moeda de bitcoin e bandeira dos eua
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O confisco de Bitcoin pode impactar o mercado global de criptomoedas? A resposta é sim se as autoridades que os detêm resolvessem vendê-los em massa.

Partindo dessa premissa, cerca de 535.000 BTC, avaliados atualmente em US$ 33,7 bilhões (R$ 188,4 bilhões) poderiam inundar o mercado cripto se todos os governos decidissem vender seus estoques de Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo. Considerando tal oferta, qual seria o impacto no mercado?

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O levantamento realizado pelo Portal do Bitcoin se baseou em dados não oficiais, exceto do governo de El Salvador, considerando publicações de plataformas e sites especializados em cripto. O estoque de Bitcoin de governos inclui Estados Unidos, China, Reino Unido, Ucrânia, El Salvador, Butão, Venezuela, Finlândia e Geórgia, baseado em informações de sites independentes como Bitcoin Treasuries, Bitbo e Coinglass.

Isso sem mencionar que, recentemente, o governo da Alemanha liquidou seu estoque de 50.000 BTC, equivalente a US$ 3,1 bilhões (R$ 17,6 bilhões), em várias fases, realizando transferências para corretoras como Coinbase e Kraken, além de formadores de mercado como Cumberland. O governo da França, por sua vez, já se desfez de 611 BTC no passado, enquanto o da Bulgária vendeu um grande estoque de 213.518 BTC.

Portanto, considerando que dados oficiais dos governos mencionados se encontram indisponíveis, esse levantamento serve apenas para termos uma noção de quantos bitcoins poderiam inundar o mercado e qual seria o impacto em seu preço. O levantamento considerou pesquisas dos sites independentes Bitcoin Treasuries, Bitbo e Coinglass.

Portanto, como os dados oficiais dos governos mencionados estão indisponíveis, este levantamento oferece apenas uma estimativa de quantos bitcoins poderiam entrar no mercado e o impacto potencial em seu preço.

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Impacto no preço do Bitcoin

Para estimar o impacto que as vendas de Bitcoin por governos podem ter no preço da criptomoeda, utilizamos como referência as vendas mais recentes realizadas pelo governo da Alemanha, que se desfez de 50.000 BTC. Esse montante representava cercaa de 0,25% dos 19.765.721 BTC atualmente em circulação.

Conforme publicações sobre o assunto, o período em que ocorreram os eventos de venda começou em meados de junho, quando o BTC valia US$ 64.907, e terminou em meados de julho, quando no final do mês o BTC já batia a casa dos US$ 58 mil.

Dentro desse período, houve pelo menos uma queda expressiva no preço do BTC que coincidiu com os eventos de venda do governo alemão, entre os dias 5 e 9 de julho. A queda, que ocorreu no dia 7 de julho, com o BTC caindo para US$ 55.800, teve um impacto de 14% na desvalorização.

Vale lembrar que, depois que o governo da Alemanha já havia liquidado todo seu estoque de BTC, o ativo chegou a cair para US$ 49.781 em 5 de agosto. Isso indica que as vendas do governo alemão não foram necessariamente o único fator responsável pelas quedas observadas durante os meses analisados, mas sim um entre diversos fatores que influenciam o comportamento da criptomoeda.

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Considerando essa métrica e os 535.867 BTC (equivalentes a 2,71% dos BTC em circulação) mantidos por governos, o impacto no preço poderia ser ainda maior, pois um período prolongado de liquidação geraria mais FUD (medo, incerteza e dúvida) e especulação no mercado.

Embora seja improvável que isso aconteça em grande escala, tal movimento certamente causaria um abalo significativo no mercado global de criptomoedas, já que o preço do BTC historicamente serve como base para a precificação das altcoins.

Veja a estimativa de estoque de Bitcoin dos governos

Estados Unidos

Em 2024, o governo dos EUA fez diversas movimentações no seu estoque de Bitcoin. Sabe-se, porém, que desde 2014 foram realizados vários leilões de bitcoins confiscados em uma série de casos federais, civis e administrativos. Do caso Silk Road, por exemplo, 30.000 BTC foram leiloados.

Além disso, grande parte do estoque de BTC dos EUA ainda inclui ativos relacionados ao caso Silk Road, envolvendo 69.370 BTC que estão prestes a ser leiloados após uma longa disputa judicial.

Outro destaque é a apreensão de 94.000 bitcoins do hack da Bitfinex, uma das maiores já realizadas na história das criptomoedas.

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Em resumo, o Bitcoin Treasuries estima um estoque de 213.246 BTC para o governo dos EUA, enquanto a página ‘treasuries’ do site Bitbo anota 207.189 BTC. 

China

O governo da China foi um dos países que mais perseguiram os mineradores de Bitcoin, alertando sobre a atividade em vários momentos quando o setor começou a ganhar corpo. Em 2021 veio a tacada final com a proibição de corretoras e de todas as formas de mineração e pagamentos com criptomoedas. Manter Bitcoin, no entanto, nunca foi proibido.

O governo da China mantém 194 mil BTC, sendo grande parte apreendida de um esquema de pirâmide financeira chamado PlusToken que ruiu em 2020, e 7.000 ETH, dos 830.000 apreendidos, que podem estar perto de serem vendidos.

Reino Unido

Com dados de 30 de janeiro deste ano do Bitcoin Treasuries, o Reino Unido mantém 61.000 bitcoins provavelmente oriundos de um esquema de lavagem de dinheiro revelado no início deste ano. O caso teve início com a apreensão de dispositivos com criptomoedas no ano de 2018.

Investigações apontaram um modus operandi de um empregador — foragido das autoridades de Pequim na época — e um empregado para lavar dinheiro ilícito. A posse dos BTC pelo governo britânico, contudo, só foi executada em 2021.

Ucrânia

Dois dias após o início da invasão da Rússia à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o governo ucraniano passou a aceitar doações em criptomoedas. Em março daquele ano, já haviam sido arrecadados US$ 53 milhões, de acordo com informações oficiais.

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O endereço conhecido na época movimentou 651 BTC até o momento, e tem um saldo atual de ₿ 0,002 (cerca de US$ 120).

Outro endereço que recebe doações em criptomoedas baseadas na rede Ethereum possui  ETH 0,004 ETH e US$ 81 mil em vários tokens.

De acordo com o Bitcoin Treasuries, até setembro de 2022 o governo ucraniado tinha 46.351 BTC.

Butão

Os resultados da inclusão de mineração de criptomoedas pelo governo de Butão como uma forma de obter receita têm levado o pequeno país asiático ao topo do mundo quando o assunto é Bitcoin nos governos. Atualmente, a iniciativa que começou há vários anos acumula 13.119 BTC, mais que o dobro que El Salvador.

El Salvador

Em março deste ano, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, afirmou ter transferido uma “grande parte” de seu tesouro de El Salvador para uma cold wallet com o objeto de trancá-la em um cofre. Na época, a captura de tela que ele compartilhou mostrou que a carteira cripto tinha 5.689 BTC.

Em maio, o governo disponibilizou um site exclusivo, o Bitcoin Office, que informa o número de bitcoins em hold: 5.864,76 BTC, sendo 8 BTC comprados nos últimos sete dias e 30 BTC nos últimos 30.

Em meados de agosto, a empresa de análises Arkham Intelligence levantou que o governo de El Salvador possuía 5.852 BTC e que estaria comprando 1 BTC por dia. Contudo, não é possível saber quantos bitcoins ficaram de fora da primeira transferência que Bukele informou publicamente.

Finlândia

Dados do Bitcoin Treasuries apontam que o governo da Finlândia mantém 1.981 bitcoins em sua carteira cripto pelo menos até 29 de fevereiro deste ano. Há cerca de dois anos, no entanto, a Finlândia teve uma quantidade de BTC aproximada desta, de 1.889 BTC, de onde saíram doações cripto para a Ucrânia.

Venezuela

O Bitcoin Treasuries também contabiliza até 18 de janeiro de 2024 um estoque de 240 BTC sob controle do governo da Venezuela, país que chegou a lançar uma própria criptomoeda estatal, a Petro, mas que não ocupou papel significante tanto dentro ou fora do país.

Georgia

A última informação que se tem sobre a quantidade de Bitcoin mantida pela Georgia é de 66 BTC. Vale lembrar que o pequeno país da Europa Oriental cujo território foi parte da antiga União Soviética, já fez parte de um grupo de jurisdições que até bem pouco tempo proibiam, ainda que implicitamente, a mineração de criptomoedas.

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