Staking do protocolo Lido Finance está dando lucro antes da fusão do Ethereum?

Árbitros estão depositando ether no Lido Finance em troca de tokens stETH na expectativa de resgatá-los por ether a um preço mais alto após a Fusão da rede.
Imagem da matéria: Staking do protocolo Lido Finance está dando lucro antes da fusão do Ethereum?

(Foto: Shutterstock)

Algumas das maiores fortunas do setor de criptomoedas foram obtidas por meio de estratégias de arbitragem. Algumas dessas estratégias sempre existiram, mas eram difíceis demais de serem utilizadas. Já outras sempre estiveram escondidas.

Pense em Arthur Hayes ou Sam Bankman-Fried. A arbitragem foi exatamente como conseguiram financiar o lançamento de suas respectivas corretoras (BitMEX e FTX).

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Porém, na sequência, a trajetória de ambos os fundadores mudou drasticamente. Este ano, Hayes se declarou culpado por ter violado a Lei de Sigilo Bancário dos EUA enquanto Bankman-Fried surgiu como o comprador de última instância em meio à ampla queda do mercado cripto.

Ainda assim, ambos ganharam experiência ao comprar criptomoedas a um preço baixo e vendê-las a um alto preço em outro lugar. Bankman-Fried lucrou com o chamado “prêmio Kimchi” da Coreia do Sul — termo dado à diferença entre o preço do bitcoin (BTC) nas corretoras sul-coreanas e o preço médio entre todos os outros países — e Hayes ganhou dinheiro com um prêmio similar na China.

Atualmente, existe outro esquema de arbitragem possivelmente lucrativo. Neste momento, o valor do lido staked ethereum (stETH), um token que deveria acompanhar o preço do ether (ETH), perdeu sua paridade à segunda maior criptomoeda do mercado.

Neste momento, stETH está precificado em US$ 1.219 enquanto o ETH está sendo negociado a US$ 1.255 — uma diferença de 2,8%. Esse desconto existe há algum tempo, então por que nenhum grande investidor, como Hayes ou Bankman-Fried, lucrou com essa arbitragem?

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Deveria ser fácil simplesmente comprar o stETH com desconto e resgatá-lo por ETH para lucrar com a diferença, né?

Não é bem assim. Essa é justamente a forma como Lido Finance, protocolo responsável pelo token stETH, opera.

Como funciona o protocolo Lido Finance?

Lido é um serviço de staking que permite que usuários depositem ETH, recebam o stETH em troca e obtenham uma pequena porcentagem por essa alocação. Na sequência, Lido acrescenta esses depósitos à Beacon Chain do Ethereum — uma versão paralela e secundária da versão original do Ethereum, mas que utiliza o mecanismo de consenso proof of stake (ou PoS, na sigla em inglês).

Lido se tornou a líder de mercado por oferecer esse serviço.

A Dune Analytics mostra que, atualmente, Lido comanda 31,5% dos depósitos na Beacon Chain, ou seja, mais de 4,1 milhões de ETH estão bloqueados nos contratos autônomos da Lido. Essa quantia ultrapassa US$ 5 bilhões. 

Depositantes de ETH na Beacon Chain (Imagem: Dune Analytics)

Por conta da maneira como a plataforma está gerando esse retorno (pelo staking no que irá se tornar o Ethereum 2.0), não existe um mecanismo de resgate disponível neste momento. Árbitros sagazes não podem devolver esses depósitos em stETH pelos ETH depositados a hora em que desejarem.

“Embora o Lido permita que você transfira, negocie e utilize seu ‘staked ETH’ antes do lançamento da Fase 1.5, você só pode resgatar stETH por ETH após as transferências estarem ativas no Ethereum 2.0. ‘Staked ETH’ é emitido com paridade 1:1 para cada ETH colocado em staking via Lido e será queimado quando ‘staked ETH’ for resgatável por ETH”, segundo o site do protocolo.

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Então é para isso que serve stETH, né? Espera-se que o mercado simplesmente ignore essa perda de paridade como outro experimento fracassado do setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi)?

Negativo. Na realidade, para alguns defensores do Ether, pode ser outra oportunidade para apostar bastante no êxito do lançamento do Ethereum 2.0. Lembre-se: “Você só pode resgatar stETH por ETH após as transferências estarem ativas no Ethereum 2.0”.

Enquanto isso, você também pode teoricamente obter ETH com desconto enquanto espera pelo momento em que finalmente poderá resgatá-lo pela paridade prometida.

Uma aposta na Fusão

Pode parecer fácil, como capturar o prêmio Kimchi nos primórdios do mercado cripto, mas é preciso ter garra.

Ao fazer tal aposta, você presume que: 1) a tão aguardada atualização do Ethereum vai acontecer, 2) Lido ainda vai existir quando a rede for atualizada, e 3) o preço do ETH não vai ter despencado quando a Fusão acontecer, zerando qualquer possível lucro pela arbitragem.

Neste momento, o ether está custando US$ 1,2 mil. Amanhã, poderá estar valendo bem menos.

Outro aspecto a levar em consideração é o custo de oportunidade. Ao fazer essa aposta, você presume que não haverá apostas mais lucrativas em outro lugar. Você pode acabar perdendo a próxima grande febre do mercado por ficar esperando o resgate de seus ethers.

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Outra aposta parecida que você poderia fazer seria no fundo Bitcoin Trust (GBTC) da Grayscale que, atualmente, está sendo negociado a um desconto de 30% em comparação ao preço “spot” (ou à vista) do bitcoin.

Porém, nessa alocação, você estaria apostando que a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (ou SEC) finalmente concedeu sua aprovação a um fundo de índice (ou ETF) puramente de bitcoin. Quem é que sabe quando isso vai finalmente acontecer?

Em relação à atualização do Ethereum, desenvolvedores da rede preveem que a Fusão vai acontecer em setembro — por enquanto.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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