mescla de dólares e moedas de bitcoin sobre a mesa
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Depois de alguns anos de euforia, os investimentos de capital de risco (Venture Capital, ou VCs, em inglês) caíram forte em 2023, e um dos mercados que mais sofre com esse recuo é o de criptomoedas.

Se depois do estouro da pandemia de covid-19 os VCs se aproveitaram dos juros baixos no mundo todo e da injeção de capital dos bancos centrais, agora o cenário é exatamente o oposto. Só nos EUA, o principal mercado do mundo, os juros saíram de 0% para 5,5% em questão de meses.

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Um texto recente do jornal Financial Times, citando dados da empresa de dados do mercado PitchBook, afirma que os VCs investiram cerca de US$ 30 bilhões em projetos cripto em 2021, enquanto esse ano o valor está em torno de US$ 7 bilhões – e deve chegar a apenas US$ 10 bilhões no fim do ano.

Com o custo mais alto de captação, os investidores agora também passam a ser mais seletivos, e o que se vê é que o dinheiro não está mais indo para projetos de tokens não fungíveis (NFTs) ou Finanças Descentralizadas (DeFi). O foco dos investidores agora é encontrar ideias que tenham usos mais práticos no mundo real com a tecnologia blockchain.

E uma área que tem se destacado como novo foco é a de tokenização. Com aplicações que vão desde uso em pequenos casos até a mudança da estrutura de cartório ou de digitalizar o mercado financeiro, essa tem sido a nova queridinha dos VCs, ainda que com um investimento muito menor que em anos anteriores quando olhamos para o mercado como um todo.

Venture Capital no Brasil

Segundo Gustavo Araujo, CIO da Distrito, o sentimento de uma retomada mais lenta dos investimentos de VCs não é só para cripto, mas para o mercado geral, e isso também é visto no Brasil.

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No caso dos criptoativos, ele explica que hoje o cenário é diferente do visto em 2021 não só do lado de quem investe, mas das startups também, com projetos mais bem consolidados atualmente. “O mercado é mais maduro e validado pelos grandes players neste momento”, disse ele ao Portal do Bitcoin.

Ele explica que hoje os grandes bancos já estão posicionados, assim como outros players institucionais, enquanto a questão da tokenização é o centro das atenções desses investidores.

“Antes tiveram muitos investidores que surfaram a onda das criptos e os projetos não se sustentaram. Agora o cenário é mais sólido, essa nova onda tem menos dinheiro, mas é mais difícil que os projetos apoiados não se sustentem”, afirmou.

Domínio da Inteligência Artificial

Se o cenário como um todo é de menos ímpeto dos VCs, os fundos de Inteligência Artificial (AI) têm sido também um dos principais focos dos investidores, substituindo em parte o que representou o mercado cripto nos últimos anos.

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Em artigo para o CoinDesk, Chris Coll-Beswick, fundador e sócio da Transcend Labs, afirma que “em 2020-21, os investidores eram muito mais propensos a financiar ideias grandiosas com muito poucas evidências de sustentação. Mas hoje, mesmo as startups mais promissoras têm dificuldade em chamar a atenção dos principais VCs”.

Dados da Crunchbase mostram o volume geral de negócios caiu 37%, sendo que, enquanto mais de 6.000 startups levantaram financiamento no último trimestre, no mesmo período de 2022 esse número era de mais de 9.500.

E a AI tomou conta do mercado de VCs no momento em que a FTX entrou em colapso, mostrando essa troca de temas para os investidores. Segundo Coll-Beswick, “os projetos de AI têm comandado enormes rodadas de capital de risco com avaliações difíceis de justificar”.

Ele afirma que startups de IA generativa arrecadaram mais de US$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre de 2023, com empresas como a Anthropic arrecadando US$ 450 milhões. “Os VCs perseguem as tendências em alta. E a tendência quente da IAI embora insustentável, está funcionando em detrimento das criptomoedas”, afirma.

Mas apesar das AIs estarem dominando o mercado, Coll-Beswick reforça que as criptos ainda têm espaço, assim como avaliam Araujo e o Financial Times: “Taxas de juros mais baixas, regulamentação cripto globalizada, aprovações de ETF de Bitcoin e mais envolvimento da TradFi em cripto poderiam reacender os fluxos de capital de risco”, afirma.

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