Uma perspectiva menor de cortes de juros nos EUA em 2023 tira força dos mercados de criptomoedas e de ações nesta quinta-feira (18). Nas últimas 24 horas, o Bitcoin (BTC) opera em queda de 1,6%, cotado a US$ 23.470,07, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) recua 2,8%, negociado a US$ 1.848,86.
No Brasil, o Bitcoin cai 1,1%, cotado a R$ 121.741,95, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As principais altcoins também mostram perdas, como Binance Coin (-2,6%), XRP (-1,1%), Cardano (-3,4%), Solana (-5,5%), Dogecoin (-3,9%), Polkadot (-4,4%), Shiba Inu (-5,9%) e Alavanche (-5,6%).
O token nativo do blockchain Optimism chegou a cair 10% na quarta-feira (17), na esteira de rumores no Twitter de que a carteira da rede havia sido hackeada. A equipe da Optimism desmentiu qualquer invasão.
Já no Brasil, um grupo de investidores vítimas de golpe com Bitcoin busca o ressarcimento de R$ 7 bilhões da Atlas Quantum, conforme ação civil pública proposta pelo IPGE (Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo), informou a Folha.
A empresa foi liderada pelo empresário Rodrigo Marques e prometia rendimentos de 5% ao mês com arbitragem de bitcoin. O negócio ruiu em 2019, lesando vários clientes, após o sumiço de 15 mil bitcoins.
Bitcoin hoje
A ata do banco central dos EUA divulgada na quarta revelou que as autoridades debateram a a necessidade de, em algum momento, diminuir o ritmo de aumentos dos juros, já que um aperto monetário excessivo poderia prejudicar a economia. Mas os diretores do Federal Reserve também sinalizaram o risco de que as pressões inflacionárias se tornem arraigadas.
Apesar da possibilidade de que o ciclo de aperto nos EUA seja mais suave, com uma elevação das taxas de 0,5 ponto percentual em setembro, as bolsas americanas fecharam a sessão em baixa, enquanto as maiores criptomoedas caíam pelo quarto dia, diante da visão de que será difícil ver um corte dos juros no país já em 2023. O mau humor segue nesta quinta, com os índices futuros apontando uma abertura no vermelho.
A ata também revelou que as autoridades do Fed estão preocupadas com o possível impacto das stablecoins na estabilidade financeira e, por isso, recomendaram uma maior vigilância e regulação de empresas relacionadas à indústria cripto, destacou o CoinDesk.
Fusão do Ethereum
O Ethereum, que nas últimas semanas foi impulsionado pela expectativa da atualização de sua blockchain, eliminou os ganhos em sete dias. David Kroger, cientista de dados digitais da Cowen Digital, contou à Bloomberg que players institucionais já se posicionaram para a chamada “Fusão” da rede.
“Instituições vêm nos perguntando sobre a Fusão, além dos detalhes técnicos e probabilidades associadas a isso, há vários meses”, disse Kroger. Ele acrescentou que alguns players decidiram realizar lucro com o rali em vez de manter o ativo, o que pode ser a causa da queda recente.
A Fusão, prevista entre os dias 15 e 16 de setembro, vai demorar para trazer alguns benefícios, como taxas mais baratas e transações mais rápidas. “A Fusão é uma mudança de mecanismo de consenso, não uma expansão da capacidade da rede, e não resultará em taxas de gas (de transações) mais baixas”, segundo publicação da Ethereum Foundation.
Após a atualização, a rede Ethereum irá migrar para o sistema de consenso “proof of stake” (PoS), ou prova de participação, considerado mais eficiente em termos energéticos.
Atualmente, a blockchain utiliza o sistema “proof of work” (PoW), ou prova de trabalho, que consome mais energia. Na terça-feira (16), outra corretora informou que vai apoiar mineradores “rebeldes” que querem seguir com o mecanismo atual. A Bitrue, de Singapura, disse que pretende listar o token ETHPoW, que surgiria após a bifurcação da rede.
Fusão e staking
Especialistas em blockchain estão cada vez mais preocupados com o impacto da regulamentação sobre a operação da Ethereum e de seu mecanismo PoS depois da atualização, de acordo com o Decrypt.
O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, respondeu a um cenário hipotético no Twitter na quarta-feira (17). Segundo ele, no caso de ameaças regulatórias, a Coinbase, maior corretora cripto dos EUA, poderia encerrar sua oferta de “staking” (um serviço de renda passiva) de Ethereum para preservar a integridade da blockchain.
‘Insider trading’
Já na mira de reguladores por suposta negociação de tokens não registrados e com um ex-gerente acusado de usar informações privilegiadas, a Coinbase pode ter um problema sério com o chamado “insider trading”, segundo estudo da Universidade de Tecnologia de Sydney.
Três pesquisadores afirmam que o uso de informações privilegiadas é “sistêmico” no setor de criptomoedas e estimam que tal atividade ocorreu em até 25% das listagens da Coinbase nos últimos quatro anos.
Uma fonte com conhecimento de práticas de negociação disse ao Decrypt que o estudo tira conclusões precipitadas sem oferecer evidências claras. Em e-mail, um porta-voz da Coinbase afirmou que a corretora leva alegações sobre uso de informações privilegiadas a sério e que tem “zero tolerância para comportamento ilegal”.
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Destaques das criptomoedas
A corretora de criptomoedas Genesis Trading anunciou na quarta-feira (17) que o CEO da empresa, Michael Moro, deixará imediatamente o cargo. Derar Islim, diretor de operações da Genesis, assumirá o posto de diretor-presidente interino enquanto a corretora busca um substituto permanente.
A Genesis também vai demitir 20% da equipe de 260 pessoas para reduzir custos, de acordo com a Bloomberg. A exchange é controlada pelo Digital Currency Group (DCG), que também é dono do portal CoinDesk.
A CDPQ, uma das maiores gestoras de fundos de pensão do Canadá, registrou perdas contábeis de US$ 150 milhões relativas ao investimento na plataforma de crédito cripto Celsius Network, que pediu recuperação judicial. “Sabíamos que havia desafios [em relação a criptoativos], mas talvez tenhamos subestimado esses desafios”, disse Charles Edmond, CEO da Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ).
No Brasil, corretoras de criptomoedas globais, fintechs e bancos se apressam em ganhar uma fatia do setor de criptoativos.
Fabricio Tota, diretor do MB, destacou ao Money Times que o diferencial das corretoras cripto em relação aos bancos é o acesso direto aos criptoativos. As plataformas de instituições bancárias ainda não possuem a funcionalidade de sacar ou depositar em moedas digitais. São concorrentes indiretos, diz, “ainda que ofereçam essa versão sem sal do universo cripto”.
José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, também vê a impossibilidade de saques nas plataformas de bancos como uma desvantagem. “O preço das criptomoedas nestas plataformas também costuma ser maior, por causa do ‘spread’ [diferença] que, muito provavelmente, as próprias plataformas determinam. Via de regra, o preço tende a ser mais alto do que nas corretoras”, afirmou ao Money Times.
Reinaldo Rabelo, CEO do MB, disse em entrevista à CyberGhostque, diante da competição cada vez mais acirrada, a diversidade de produtos e serviços oferecidos pela 2TM, controladora da exchange cripto, permite “capturar crescimento em diferentes mercados”.
Para o executivo, em cinco anos, as barreiras entre os mercados tradicionais e cripto desaparecerão, o que abre caminho para que a 2TM atue em âmbito mundial: “A partir deste ano, a 2TM planeja se tornar um player regional com presença no México, Colômbia, Chile e Argentina. Assim que consolidarmos nossa posição nesse mercado nos próximos dois anos, nosso objetivo é nos tornarmos um player global.”
Venture capital
A gestora Fuse Capital deu início à captação para seu segundo fundo, o Fuse Capital Fund II, que terá como tese central investir em startups inovadoras em Web3, segundo o Valor Investe.
A Kaszek Ventures vê oportunidades crescentes para investir no ecossistema de ativos digitais na América Latina, disse Hernan Kazah, diretor-gerente e cofundador da empresa, em entrevista ao The Block. Sem revelar o valor, a Kaszek investiu recentemente em uma empresa de soluções bancárias cripto e finanças descentralizadas (DeFi), cujo nome não foi revelado, e está de olho em mais investimentos no setor.
Em pleno inverno cripto, a empresa de investimentos em Web3 CoinFund levantou um fundo de US$ 300 milhões. O novo fundo é apoiado por investidores institucionais, family offices e fundadores de empresas cripto, informou a empresa em comunicado na quarta-feira (17).
Regulação e CBDCs
O projeto de lei que regulamenta o mercado de criptoativos no Brasil é acompanhado de perto pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). A entidade defende segregação de ativos de clientes e exigência de CNPJ para estrangeiras, de acordo com o Valor. “Lutamos para que esses pontos permaneçam no PL. O projeto pode até ser aprovado, mas com essas questões aprovadas e ocorrendo”, disse Renata Mancini, presidente da ABCripto.
Na Colômbia, o governo planeja criar uma moeda digital estatal como parte de um conjunto de medidas para combater a sonegação de impostos. Em entrevista recente ao site Semana, o diretor da Receita Federal da Colômbia (DIAN), Luis Carlos Reyes, disse que a evasão fiscal no país é estimada entre 6% e 8% do PIB. Reys afirmou que, com a criação de uma moeda digital, as movimentações em dinheiro de um determinado valor seriam registradas no meio eletrônico, o que dificultaria a evasão.
Na União Europeia, bancos expostos a criptomoedas como o Bitcoin poderiam ser obrigados a atender limites e exigências de capital pesadas sob propostas de emendas a uma lei de serviços financeiros publicada na quarta-feira (17).
A Coreia do Sul planeja bloquear o acesso a exchanges cripto estrangeiras ao mercado doméstico que não possuam o registro adequado para operar no país e pode iniciar uma investigação sobre essas empresas, de acordo com comunicado.
Cibersegurança
Autoridades holandesas disseram na quarta-feira (17) à entidade sem fins lucrativos DeFi Education Fund que “pode ser algo punível” se um desenvolvedor escrever código “com o único propósito de cometer atos criminosos”. Essa é a visão do Serviço de Informação e Investigação Fiscal dos Países Baixos, que na semana passada prendeu em Amsterdã um desenvolvedor do serviço de mixagem de criptomoedas Tornado Cash, sancionado pelo Tesouro dos EUA por supostas conexões com lavagem de dinheiro por meio da plataforma.
Denis Mihaqlovic Dubnikov, um russo de 29 anos acusado de lavar pagamentos obtidos com ataques de ransomware, foi extraditado dos Países Baixos para os EUA, informou a Bloomberg. Dubnikov teria atuado em nome de gangues cibernéticas que invadiram sistemas de hospitais e prestadores de serviços de saúde.
Metaverso, Games e NFTs
A Satiko, influenciadora virtual de Sabrina Sato, anunciou a inauguração de uma unidade da franquia Peixe ao Cubo, que tem a apresentadora como investidora, na plataforma imersiva Cidade Alta, conforme a Forbes.
A BitWallet, uma empresa de criptomoedas com sede em Houston, firmou uma parceria exclusiva para se tornar a “wallet” oficial do Houston Texans, time de futebol americano da NFL. Por meio do acordo anunciado no site do time, torcedores terão a oportunidade de comprar ingressos para os camarotes com criptomoedas, usando a BitWallet como intermediária.