Imagem da matéria: Versobot: atores do SBT promovem robô trader acusado de pirâmide financeira
Atores do SBT foram contratados para divulgar esquema do Versobot (Foto: Reprodução/Instagram)

As subcelebridades que compõem o elenco do programa de humor A Praça é Nossa, do SBT, estão sendo pagas para promover o Versobot, um esquema que promete gerar rendimentos automáticos aos investidores a cada 8 horas. O lucro vem de um suposto bot de arbitragem capaz de gerar um retorno de 2% ao dia sobre o capital investido.

Nas últimas semanas, as promessas de lucro fácil do Versobot circularam nos perfis de Instagram de pelo menos oito atores do SBT e os vídeos foram republicados no Instagram da empresa.

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“A arbitragem é a única operação financeira que sempre dá benefícios positivos para investidores. Agora, chegou ao Brasil a Versobot, única ferramenta de arbitragem automática do mundo. Quer fazer parte do mercado financeiro recebendo ganhos automáticos a cada 8 horas? Crie agora mesmo a sua conta na Versobot”, diz sorridente em frente a câmara a atriz e humorista Juliana Barbosa.

O mesmo texto foi repetido no stories de outros contratados do SBT, como Buiú, um ator que desde criança participa do A Praça é Nossa, e Marcio Amaral, cujo personagem no programa é o típico malandro brasileiro, conhecido pelo bordão “vai que cola”. O mágico Ossamá Sato também repetiu o texto no seu vídeo, acrescentando um trocadilho com sua profissão para falar dos supostos lucros gerados pelo esquema: “Isso não é mágica, isso é Versobot”.

A maioria dos atores gravaram dois vídeos para promover o Versobot, um para promover os serviços de arbitragem e outro para divulgar um evento de lançamento da empresa que aconteceu no início de junho, em São Paulo.

“Estou aqui para chamar vocês para um evento incrível de empreendedorismo que vai acontecer no dia 2, 3 e 4 de junho no hotel Transamérica, com o escritor do best seller “Mente Bilionária”, T. Harv Eker, e também com o coach Aldo Toledo. Garanta seu ingresso, bora lá que vai ser demais”, a atriz Milene Pavorô fez o convite a seus 1,6 milhão de seguidores no Instagram.

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Os atores do SBT foram procurados para comentar a relação com a Versobot, mas não responderam até o fechamento desta reportagem.

O novo esquema de um piramideiro em série

Embora as buscas na internet por Versobot retornem poucos resultados, o mesmo não pode ser dito de Aldo Toledo, o venezuelano por trás disso tudo. Ele se tornou uma figura conhecida por promover esquemas de pirâmide com criptomoedas por anos na América Latina. 

Há indícios de que o Toledo já promoveu pelo menos oito esquemas de pirâmide antes de criar a Versobot. O blog Behind MLM, que expõem pirâmides financeiras, aponta que Toledo já se envolveu com os esquemas da GetEasy (2014), iGetMania (2015), Go2Up (2015), ZyouCoin (2017), GladiaCoin (2017) e Quantium (2022). Buscas do Portal do Bitcoin encontrou a relação de Toledo com as pirâmides Monarch (2022) e OneCoin (2015).

Entre os golpes pelos quais teve passagem, OneCoin é o mais notório. Trata-se da pirâmide financeira criada pela “Rainha das Criptomoedas”, como ficou conhecida a búlgara Ruja Ignatova, procurada pelo FBI após desaparecer com US$ 5 bilhões de investidores em 2017.

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Imagens ainda salvas na página no Facebook de Aldo Toledo mostram ele promovendo a OneCoin em diversos eventos na Bolívia. No Brasil, ele chegou a sair na capa — provavelmente paga — da revista Nova Imagem para promover a expansão da OneCoin no país.

Aldo Toledo (centro da imagem, segurando microfone) promovendo a OneCoin na Bolívia em agosto de 2016 (Foto: Reprodução/Facebook)

A revista conta como Toledo, que trabalhava como engenheiro elétrico na Venezuela, precisou deixar o país em meio a crise econômica. “Sem dinheiro, sem família e sem amigos”, ele decidiu se “apegar a Deus e orar por uma solução”, até que conheceu o marketing multinível por meio de Chirstian Steinkeller, na época, um dos principais divulgadores da OneCoin. 

Aldo Toledo na revista Nova Imagem promovendo a OneCoin no Brasil (Foto: Reprodução/Facebook)

Aldo, junto com o brasileiro Edjavan Leandro, foi responsável por trazer a OneCoin no Brasil em 2015, fazendo eventos em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Na época, Aldo disse que “o povo brasileio precisava encontrar uma empresa séria e durável para concentrar seus esforços e alcançar um grande sucesso”. 

Os brasileiros que seguiram seus conselhos, no entanto, encontraram apenas prejuízo. A OneCoin não passava de um mega esquema de pirâmide financeira cujos líderes até hoje são procurados mundo afora.

OneCoin não foi o único esquema em que o venezuelano se envolveu. O blog Behind MLM aponta que Aldo já se envolveu também na GetEasy, bem como os dois esquemas derivados,iGetMania e Go2Up

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A GetEasy era um esquema ponzi baseado em marketing multinível que em 2014 prometia pagar retornos de até 300% com seus pacotes de investimento, espalhados principalmente na Europa e em países de língua portuguesa como Portugal, Brasil e Macau.

O Banco Central de Portugal emitiu um alerta contra a empresa, que passou a ser investigada pelas autoridades do país por enganar mais 300 mil pessoas nas regiões onde operava.

Outro esquema de destaque promovido por Aldo Toledo foi o GladiaCoin, que em 2017 prometia dobrar o bitcoin dos investidores em até 90 dias. 

Em 2022, Toledo voltou a promover outras empresas suspeitas de pirâmide financeira. Em junho do ano passado, divulgou a Monarch no seu canal de YouTube, um esquema que vendia pacotes de investimentos criado na Estônia por Kent Kruusmaa, também um ex-promovedor da OneCoin.

Em outubro de 2022, foi a vez de Toledo criar seu próprio esquema chamado Quantium, que, por meio de bots de arbitragem, prometia gerar US$ 1 mil por semana para investidores. O esquema, no entanto, parece ter sido deixado de lado com a criação do Versobot, que faz as mesmas promessas de lucros irreais.

Aldo Toledo se apresenta como CEO da Quanticon em material de divulgação (Foto: Reprodução/MLMBehind)

As suspeitas em torno da Versobot 

Em um material de divulgação que a Versobot usa para convencer brasileiros a investir no esquema, há indícios de que a empresa pode estar mascarando uma pirâmide financeira. A Versobot garante, por exemplo, ser capaz de gerar lucros de até 2% ao dia sobre o capital investido, sem em momento algum deixar claro a forma como opera.

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O material se esquiva dizendo que a Versobot é uma “plataforma de arbitragem automatizada e descentralizada” que trabalha com por meio da sua própria “inteligência artificial”.

O investidor interessado no serviço deve criar uma conta na plataforma privada da Versobot e depositar Bitcoin. Assim que entra na plataforma, o investidor automaticamente também se torna um consultor que pode “construir uma carteira de clientes e participar de um incrível plano de carreira”. 

No material, a Versobot até faz uma lista de pessoas que o investidor pode indicar o esquema, como “familiares e amigos, amigos de amigos, vizinhos e colegas de trabalho e estudo”.

Quanto mais pessoas são atraídas ao esquema, mais alto o usuário avança na pirâmide nas categorias do chamado “programa de qualificação”, que repassa bônus através de pontos. Por exemplo, o consultor na base da pirâmide, da classificação “bronze”, ganha 0,05 pontos ao indicar cinco pessoas ao esquema. Já o consultor no topo da pirâmide, da classificação “diamante imperial”, ganha 8 pontos ao indicar 30 pessoas.

Quem parece tocar as operações da Versobot no Brasil é Davi Wesley Silva e sua esposa Luciane Bastos. Um indício disso é que o site versobot.com.br está registrado no nome da empresa United USA Ltda, criada por Silva.

No Instagram, há fotos que mostram o casal almoçando ao lado de Aldo Toledo na Espanha, todos sorridentes vestindo camisetas e bonés com o logo da Versobot.

Os brasileiros também estiveram presente no vídeo em que Aldo Toledo dá detalhes sobre o Versobot.

O Portal do Bitcoin buscou comentários de Aldo Todelo e o casal Davi Wesley Silva e Luciane Bastos, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

Divulgadores da Trust Investing migram para Versobot

Fora do Brasil, divulgadores de pirâmides financeiras famosas, que miram investidores em países hispânicos, também migraram para a Versobot. É o caso de David Reyes e Satur Segade, que eram os principais divulgadores na Espanha da Trust Investing, pirâmide financeira que foi alvo de operação da Polícia Federal em outubro do ano passado.

Ambos eram próximos dos criadores da Trust Investing, participando de eventos presenciais e lives.

David Reyes em live com o Diego Chavez, CEO da Trust Investing atualmente preso (Foto: Reprodução/YouTube)
Satur Segade entre os principais líderes da Trust Investing (Foto: Reprodução/YouTube)

Com o colapso da Trust Investing, David e Satur começaram a promover outros esquemas, incluindo o Versobot. Na última semana, ambos ganharam subiram para a categoria “Prata” do Versobot, o que significa que atraindo investidores para o novo esquema.

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