Acabou o depoimento de quatro dias do criador da FTX; veja os momentos mais importantes

Com o fim do testemunho de Sam Bankman-Fried, o julgamento que investiga os culpados pelo colapso da FTX entra em sua fase final
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O julgamento de Sam Bankman-Fried, fundador da falida exchange FTX, está chegando ao fim, e a última testemunha a depor foi exatamente o próprio executivo, que enfrenta um processo com pena máxima de 110 anos de prisão em sete acusações de fraude e conspiração. Ele é acusado de roubar bilhões de dólares de fundos dos clientes da corretora.

Foram quatro dias respondendo perguntas da acusação e da defesa para tentar explicar como a FTX chegou ao fundo do poço e qual foi seu papel na desgraça da empresa.

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No primeiro dia, 26 de outubro, o júri foi dispensado e ocorreu uma sessão especial para o juiz determinar se certos assuntos poderiam ser tratados frente ao júri, o que serviu como um aquecimento para o que estava por vir.

Naquele dia, SBF disse que tinha a impressão que sua empresa de trading, Alameda Research, tinha autorização de gastar fundos dos clientes FTX sob um Acordo de Agente de Pagamento que havia entre as duas empresas.

Neste momento, Danielle Sassoon — procuradora que durante todo o julgamento foi a voz da acusação contra SBF — pediu que ele identificasse a parte do acordo que deu à Alameda o direito do gasto, no que o executivo apenas respondeu: “Não fiz uma leitura atenta deste documento”.

No dia seguinte, considerado o primeiro oficialmente de testemunho de Bankman-Fried, ele reconheceu que “muitas pessoas se machucaram” devido ao colapso da FTX. Afirmou ainda que “cometeu uma série de pequenos e grandes erros” e que “houve descuidos significativos”, mas negou qualquer irregularidade intencional.

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“A FTX deveria fazer avançar o ecossistema [cripto] mas aconteceu o oposto disso”, admitiu SBF ao tribunal. Ainda sobre erros cometidos, quando questionado se a FTX tinha um departamento de gestão de risco, ele disse: “Claro que deveríamos ter, mas não, não tínhamos”.

O executivo disse ainda que desde a criação da FTX, um dos planos dele era que ela fosse vendida para uma grande empresa do setor, como a Binance.

Bankman-Fried acreditava que a exchange poderia se estabelecer como um local que atendia especificamente aos traders de margem. Como a especialidade não era abordada no cenário cambial naquela época, ele esperava que uma empresa como a Binance pudesse se interessar em comprar a FTX.

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A suposta memória falha de SBF

Especialistas e jornalistas que acompanharam o testemunho já haviam relatado que SBF era muito vago e que até ali a situação não era boa para ele. Na última segunda, então, sua situação piorou ao ser questionado se a Alameda estava sujeita às mesmas regras que outros clientes da FTX. “Não tenho certeza. Não me lembro. Não tenho certeza exatamente do que você está se referindo”, disse ele.

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Durante grande parte do interrogatório na segunda-feira, Bankman-Fried não conseguiu se lembrar de certos detalhes sobre a época em que trabalhava como CEO da FTX. Ele respondeu às perguntas com versões de “não me lembro” dezenas de vezes.

SBF disse que não estava claro se alguma vez alegou que a FTX estava segura. Horas depois, ele não se lembrava se já tinha visto um balanço específico da Alameda produzido pela ex-CEO, Caroline Ellison, que se declarou culpada de crimes associados ao colapso da FTX e concordou em cooperar com os investigadores.

Durante seu depoimento, Ellison disse que Bankman-Fried a instruiu a criar uma série de balanços falsos depois que os preços das criptomoedas despencaram, o que poderia manter os credores confiantes na força da Alameda. “Não me lembro se vi isso”, disse ele quando mostraram os documentos na segunda-feira.

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O “misterioso” sumiço de US$ 8 bilhões

Em geral, os promotores retrataram Bankman-Fried como um hipócrita em busca de publicidade. No último dia de interrogatório, SBF disse que não sabia que os funcionários da Alameda Research estavam gastando US$ 8 bilhões em fundos de clientes da FTX, nem soube dizer para onde esse dinheiro foi parar.

Como resultado, ninguém foi demitido, disse ele, sugerindo que não seria incomum ele não saber qual de seus funcionários gastou o dinheiro. “De qualquer forma, o dinheiro é fungível”, disse. “Eu não estava particularmente interessado em tentar distribuir a culpa”.

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Apesar dessa fala, a estratégia de defesa dele está clara desde antes do julgamento: desviar sua culpa sobre o colapso da FTX, apontando que outros executivos da companhia sabiam o que acontecia e também estavam envolvidos.

É o caso de Caroline Ellison, ex-CEO Alameda e que também era namorada de SBF. Ele afirma chegou a dizer para ela que a companhia deveria ter se protegido contra alguns dos investimentos de risco. “Ela começou a chorar”, disse Bankman-Fried. “Ela também se ofereceu para renunciar”. Ela testemunhou que cometeu fraude com ele e sob sua orientação.

Passado o testemunho de SBF, agora o julgamento entra em sua última parte, com as alegações finais nesta quarta-feira (1). Segundo o juiz do caso, Lewis Kaplan, a previsão é que o julgamento seja concluído até a próxima semana.