Se existe algo que tenho aprendido em anos trabalhando no mercado financeiro, é que quase sempre que o governo toma qualquer ação, ele faz pensando em seu próprio crescimento e benefício.
Ele não se interessa em cumprir um papel social em prol do povo. Com raríssimas exceções, grupos políticos apenas criam condições e argumentos para se perpetuar no poder.
Tendo ciência disso, me assusta ver muitas pessoas influentes e de grande reputação no mercado cripto se posicionarem favoráveis a um real digital.
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Ninguém perde meu respeito e consideração por apoiar o real digital, mas penso que quem está animado com esta tecnologia se encontra em um desses dois grupos:
- Pessoas ou empresas próximas do governo (ou que desejam uma maior aproximação para conquistar benefícios). A esses costumo chamar de amigos do rei.
- Aqueles que não sabem muito bem o que está por trás do real digital. Assim, pecam pela falta de conhecimento sobre o tema.
Se você é um amigo do rei, tudo bem. Não tenho muitos argumentos para você.
Caso você ainda não tenha informações o suficiente, este texto é para ti. E, claro, se você é um cético ou contrário ao real digital, pode entrar que a casa é sua!
Os perigos da Tecnologia do Real Digital
Eu já ouvi inúmeras vezes que o real digital “é bom porque ele é construído da mesma forma que o Ethereum” ou que é uma “forma do governo começar a se inserir no mercado de criptomoedas”.
Isso me dá arrepios…
O real digital usou a linguagem de programação e o modelo de tokens do Ethereum como base para criar sua aberração financeira. Mas é só uma base mesmo… Isso não significa que seja uma criptomoeda, no sentido que a maior parte de nós esperaria.
A solução utilizada pelo governo foi a Hyperledger Besu, que nem ao menos pode ser chamada de blockchain. Está mais para uma rede permissionada, nada descentralizada.
E se uma criptomoeda precisasse de um Banco Central, pode ter certeza que Satoshi Nakamoto teria codificado um para o Bitcoin. Se não tem, não precisa.
E pior, a existência de um órgão controlador seria uma das principais ameaças ao futuro do Bitcoin. Você duvida disso?
Então, quando alguém vier com a narrativa de que a Tecnologia do Real Digital é parecida com a do Ethereum ou Bitcoin, não acredite. O governo e seus amigos vão tentar vender pirita como se fosse ouro.
Os perigos da Filosofia do Real Digital
Imagine, novamente, que houvesse um “Bitcoin” sob a responsabilidade de um Banco Central. E que esse banco ou os que fossem permissionados pudessem criar novas moedas, congelar contas, queimar moedas, tirar Bitcoins na sua conta, aumentar o saldo das contas deles…
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Você usaria esse formato de BTC? Pois é. Esse é o Real Digital.
O governo vai ter o poder de fazer tudo isso com a moedinha de brinquedo que vão criar. O problema é que só ele pode brincar com ela… A regra do jogo está com ele. Na verdade, o governo é o único dono do jogo.
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Você confia em políticos? Você confia em qualquer pessoa com excesso de poder nas mãos?
Então por que você confia que uma moeda que pode ser criada, destruída, congelada e transferida através de um comando humano vai funcionar? No final de contas, quem manda e desmanda nesse sistema não são aqueles que estão no topo do poder?
Talvez você esteja pensando que eu seja paranoico ou radical demais, afinal o governo precisa ter meios de “cuidar de transações fraudulentas ou de gente mal intencionada.”
Mas quem cuida de nós caso o mesmo governo um dia tenha ações nem tão bem intencionadas assim?
Acredito que, hoje, as chances de que o governo use as ferramentas de controle ocultas no código do Real Digital para nos prejudicar sejam pequenas. Mas prefiro não correr riscos, mesmo pequenos.
Você entraria em um tanque com 100 cobras, sabendo que só uma é venenosa e mortífera? Não sei sobre você, mas prefiro ficar fora do tanque e ter 0% de chances de me dar mal. E o mesmo se aplica ao que penso sobre o real digital.
E vai saber… com o tempo, o ”tanque de cobras” do real digital pode receber mais e mais animais peçonhentos. E é o que tende a acontecer com os anos.
Eu poderia passar o dia criticando o Real Digital. Mas deixo aqui meus questionamentos iniciais. Afinal, este é apenas um artigo, não um livro.
Para terminar, te convido a confiar no único dinheiro real e digital: o Bitcoin.
BTC é dinheiro de verdade. O resto é só conversa fiada.
Sobre o autor
Fabrício Santos possui MBA em Engenharia Econômica, é Product Manager e atua como Coordenador de Educação da Criptomaníacos, contribuindo no setor de conteúdo, produto e pesquisa da empresa desde 2019.
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