A revolução blockchain chegou ao mercado imobiliário prometendo uma era de democratização e liquidez inéditas. Com a tokenização de ativos imobiliários, terrenos, edifícios e diversos empreendimentos passaram a poder ser convertidos em tokens digitais, tornando-se acessíveis a um espectro mais amplo de investidores.
Tal inovação visou fragmentar propriedades valiosas em partes negociáveis, oferecendo a promessa de uma nova maneira de gerar receita aos imóveis de forma sem precedentes através da negociação no ambiente de blockchain virtual.
A ideia dos entusiastas era de que ao fracionar o ativo imobiliário em várias partes, haveria teoricamente a chance de aumentar a liquidez dos proprietários por meio de aportes dos tokens holders. Contudo, na prática existem obstáculos significativos que dificultam a concretização desse cenário.
Isso porque a tokenização ainda esbarra em complexidades burocráticas, técnicas e de mercado que travam o acesso à tão sonhada liquidez. Os desafios incluem a criação de entidades jurídicas específicas, restrições legais em várias jurisdições, e a ausência de um mercado secundário robusto para esses ativos digitais.
Além disso, o ramo imobiliário, mesmo quando tokenizado, mantém-se predominantemente local, limitando o potencial de comercialização dos ativos a investidores regionais.
Um proprietário que apresenta um empreendimento em São Paulo, por exemplo, dificilmente conseguirá traduzir o potencial de seu ativo para interessados de outras regiões do país — muito menos às pessoas que vivem em outros países.
Diante de tais desafios, fica claro que a tokenização por si só não é suficiente para gerar a liquidez desejada pelo proprietário do imóvel. É necessário explorar outras alternativas que possam oferecer saídas viáveis para a geração de receita. Portanto, é neste contexto que os tokens de pagamento surgem como uma solução promissora no mercado.
Solução à vista
Ao contrário dos tokens imobiliários, que se veem amarrados por regulamentações e um mercado secundário limitado, os ativos destinados ao pagamento oferecem um caminho desimpedido para transações, abrindo ao proprietário a possibilidade de converter o seu imóvel para um ambiente econômico exponencialmente mais significativo.
Isso é possível graças à capacidade dos tokens de pagamentos serem transacionados globalmente com mínima burocracia, podendo ser listados em qualquer exchange e usados em uma variedade de negociações, inclusive diretamente de um detentor para outro ou conectando-se a soluções de pagamento como cartões de crédito ou até mesmo caixas eletrônicos.
Ou seja, a abordagem não só expande significativamente o público alvo para os ativos imobiliários, como também oferece um potencial de liquidez muito mais atraente do ponto de vista comercial.
Na prática, ele permite verdadeiramente que os proprietários dos imóveis se aproveitem de todo o potencial da tecnologia blockchain. Enquanto os tokens de imóveis acabam limitados a investidores locais ou regionais, os tokens de pagamento possuem um apelo global, tornando-se uma ferramenta poderosa para empresários que buscam maximizar a liquidez sobre suas propriedades no curto prazo.
Vale destacar ainda que atualmente já existem no ecossistema de criptomoedas estruturadas especificamente com o propósito de associar a tecnologia blockchain à possibilidade de liquidez do mercado de real estate.
Esses ativos diferem das criptomoedas convencionais, como o Bitcoin ou o Tether, pois são desenhados com foco justamente na aquisição imobiliária, otimizando, assim, o processo de conversão de ativos reais no retorno financeiro a partir da fragmentação digital.
À medida que nos movemos em direção a uma era de maior integração entre tecnologia e ativos tangíveis, os tokens de pagamento emergem não somente como facilitadores de transações, mas como verdadeiros catalisadores de uma revolução no acesso e na fluidez dos investimentos imobiliários.
A sua adoção pode ser a chave para desbloquear o verdadeiro potencial da tecnologia no setor imobiliário, oferecendo uma via mais eficiente e global para a comercialização de ativos imobiliários. Essa é a peça central que estava faltando no mercado de criptomoedas.
Sobre o autor
Eduardo Carvalho é CEO e cofundador da Dynasty Global AG com vasta experiência nos setores imobiliário e de tecnologia e um dos principais especialistas em criptoativos na Europa.
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