Autoridades do Brasil precisam de dados on-chain para regular mercado de criptomoedas, defende cofundador da Chainalysis

Entrada próxima em vigor da Lei das Criptomoedas ressalta importância de munir reguladores com informações, diz Jonathan Levin
Jonathan Levin, cofundador da Chainalysis palestrando em evento Criptorama/Money Monster Brazil na terça-feira (6 de junho).

Jonathan Levin durante evento em Brasília (Marcelo Cabral/Portal do Bitcoin)

O uso de dados e informações on-chain, direto da blockchain, será um instrumento fundamental para os reguladores do mercado brasileiro, que em poucos dias verá a entrada em vigor da nova Lei das Criptomoedas. Essa é a visão de Jonathan Levin, cofundador da empresa de análise Chainalysis. O empresário participa do evento Criptorama/Money Monster Brazil, que acontece nesta terça (6) e quarta-feira em Brasília.

Segundo Levin, o mercado de criptomoedas se mantêm forte apesar das seguidas crises dos últimos dois anos. “A correlação entre empresas de tecnologia, Bitcoin e Ethereum segue muito forte. A indústria vem mostrando resiliência”, diz.

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Nesse quadro, o Brasil se destaca. Levin diz que o país lidera a adoção de criptomoedas na América Latina e já é o sétimo maior do mundo no quesito. “As stablecoins são particularmente populares no Brasil. É diferente do que acontece em outros mercados como os EUA. E isso mostra que, no Brasil e na América Latina, há novos caminhos para a criptoeconomia”, afirma.

Na visão do empresário, essa importância do mercado brasileiro está por trás da decisão da empresa de manter equipes próprias no país – no total, a Chainalysis tem clientes em 90 países.

No caso do mercado das moedas digitais, Levin vê desafios similares para os reguladores com os dos demais mercados: garantir pontos como estabildade financeira, proteção ao consumidor, integridade do mercado e risco prudencial.

Mas segundo ele, o mercado cripto é o único que consegue responder a esses desafios com dados vindos da blockchain. “O desafio é tornar esses dados acessíveis para reguladores e poder público”, diz. É aí que a empresa pretende seguir atuando.

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A análise de dados on-chain pode ajudar as autoridades a entender, por exemplo, quais os principais tokens e volume de trade dentro de uma jurisdição específica. Também pode ajudar a identificar irregularidades como front running e wash trading.

A Chainalysis também está envolvida na investigação de alguns dos casos policiais mais importantes ao redor do mundo que envolvem criptomoedas e blockchain. A empresa produziu em relatório recente com a análise sobre a denúncia de que quase mil endereços de Bitcoin que estariam ligados ao governo russo. No Brasil, entre outros casos, a companhia foi contratada pela polícia para rastrear as criptomoedas da pirâmide MSK.