Imagem da matéria: "Tentaram converter os R$ 30 milhões roubados do banco em bitcoin", diz promotor do caso
Promotor de Justiça Flávio Duarte (Foto: MP-RS/Divulgação)

“Foi tudo planejado”, disse ao Portal do Bitcoino promotor de Justiça Flávio Duarte, que conduziu na última quinta-feira (25) a Operação Criptoshow. Embora Duarte não tenha confirmado o nome das empresas envolvida, sabe-se que a ação teve como objetivo cumprir 13 mandados de busca e apreensão visando esclarecer um roubo de R$ 30 milhões da conta Gerdau no banco Santander.

De acordo com o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS), investigações mostram que trata-se de uma organização criminosa cujo comando estava a cargo do responsável de uma empresa em Cachoeirinha, um dos maiores municípios daquele estado.

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Em entrevista, Duarte explicou como foi a ação da quadrilha num golpe sofisticado que foi revelado com exclusividade pelo Portal do Bitcoin no dia 30 de abril.

Portal do Bitcoin — Como foi possível movimentar uma soma tão alta nas contas sem levantar a atenção dos bancos?
Flávio Duarte — Foi algo preparado antes. O grupo havia entrado em contato com o banco dias antes para pedir autorização para movimentar alto valores. Então o banco retornou, provavelmente viu que essa pessoa tinha valores na conta e autorizou, liberou operações num determinado patamar.

Digamos que alguém tenha R$ 100 mil na conta e tente fazer uma transferência bancária. Ela liga pro banco, pede autorização e o banco deve dar uma margem maior.

Contando com isso, essa pessoa entrou no sistema, com a senha e login dele como usuário master de uma conta no mesmo banco. Então, por alguma questão técnica e sistêmica do banco, no lugar de ser a empresa dele a debitada por aquelas transferências de R$ 30 milhões, o dinheiro acabou recaindo nas empresas que foram lesadas.

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Essa porta está aberta para que um golpe similar ocorra novamente?
O que tem que ser avaliado é se alguém entre os identificados e talvez dentre aqueles que não foram identificados dentro desse esquema delituoso — há informação ainda não confirmada que algum deles poderia ser funcionário/ex-funcionário do mesmo banco.

Fernando Magnus de Cachoeirinha é ex-funcionário do Santander que inclusive está com uma ação na Justiça contra o Santander.
Eu não vou falar em nomes, não posso confirmar nem negar qualquer nome. O que se tem é que um dos operadores teria sido funcionário do banco e contaria isso inclusive nas redes sociais dele.

Vocês descobriram que uma exchange foi destinatária de R$ 11 milhões e que no dia anterior outra exchange foi destinatária de R$ 7,7 milhões. Esse valor de R$ 18 milhões foi o valor que o golpe conseguiu transformar em bitcoin?
O que eu posso afirmar — para efeito também de continuidade da investigação — é o seguinte: houve uma tentativa de praticamente todo esse valor e até um pouco mais, fosse todo ele em uma operação só convertido em criptoativos.

Inicialmente os R$ 30 milhões…
Não, mais até…Nós já tínhamos uma indicação de uma premeditação naquele telefonema para ampliar a possibilidade de transferência de uma determinada conta — já indicava que foi tudo planejado.

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Tem também uma tentativa de algum dos investigados de realizar uma operação no valor de R$ 40 milhões. As exchanges não aceitam valores tão altos, por segurança, o que fez com que esse dinheiro fosse diluído. Parte desses valores foram identificados, outra parte identificada posteriormente.

O caminho foi mais ou menos desenhado. Parte desses valores também foram recuperados pelo banco, exatamente a quantia integral eu não sei, em torno de R$ 10 milhões, mas não tenho certeza disso.

Então o que foi convertido em bitcoin foram R$ 18,9 milhões?
Isso é o que foi já foi mapeado. Eu acredito que todo o valor foi convertido em bitcoins.

Teria uma quadrilha maior por trás disso?
Acredito que sim, porque a gente já tem o ciclo seguinte dessas operações que indicam a participação de outras pessoas.

Pessoas além do ex-funcionário do banco?
Sem dúvida. O que eu posso dizer é o seguinte. Tem a primeira pessoa que praticou o primeiro desvio, dos R$ 30 milhões. Essa mesma pessoa esteve na outra ponta de conversão de valores em criptoativos. Além dele tem várias outras pessoas.

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Mas o líder seria o ex-funcionário do banco?
Eu não acredito nisso, mas o pode ser, porque ele fez uma operação grande e o que reverteu para ele é substancial, mas não é tão grande; outras pessoas tiveram um ‘lucro’ muito maior do que o dele.

Os negociantes de bitcoin sabiam da origem do dinheiro ou também são vítimas?
É difícil afirmar isso. Vai muito na medida do conhecimento que a pessoa tinha. E daí já se fala em lavagem de dinheiro. Ele precisa saber que estava fazendo aquilo ali para esconder o dinheiro desviado da empresa X, o dinheiro que não tem uma origem lícita. Se ele tinha como saber e depois diz que não sabia, ele pode ser enquadrado em crime de lavagem de capitais.

Vocês têm tecnologia para rastrear os criptoativos?
Assim como eles têm a técnica deles; a gente tem a nossa. É óbvio que a gente está sempre um passo atrás, mas a gente está no mesmo rumo, vai aprendendo com o tempo.

Vocês precisaram bater na porta de alguma exchange?
Não, não precisou, justamente pela colaboração da maioria delas. Uma exchange séria tem total interesse em contribuir nesse tipo de investigação, até para desmistificar o mercado de criptoativos como algo ilícito por natureza.

E o caso do segundo furto, o da corretora lesada em R$ 5 milhões?
Esse foi achado nosso, no progresso das investigações, devido às mesmas caraterísticas, nas mesmas circunstâncias, de começo, meio e fim. E identificamos o operador e a tentativa de destino, porque a ponta final acabou não se efetivando.

Quais são agora os próximos passos dessa investigação?
Tem muita coisa pendente em análise, tem dados financeiros já remetidos ao MP, tem toda uma burocracia que atrasa (como sigilo bancário), e tem análise do material que foi apreendido — desde de documento físico até carteira de bitcoin.

*Colaborou Wagner Riggs


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