Ao mesmo tempo em que países e bancos centrais lutam com níveis recordes de inflação, o Ethereum (ETH) enfrenta um dilema inverso.
Desde o último sábado (8), a oferta de ETH caiu em mais de 4 mil tokens, de acordo com dados do ultrasound.money. No entanto, não houve nenhum aumento correspondente de preço. O preço do ETH, apesar de uma oferta reduzida, caiu cerca de 3,6% no mesmo período, para aproximadamente US$ 1.307.
A virada marca a primeira corrida deflacionária—onde mais ETH é destruído do que criado—desde a Fusão, a mudança histórica da rede Ethereum para o modelo de consenso proof of stake (PoS) em setembro.
Todas as transações da Ethereum exigem as chamadas taxas de gas, que aumentam a segurança da rede, evitando que ela seja sobrecarregada com solicitações maliciosas. Quanto maior o tráfego na Ethereum em um determinado momento, mais altas as taxas ficarão.
As taxas de gas são embolsadas pelos validadores que processam todas as transações ETH. Desde a estreia de uma atualização de rede chamada EP-1559 em agosto, no entanto, uma parte de cada taxa de gas também foi destruída, para automatizar os preços das transações e limitar o fornecimento de ETH.
A partir de sábado, o custo e o volume das taxas começaram a queimar mais ETH do que estava sendo criado simultaneamente por meio de staking—o processo pós-Fusão pelo qual o token agora é gerado. Desde então, a quantidade total da criptomoeda em circulação caiu em 4.001 ETHs e segue caindo, com a taxa de queima ainda superando a taxa de criação.
Aumento nas taxas de gas do Ethereum
As taxas médias de gas na rede têm entretanto disparado 218% desde sexta-feira, para um nível atual de 35 gwei, e não mostram sinais de diminuição.
A fonte do aumento irregular do tráfego Ethereum—e, portanto, do aumento das taxas de gas—que levou à deflação do ETH parece ser um novo projeto de token chamado Xen Crypto. As transações de criptografia XEN representam 40% de todo o gas usado em toda a rede nas últimas 24 horas, de acordo com dados de etherscan.io.
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XEN, uma criptomoeda criada pelo antigo engenheiro do Google e influenciador de criptografia Jack Levin, é definida como uma “criptomoeda universal” com “nenhum valor intrínseco” que acumulará valor “à medida que mais e mais pessoas se juntarem e participarem da mintagem.”
O token, que estreou neste fim de semana, começou sem oferta, mas livre para ser mintado (os usuários só tinham que pagar taxas de gas ETH para gerar tokens XEN).
Na manhã de domingo, o preço do token disparou de uma fração de centavo para US$ 1,04. Em cinco minutos, caiu para pouco menos de um centavo, antes de desabar novamente para uma fração quase zero de um centavo, onde o valor do token permanece desde então.
Nas últimas 24 horas, os usuários que mintam Xen pagaram quase US$ 2 milhões em taxas de gas para gerar o token novo e agora funcionalmente inútil.
No Twitter, muita gente logo começou a rotular o lançamento do token como um esquema Ponzi.
30% of net ETH issued gone in the past few days mostly thanks to XEN.
— mhonkasalo (@mhonkasalo) October 10, 2022
Lessons:
– A few clever ponzi schemes & there's no ETH left.
– If you burn ETH supply, holders are much slower to criticize. pic.twitter.com/DrxOg0bTwS
O paper do projeto XEN critica especificamente os tokens que incentivam o “pump and dump” (um tipo comum de golpe no universo cripto) e alega que a lógica econômica do token XEN resolverá esse problema. Como nenhum suprimento pré-existente de XEN foi inicialmente distribuído aos criadores do token, argumenta o paper, ele opera em um “sistema justo.”
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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