O governo chinês voltou a expressar sua desconfiança com as criptomoedas nesta quinta-feira (8) e o alvo da vez foram as stablecoins, ativos digitais pareados a uma moeda fiduciária.
De acordo com a CNBC, o vice-governador do Banco Popular da China (PBoC), Fan Yifei, disse em uma conversa com repórteres que a entidade está “bastante preocupada” com os riscos que esse tipo de criptoativo apresenta ao sistema financeiro global.
“As chamadas stablecoins de algumas organizações comerciais, especialmente stablecoins globais, podem trazer riscos e desafios para o sistema monetário internacional e para o sistema de pagamentos e liquidação”.
A Tether (USDT) é a stablecoin pareada ao dólar americano mais utilizada no mundo e uma das principais facilitadoras da fuga de capitais da China.
Um estudo da Chainalysis mostrou que US$ 50 bilhões em Tether saíram do leste asiático para outras regiões do mundo no ano passado, um dado que deve pesar na repressão chinesa ao mercado cripto.
Fan Yifei continuou dizendo que o Banco Central ainda está “muito preocupado” com esse problema, e que estão “tomando algumas medidas”.
Na terça-feira, por exemplo, os reguladores baniram do país a Beijing Qudao Cultural Development, uma empresa acusada de desenvolver softwares para a negociação de criptomoedas.
Algumas semanas atrás, o governo chinês já havia feito um apelo às empresas e demais instituições financeiras do país que restringissem o acesso da população aos ativos digitais, em respeito às leis que proíbem esses serviços na região desde 2017.
Concorrência com CBDC
Um outro motivo que pesa na preocupação do governo chinês com as stablecoins é evitar a concorrência com a sua própria moeda digital de banco central (CBDC), que vem sendo testada a todo vapor no pais. Segundo a declaração do vice-governador do PBoC, o sistema do yuan digital somente para convidados já conta com mais de 10 milhões de usuários.
A preocupação com as stablecoins não se limita ao país asiático. Foi inclusive a ideia de que grandes corporações poderiam tomar o controle das moedas — como o Facebook com o projeto Diem — que a corrida dos governos para planejar a emissão de CBDCs ganhou força ao redor do mundo.