A Polícia Civil de Boa Vista, em Roraima, registrou a ocorrência de um ataque cibernético a uma empresa de contabilidade. De acordo com o G1, os criminosos exigem US$ 1.200 em bitcoin, cerca de R$ 4.800, para liberar o sistema que foi criptografado.
“Eles criptografaram todos os nossos bancos de dados. Nossa empresa presta serviço de contabilidade pública”, explicou um funcionário, segundo a reportagem.
Ele revelou ainda que logo após o ocorrido entrou em contato com o desenvolvedor que criou o sistema e o profissional confirmou a invasão.
“Ele disse ser comum este tipo de crime no Brasil e que vem ocorrendo muito. Não temos certeza da nacionalidade de um hacker desse. De onde age. Acredito que não é de Boa Vista”, afirmou o funcionário.
Os hackers sabem muito bem que a maioria das pessoas não conhecem praticamente nada ainda sobre o mercado de criptomoedas, como transferir um criptoativo, por exemplo.
Por isso, os invasores elaboraram um texto com perguntas e respostas e deixaram o método a ser adotado para a recuperação dos arquivos mediante o pagamento de ‘resgate’.
Ele deixaram as seguintes mensagens, em inglês e espanhol, assim traduzidas: “Nós sentimos, mas seus arquivos foram criptografados”; “Não se preocupe, podemos ajudar a recuperar todos os seus arquivos”.
Junto, um cronômetro do tempo para pagamento dos bitcoins. O funcionário nada pode fazer a não ser procurar a polícia.
“Ao longo de dez anos fomos juntando nossos arquivos. Cada ano, fazemos um banco de dados. Quando ocorreu isso, a nossa base ficou corrompida”, completou o colaborador da empresa.
Os cibercriminosos fixaram o prazo de ‘1dia:23h:53:39’ para pagamento. Caso não fosse cumprido, o valor dobraria. O funcionário, segundo o G1, disse que será feito uma perícia no sistema contábil nos equipamentos comprometidos.
Ataques como este são frequentes
Ransomwares, programas maliciosos geralmente usados nestes tipos de invasão, tornaram-se mais frequentes com a popularização das criptomoedas por permitirem envio anônimo de valores, como pagamento de resgates.
No final do mês passado, o sistema de logística do porto de San Diego, na Califórnia, sofreu o mesmo ataque e o sistema de registro de cargas, bem como o de autorização para novas chegadas foram afetados.
De acordo com as autoridades, também foram recebidas mensagens exigindo pagamento em Bitcoin para que o sistema voltasse ao normal. No entanto, a administração do Porto negou que iria colaborar com os criminosos.
Em agosto, um hacker invadiu o sistema do hospital da Santa Casa do Pirajuí, no interior de São Paulo. A instituição se recusou a pagar pelo resgate e acabou perdendo vários dados clínicos sobre os pacientes. Até programas usados em procedimentos médicos tiveram de ser reinstalados.
Na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, um ataque semelhante invadiu todo o sistema de computadores da região e os cibercriminosos exigiram o pagamento de US$ 51 milhões em bitcoins. Como as autoridades da cidade se recusaram a pagar, diversas empresas e indivíduos perderam grande parte de seus documentos e arquivos.
Não é de agora
Em 2017, o ransomware ‘Petya’ invadiu mais de 100 mil computadores em todo o mundo, impedindo o acesso a contas e arquivos pessoais e de trabalho.
Muitos acabaram pagando os bitcoins esperando retomar o controle de seus dados, nem sempre com sucesso. O Petya usou técnicas de hacking desenvolvidas pela Agência de Inteligência dos Estados Unidos (NSA) para fazer o ataque.
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