O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou na quinta-feira (20) pedido de habeas corpus para que Lucinara da Silva Oliveira, esposa de Claudio Oliveira, o falso Rei do Bitcoin, deixasse a prisão para aguardar julgamento em casa.
O ministro Jorge Mussi ressaltou que Lucinara tentou ajudar Claudio a continuar as atividades ilícitas quando ele já estava preso, mesmo tendo um filho menor de idade e arriscando deixar a criança com ambos os pais presos – o que eventulamente ocorreu.
Em 2018, o Supremo Tribunal Federal determinou a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres gestantes ou mães de crianças de até 12 anos.
“O fato de colocar em risco sua liberdade, mesmo com filho de tenra idade sob sua responsabilidade, demonstrando que estava disposta a auxiliar o ex-marido recluso ou mesmo viabilizar a continuidade das suas atividades fraudulentas, vez que encontra-se preso, representa risco à ordem pública”, diz o ministro.
Além disso, o ministro aponta o fato de Lucinara negar ser dona de uma carteira com bitcoins, quando as evidências são esmagadoras de que ela possui as chaves.
“Acrescente-se a isso o fato de ter sido apreendido material contendo dados de carteira de bitcoins pertencente a Lucinara, que alega nada saber a respeito das palavras-chave identificadas ou da sua utilidade, reiteradamente negando a existência de referida carteira, mesmo com fortes indícios acerca de sua existência”, afirma.
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Operação Daemon
Lucinara da Silva Oliveira foi presa em julho do ano passado no âmbito da Operação Daemon, mas solta em seguida, com a condição de não se comunicar com outros investigados. Ela não cumpriu o acordo e foi detida novamente no mesmo mês.
De acordo com a decisão, ela mandou mensagens para a nora de Valmor Felipetto – também investigado pela Polícia Federal do Paraná – a mando do falso Rei do Bitcoin. A PF acredita que o objetivo era combinar versões ou dilapidar patrimônio.
Da ostentação à falência
Das promessa de lucros exorbitantes a um rombo bilionário. De empresa que movimentava bilhões de reais em bitcoin à falência. Dos eventos luxuosos em hotéis a ameaças e ordens de despejo. De mansões de US$ 6 milhões a uma sala de menos de 15 metros quadrados na custódia da Superintendência da Polícia Federal do Paraná.
Essa sucessão de quedas livres está presente na trajetória do grupo Bitcoin Banco, conglomerado chefiado por Claudio Oliveira, o falso Rei do Bitcoin, que está preso em Curitiba (PR) desde julho do ano passado, acusado de estelionato, lavagem de capitais e organização criminosa, além de delitos contra a economia popular e o sistema financeiro nacional.
É uma história digna de terra arrasada, orquestrada por um estelionatário que, segundo a Polícia Federal (PF), usava de ‘técnicas avançadas de embuste’ para enganar suas vítimas. O esquema deixou um prejuízo de R$ 1,5 bilhão a pelo menos 7 mil pessoas.