O banco do desenvolvimento de El Salvador, o BANDESAL, recusou-se a fornecer informações sobre as controversas compras de Bitcoin do governo, de acordo com revelações de um órgão anticorrupção do país feitas no domingo (30).
O banco do desenvolvimento de El Salvador, o BANDESAL, recusou-se a fornecer informações sobre as controversas compras de Bitcoin do governo, de acordo com revelações de um órgão anticorrupção do país feitas no domingo (30).
Em um tweet no final de semana, o Centro de Aconselhamento Jurídico Anticorrupção de El Salvador (ALAC), que fornece assistência jurídica aos cidadãos para se manifestarem contra a corrupção, divulgou um documento do banco. No documento, a BANDESAL diz que não pode revelar as informações, que classificou como “confidenciais”.
El pasado mes de septiembre @BANDESAL denegó por segunda vez entregar información sobre la compra y venta de Bitcoin por parte del gobierno salvadoreño, alegando reserva y contrariando el principio de máxima publicidad y proporcionalidad. Más información: https://t.co/J2bYYYIgMC pic.twitter.com/IU1738TJ9J
— ALAC El Salvador (@ALAC_SV) October 31, 2022
O BANDESAL é responsável pela gestão dos fundos utilizados pelo governo salvadorenho para os seus projetos de Bitcoin. O pequeno país da América Central no ano passado se tornou a primeira nação do mundo a adotar a criptomoeda como moeda legal.
A ALAC criticou o BANDESAL pelo sigilo. “A confidencialidade limita a possibilidade de os cidadãos acessarem e receberem informações sobre as operações realizadas com fundos públicos pelo BANDESAL”, escreveu a entidade no Twitter.
A porta-voz do governo de El Salvador não respondeu aos pedidos de observações do Decrypt.
Além de transformar o Bitcoin na moeda local do país, obrigando as empresas a aceitar o ativo, o governo salvadorenho também lançou uma carteira cripto patrocinada pelo estado e deu a seus cidadãos US$ 30 no valor da moeda para gastar.
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Os caixas eletrônicos Bitcoin estão espalhados pela capital São Salvador e os mochileiros podem transacionar livremente seus sats em muitos dos pequenos pontos de surf do país, segundo o Decrypt. A ideia era deixar salvadorenhos—e turistas—tão entusiasmados com o Bitcoin quanto o presidente millennial do país, Nayib Bukele.
O próprio Bukele comprou lotes de Bitcoin através do seu telefone. Na verdade, a única informação que alguém tem sobre as compras de El Salvador vem através dos anúncios do líder no Twitter (ele tuíta sempre que faz uma compra de criptomoedas).
El Salvador bought today 80 #BTC at $19,000 each!#Bitcoin is the future!
— Nayib Bukele (@nayibbukele) July 1, 2022
Thank you for selling cheap 😉 pic.twitter.com/ZHwr0Ln1Ze
Ele gastou US$ 107 milhões em Bitcoin, segundo dados do site Nayib Tracker. E a queda mais recente do mercado cripto gerou uma variação negativa de US$ 58 milhões para o presidente.
O governo dos EUA disse este ano que a lei Bitcoin do Presidente Bukele “representava riscos” para o sistema financeiro americano. E o FMI, o Banco Mundial e o JPMorgan também disseram que a medida era uma má notícia.
Um empresário que pediu para não ser identificado descreveu a situação como “insanidade.”
“Mesmo o BANDESAL não sabe como o Presidente investiu o dinheiro”, disse ele ao Decrypt. “Os investimentos em Bitcoin são geridos por ele a partir do seu smartphone.”
Mas, apesar das críticas, o Presidente Bukele continua popular: uma pesquisa da CID Gallup divulgada no início deste mês mostrou o líder com os mais altos índices de aprovação da América Latina.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.