Imagem da matéria: “Ninguém pode garantir” que stablecoins serão trocadas por dólares, diz Janet Yellen
(Foto: Shutterstock)

A opinião de Janet Yellen, secretária do Tesouro Americano, em relação às criptomoedas parece ter se tornado um pouco menos crítica recentemente, mas ainda há bastante ceticismo em sua visão sobre ativos digitais, como ela demonstrou durante discurso à American University nesta quinta-feira (14).

Yellen apresentou os planos de reguladores federais para lidar com a possibilidade da confiança reduzida em intermediários centralizados, como bancos e empresas de cartão de crédito. Ela também reiterou suas preocupações referentes a stablecoins.

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“Grande parte dos emissores afirma que suas moedas possuem lastro com ativos tradicionais, que são seguros e líquidos. Dessa forma, quando você quiser trocar sua stablecoin por dólares, a empresa tem o dinheiro para fazer o câmbio”, disse. “Neste momento, ninguém pode garantir que isso irá acontecer.”

Yellen sempre foi contrária às stablecoins.

Em julho de 2021, ela insistiu que reguladores “agissem rapidamente para garantir que exista uma adequada estrutura regulatória nos EUA” para stablecoins.

Em outubro, o Departamento do Tesouro (ou DOJ, na sigla em inglês) indicou que permitiria que a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (ou SEC) tomasse a liderança na regulação de stablecoins, como tether (USDT) e USD Coin (USDC).

Em janeiro, o Federal Reserve havia publicado um relatório alegando que ainda estava estudando a possibilidade de emitir uma moeda digital de banco central (ou CBDC).

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CBDCs são versões digitais da moeda fiat de um país que podem ser usadas como moeda corrente, como o yuan digital (e-CNY) da China, os sand dollars (B$) das Bahamas e a eNaira da Nigéria. Diferente de criptomoedas descentralizadas, como o bitcoin (BTC) ou ether (ETH), CBDCs são lastreadas pelo banco central de um país.

Yellen afirmou que reguladores americanos ainda estão considerando os benefícios das CBDCs, acrescentando que o Tesouro irá trabalhar em conjunto com a Casa Branca e outras agências para elaborar relatórios sobre criptomoedas nos próximos seis meses.

Já existe certa resistência de legisladores que afirmam que CBDCs podem apresentar muitos riscos à privacidade.

Em janeiro, o deputado americano Tom Emmer tentou proibir que os EUA emitissem sua própria CBDC, alegando que, se usuários tivessem de abrir uma conta no Fed para ter acesso à criptomoeda, colocaria o “Fed em um caminho traiçoeiro, similar ao autoritarismo digital da China”.

Em março, o senador Ted Cruz reiterou as preocupações de Emmer em seu próprio projeto de lei, a fim de proibir o Federal Reserve de emitir uma CBDC diretamente aos cidadãos.

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“Esse modelo de CBDC não iria apenas centralizar as informações financeiras de americanos, deixando-as vulneráveis a ataques, como também seria usado como uma ferramenta direta de supervisão às transações privadas de americanos”, afirmou Cruz em um comunicado de imprensa.

Os planos do governo também incluem o avanço do FedNow, um sistema de pagamentos instantâneos sob o Federal Reserve que está em andamento desde 2019.

Grande parte dos comentários de Yellen refletem a ordem executiva assinada, em março, pelo presidente Joe Biden, afirmando que o Tesouro visa proteger consumidores, promover a estabilidade, mitigar riscos e promover o acesso igualitário a serviços financeiros.

Porém, Yellen continua incerta se pagamentos digitais vão criar um sistema de pagamentos mais eficiente que diminua o custo para todos os participantes.

“Pessoalmente, acho que é cedo demais para dizer. Questões, como custos de processamento e barreiras tecnológicas de acesso, vão precisar ser contornadas.”

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Ela também alega que o preço volátil do bitcoin e de outras criptomoedas inibiu seu uso disseminado para coisas simples, como comprar um litro de leite. Yellen passou bastante tempo descrevendo os problemas do atual sistema financeiro.

“Para grande parte dos americanos, muitas transações demoram tempo demais para serem processadas”, disse. “Uma combinação de fatores tecnológicos e incentivos comerciais produzem uma experiência comum e frustrante enfrentada por dezenas de milhões de americanos.”

Há anos, o governo americano está sob pressão para emitir orientações regulatórias sobre criptomoedas e a tecnologia blockchain. Yellen reconheceu o perigo de atrasar ainda mais a regulação, mencionando os eventos que resultaram na Grande Recessão de 2008.

“Quando a regulamentação falhar em manter o ritmo da inovação, pessoas vulneráveis serão as que mais vão sofrer”, explicou Yellen. “Essa é uma lição dolorosa que aprendemos durante a Crise Financeira Global.”

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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