O australiano Stefan He Qin pode pegar até 20 anos de prisão por ter aplicado um golpe de arbitragem com bitcoin através de duas empresas sediadas em Nova York (EUA). Réu confesso diante da juíza Valerie Caproni, do Tribunal de Manhattan, o acusado levantou mais de US$ 100 milhões de investidores e estava prestes a sumir com todo o fundo, diz a nota do Departamento de Justiça na quinta-feira (04).
“Stefan He Qin drenou quase todos os ativos do fundo de criptomoeda de US$ 90 milhões que possuía, roubando o dinheiro dos investidores, gastando-o em benefício próprio e mentindo sobre o desempenho do fundo”, disse a procuradora Audrey Strauss.
As empresas usadas na fraude foram a Virgil Sigma Fund LP ( divulgada como Virgil Sigma) e a VQR Multistrategy Fund LP (VQR), ambas controladas por Qin — o caso corria na SEC desde 22 de dezembro. Por meio delas ele oferecia rendimentos através de arbitragem com bitcoin e dizia que o fundo não estava exposto a nenhum risco.
Conforme explicou Strauss, o acusado tentou roubar dinheiro de uma para cobrir o rombo da outra, quando os investidores começaram a pedir resgate em dezembro passado. “Todo o castelo de cartas foi revelado, e Qin agora aguarda a sentença por seu roubo descarado”.
Golpe com bitcoin vinha desde 2016
Peter C. Fitzhugh, chefe do Homeland Security Investigation (HSI, que cuida de crimes cibernéticos, reforçou as declarações. Segundo ele, Qin usou por muitos anos (de 2016 a 2020) a “arte da malandragem” para usufruir de um estilo de vida extravagante, resultado de promoções falsas a investidores.
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Entre fevereiro e abril de 2017, por exemplo, ele mentiu ao alegar que os fundos tiveram rendimentos perto dos 50%. Mais tarde, já em 2018, uma publicação do Wall Street Journal acabou dando credibilidade ao negócio, de acordo com a nota do DoJ.
“Qin orquestrou esse esquema criminoso repreensível por muitos anos, fazendo deturpações e falsas promessas que persuadiram os investidores a despejar milhões de dólares em empresas de criptomoedas fraudulentas, ao mesmo tempo em que roubava o dinheiro suado de seus investidores”.
Casos parecidos no Brasil
O golpe do australiano lembra vários casos que ocorreram no Brasil e que estão sob investigação A Atlas Quantum, por exemplo, oferecia um serviço de arbitragem com bitcoin parecido com o da Virgil Sigma e hoje também enfrenta vários processos na Justiça.
Do mesmo modo, aparentemente, o caso remete também à Unick Forex, provavelmente o golpe que mais se alastrou no Brasil, e ao Grupo Bitcoin Banco, que também é investigado.
Estima-se, por exemplo, que Leidimar Lopes, Fernando Lusvarghi, Danter Silva e, supostamente, Fernando Salomon, tenham arrecadado cerca de R$ 30 bilhões com a mesma jogada de Qin.