A migração dos dados da Instituição Financeira para o cliente entregar a quem ele quiser traz uma série de novas questões, que podem ser desde ameaças a oportunidades vistas pela Instituição Financeira.
Há quatro formas essenciais de instituições consolidadas adotarem o Open Banking atualmente: exercendo o papel de Integradora, de Produtora, de Distribuidora ou de Plataforma.
Na primeira opção, a instituição é responsável pela oferta e distribuição de seus próprios produtos, normalmente através de desenvolvimento interno. Nesse caso, o banco pode alavancar APIs internamente para acelerar a oferta de novos produtos e serviços, além de melhorar a governança interna. A experiência do cliente é completamente controlada pelo banco.
O risco aqui é demorar pra lançar novos produtos e serviços, altos custos e perda do passo da inovação.
No segundo papel, de “Produtora”, a instituição atua como uma “fábrica de produtos” financeiros, e permite que outros membros do ecossistema (um terceiro ou uma fintech, por exemplo) cuidem do relacionamento com o cliente e distribuam os produtos dela.
A entidade externa (ou fintech) neste caso além de distribuir o serviço, pode se tornar um agregador distribuindo produtos que agregam dados de diferentes instituições financeiras.
E quais os Riscos neste caso? Risco de “comoditização”, pois os bancos fornecem a infraestrutura e o receio aqui está em perder o relacionamento com o cliente.
No terceiro modelo, instituições podem considerar estender sua presença digital, distribuindo serviços e produtos de terceiros, através de seus próprios canais de distribuição. Neste modelo, o banco usa insights de clientes e ativos de distribuição para vender produtos originados do ecossistema. Um exemplo bem interessante aqui é da do HSBC do reino unido, que criou uma aplicação chamada de HSBC Connected Money, que agrega dados financeiros e informações de cerca de 21 instituições financeiras diferentes.
E qual o risco neste modelo? De canibalização, quando os bancos começam a distribuir produtos que competem com as próprias ofertas existentes.
Na quarta estratégia, o banco se transforma em uma Plataforma digital, cujo objetivo é estreitar ainda mais o relacionamento com o cliente ao conectá-los a novos players. Para compreender o conceito de plataforma, basta olhar no mercado exemplos como Airbnb e Uber, que atuam como “facilitadores” entre os consumidores e os fornecedores dos serviços.
Aplicado ao mercado financeiro, esse conceito se traduz em um ambiente que facilita a troca de valor entre produtores e consumidores, um modelo que conecta bancos e fintechs e move toda uma indústria por meio de forte colaboração.
Nesse caso, grandes instituições financeiras tornam-se um verdadeiro marketplace de serviços e, como plataformas, podem oferecer uma série de novos serviços adicionais, entre eles: verificação de identidades, Know Your Customer (KYC), identificação de fraudes, entre outros. E qual o risco neste último caso? De erosão de margens, já que os clientes podem optar por novos serviços com taxas mais competitivas.
É interessante observar que as instituições financeiras podem fazer definições estratégicas e atuar em qualquer um dos modelos, ou quem sabe, adotar os quatro modelos apresentados aqui ao mesmo tempo. O importante é que cada modelo desse exige um posicionamento diferente, parcerias diferentes, critérios de escolhas diferentes, governança distinta, comunicação diferente e estrutura distinta.
Sobre o autor
Gabriel Fajngold é Head of Digital Automation & Analytics na MJV Innovation. Desenvolveu a estratégia digital de diferentes serviços, monitorando métricas e resultados para a geração e comprovação de hipóteses; e é responsável pelas campanhas de vendas e engajamento digital através de softwares de automação.