada em janeiro pela Foreign Policy, a ideia de usar Bitcoin ou outra criptomoeda é uma resposta às imposições econômicas dos EUA contra o país. O irã já vem estudando o uso desses ativos como forma de escapar das pressões dos EUA há pelos menos dois anos.
Assim como China e Rússia, o Irã também planeja introduzir seu próprio dinheiro digital. Em julho de 2018, o governo deixou claro que pretende ter uma criptomoeda própria e que vem estudando soluções em Blockchain.