A semana no CriptoTwitter: pesadelo no OpenSea e nascimento da ‘shitcoin’ do mascote do McDonald’s

Nayib Bukele “trolla” o FMI e a stablecoin Diem, do Facebook, não existe mais
Imagem da matéria: A semana no CriptoTwitter: pesadelo no OpenSea e nascimento da 'shitcoin' do mascote do McDonald's

(Foto: Shutterstock)

Chegamos ao fim do primeiro mês de 2022 e os mercados de criptomoedas estão de pernas para o ar desde o Ano-Novo.

A primeira semana de 2022 foi bem ruim. A segunda semana demonstrou certa promessa. Na terceira semana, o bitcoin (BTC) e o ether (ETH) despencaram para seus preços mais baixos desde o segundo trimestre de 2021. A semana anterior parecia ser o início de uma recuperação completa, mas nunca é possível ter plena certeza no setor cripto.

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Felizmente, existe o CriptoTwitter, uma fonte interminável de distrações. Esta semana, duas figurinhas carimbadas voltaram: Elon Musk, CEO da Tesla, e Nayib Bukele, presidente de El Salvador.

A semana apavorante do OpenSea

A última semana, houve um grande pânico entre usuários do OpenSea quando uma invasão permitiu que pessoas comprasse caríssimos tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) do Bored Ape Yacht Club (ou BAYC) bem abaixo do preço mínimo por conta de antigas listagens inativas que usuários não haviam cancelado (ou porque não queriam pagar pelas taxas de gas para cancelar ou, em outros casos, não tinham ideia de que as listagens antigas continuavam ativas).

O OpenSea não considerou o problema como “uma invasão ou uma falha”, e sim um problema causado pela “natureza da blockchain”, mas o que quer que a empresa deseje chamá-lo, reconheceu que é um problema ao reembolsar US$ 1,8 milhão em ether a usuários afetados.

Basta dizer que a exploração foi bastante discutida no Twitter.

O criador de NFTs @0xHustler foi o primeiro a alertar: “Pessoal, acessem http://orders.rarible.com e garanta que todas as suas listagens antigas estejam canceladas. Atualmente, existe uma invasão no OpenSea que permite que alguém compre seus NFTs a preços antigos de listagem. Isso está acontecendo agora!!”.

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Na terça-feira (25), o OpenSea rapidamente implementou um gestor de novas listagens, permitindo que usuários verificassem tanto listagens ativas como inativas e cancelassem as inativas por meio de uma opção de apenas um clique.

Na quinta-feira (27), o OpenSea enviou um e-mail a todos os usuários com “listagens inativas” em suas contas. Pediu que usuários “urgentemente agissem para cancelar todas as listagens afetadas”.

O colecionador NFT @dingalingts alertou que, na verdade, o alerta do OpenSea piorou a situação.

ALERTA: NÃO CANCELE SUAS LISTAGENS NO OS [OPENSEA] CONFORME EXPLICADO NO E-MAIL QUE O OPENSEA ACABOU DE ENVIAR.

PRIMEIRO, transfira seu NFT para um endereço diferente e cancele a(s) listagem(s) no endereço original ANTES de enviá-lo de volta.

OS acabou de colocar todos em um maior risco do que antes.

https://twitter.com/dingalingts/status/1486654437548773376

O artista e colecionador NFT @swolfchan foi um dos azarados que seguiram o conselho da OpenSea.

Ele cancelou uma listagem de um Mutante Ape Yacht Club de 15 ETH e acabou causando, sem querer, uma listagem de 6 ETH. Uma diferença de 9 ETH a preços atuais é de cerca de US$ 23,5 mil.

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É claro que, no mundo dos NFTs, por mais intangível que seja, esses ativos têm muito valor sentimental para usuários.

Jordan Garbis, cofundador da BeetsDAO, tuitou sobre sua devastação: “Esse tipo de roubo me magoa por motivos além do dinheiro. O Bored Ape Yacht Club que foi tirado de mim no OpenSea fazia parte da identidade que construí. Fazia parte de um conjunto com um mutante M1 e M2 que eu nunca iria desfazer. Eu não dormi a noite inteira”.

Garbis mudou sua foto de perfil para o Ape que ele tinha antes, vestindo um moletom “Lost Ape” (ou “primata perdido) feito por niftytailor.

Elon, Ronald, DOGE e Grimace

Elon Musk, CEO da Tesla e general do exército DOGE começou uma cadeia de eventos que fez alguns traders selecionados de criptomoedas de meme lucrarem mais de 285.000% em pouquíssimas horas.

O fósforo que acendeu a fogueira foi um pouco inofensivo: “Eu comeria um McLanche Feliz na TV se o McDonald’s aceitar dogecoin”.

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Mas o McDonald’s respondeu. A resposta da gigante empresa de fast-food também foi inofensiva: “Apenas se a Tesla aceitar grimacecoin”. Grimace, é claro, é o nome do monstro roxo no grupo de mascotes do McDonald’s.

O que aconteceu em seguida? Nesse momento, já se tornou um padrão: diversas pessoas com experiência em blockchain imediatamente emitiram criptomoedas com o nome “Grimace”, e quase dez delas estavam no Binance Smart Chain, e seu preço disparou.

Conforme destacado por Liam Kelly, do Decrypt, “GrimaceCoin” (no BSC) disparou 190.000% enquanto a “grimacecoin” (no Polygon) subiu 898%.

https://twitter.com/Liam_Gallas/status/1486259975664119808

Bukele ri enquanto grupos econômicos alertam

Nayib Bukele, o presidente de El Salvador e fomentador do bitcoin, é uma figura ilustre neste resumo semanal. Na última semana, outra grande entidade financeira criticou o grande experimento com bitcoin do Bukele. Ele respondeu à altura.

Na semana anterior, havia sido Moody’s, a agência de classificação de risco.

Depois que o site Investing.com tuitou que Moody’s havia diminuído a classificação de El Salvador por conta de suas aquisições de bitcoin, Bukele explodiu: “URGENTE: EL SALVADOR NÃO DÁ A MÍNIMA”.

No fim das contas, o tuíte do Investing.com estava errado e a Moody’s não havia mudado a classificação de El Salvador.

No entanto, na terça-feira (25), o Fundo Monetário Internacional (ou FMI) alertou que El Salvador pare de usar o bitcoin como moeda corrente – e essa não foi uma notícia falsa.

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A economia do país está encolhendo, a dívida pública aumentando e o uso do bitcoin “apresenta enormes riscos” que podem prejudicar a recuperação do país, afirmou o FMI.

Bukele respondeu com um meme da série “Os Simpsons”, zombando da situação.

Diem já era

Foi a semana em que o sonho da Diem acabou.

Meta (anteriormente conhecida como Facebook) aparentemente desistiu de sua stablecoin Diem (anteriormente conhecida como Libra) e está vendendo os ativos (sejam lá quais forem) da Diem para o Silvergate, de acordo com o Wall Street Journal.

A “moeda global sem fronteiras” que o Facebook havia anunciado em junho de 2019 supostamente seria lastreada na “Libra Reserve” – uma cesta de “ativos de baixa volatilidade, como depósitos bancários e valores mobiliários de governos, em moedas de bancos centrais estáveis e de boa reputação”, segundo um porta-voz na época.

Especula-se bastante que a causa da morte foi a retaliação de reguladores e políticos, que foram hostis a uma criptomoeda do Facebook desde o início.

Independente do motivo, o anúncio da morte da Diem resultou em uma vitória previsível de defensores cripto e pessoas não envolvidas no mercado que nunca haviam ficado muito empolgados com a ideia de uma stablecoin do Facebook.

Junko Suzuki, trader cripto e desenvolvedor, foi bem cínico:

Os EUA se importaram mais com a Stablecoin Libra / Diem do Facebook do que teriam de receio sobre o Bitcoin.

O governo americano não se importa com El Salvador tornando-o em moeda corrente do que o Facebook tentando integrar quatro bilhões de usuários às criptomoedas. Por que norte-coreanos não o tornam em uma moeda corrente?

https://twitter.com/JunkoSu22993224/status/1487446687941636100

Stephen Diehl, um programador e crítico às criptomoedas, publicou uma resposta semelhante. Ele chamou o projeto de “uma violação descarada sobre a ordem internacional baseada em normas e liderada por uma das pessoas mais cruéis do planeta”.

Karel Lannoo, CEO do Centro de Estudos Europeus de Políticas, afirma ter alertado executivos do Facebook que Diem “iria desabar logo que o Facebook percebesse a complexidade de lidar com mais de 180 regimes regulatórios diferentes para transferências monetárias”.

Espere por mais tuítes sobre preços de tokens de meme e Apes perdidos, além de mais polêmicas de Musk e Bukele.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.