Você sabe o que são as DeFi? DeFi é uma sigla que em inglês significa ‘Descentralized Finance’ ou, em uma tradução literal, ‘Finanças Descentralizadas’. A ideia central é a construção de instrumentos financeiros no Blockchain, de forma descentralizada e independente de empresas e governos. Já imaginou poder fazer uma operação de empréstimo sem intermediários?
Em uma operação de crédito tradicional temos, de um lado, o superavitário, e do outro, o deficitário, bem como o intermediário tradicional, que é a tão conhecida instituição financeira (Banco ou Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento).
Desta forma, aquele superavitário guarda o seu dinheiro na instituição financeira, que o remunera por isto, podendo a instituição financeira utilizar este valor para emprestar ao deficitário normalmente a uma taxa muito maior do que aquela paga como remuneração ao superavitário.
As DeFi tendem a eliminar este intermediário, fazendo com que a remuneração do superavitário seja mais rentável, bem como que a taxa de juros do deficitário seja menor. Ou seja, ambos ganham, pois a falta de intermediários tende a baratear a operação que é registrada utilizando a tecnologia Blockchain.
Embora o segmento de DeFi seja dividido basicamente em quatro frentes (Lending, DEXES, Assets e Payments), falaremos aqui somente das duas primeiras, pois entendemos serem as mais relevantes.
DeFi — Lending e DEXES
O mercado de Lending consiste no exemplo citado acima, em que há a concessão de empréstimos sem intermediários, fazendo com que o superavitário e o deficitário ganhem em relação a um operação de crédito tradicional.
Esta forma é como a que contratamos junto às instituições financeiras. Esta operação é possível por meio da utilização de protocolos como o Compound e a Aave.
A DEXE é muito semelhante ao Lending, com a diferença de ser voltada a operações de trading (compra e venda de ativos no curto prazo). Além disso, por se tratar de um modelo descentralizado, ela contém duas grandes vantagens:
Seus criptoativos não serem custodiados por um terceiro e a existência de listagem de ativos mais recentes e tokens menores — o que não se vê em exchanges centralizadas.
Todavia, nem tudo são flores neste mundo de criptoativos. Há riscos que devem estar claros aos interessados em investir neste ecossistema. Um deles é a possibilidade de falhas nos protocolos, principalmente por ser ainda uma tecnologia recente.
Podemos citar como exemplo a falha ocorrida no protocolo de empréstimos descentralizados (DeFi) bZx, que gerou um prejuízo de US$ 8 milhões devido a um código falho em seus contratos autônomos.
Outro fator, não menos importante, é o tamanho do mercado que ainda está em ascenção. Aliás, este fator pode gerar duas situações:
a) volatilidade, pois quaisquer movimentações um pouco mais significativas tendem a ser facilmente percebidos pelos investidores, com grandes altas e baixas no valor de seus ativos;
b) manipulação de mercado, principalmente pelo fato de haver ainda uma grande concentração de tokens nas mãos de uns poucos investidores. Desta forma, a manipulação por parte de alguns grupos pequenos tende a ser sentida pelos pequenos investidores, que poderão sofrer prejuízos significativos.
Enfim, trata-se de um tipo de negócio que elimina intermediários e conta com a tecnologia Blockchain, ainda em fase de conhecimento e início de adesão por quem deseja obter melhores condições em operações.
Contudo, aos investidores recomenda-se ainda cuidados, pois o estudo adequado é o que tende a proporcionar um investimento mais seguro, de modo a se evitar prejuízos em decorrência de negócios mal planejados.
Sobre o autor
Alexandre Romão dos Santos é especialista em Bancário Digital no Opice Blum, Bruno e Vainzof Advogados Associados