A senadora Maria Eliza (MDB/RO) é a autora do requerimento que trouxe o nome Antonio Neto Ais, dono de uma empresa acusada de pirâmide financeira, como participante de audiência pública sobre a regulação das criptomoedas que ocorreu na manhã de quinta-feira (9) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O convite para Ais, cujo nome verdadeiro é Antônio Inácio da Silva Neto, foi encontrado primeiro pela contadora Ana Paula Rabello e divulgado no blog Declarando Bitcoin. A especialista classificou o equívoco da senadora como “tragicômico”, já que a fala do empresário veio logo após a senadora Maria Eliza assumir a palavra e demonstrar grande preocupação com fraudes envolvendo o mercado de criptomoedas.
Questionado pelo Portal do Bitcoin, a assessoria da senadora disse que havia recebido a indicação do dono da Braiscompany. Contudo, afirmou que não poderia informar quem tinha feito a sugestão. Em um segundo questionamento, o assessor afirmou não lembrar quem propôs o nome.
Ais e sua esposa, Fabrícia Ais, são apontados como parte do grupo de líderes da D9 Club, esquema fraudulento com bitcoin que ruiu há cerca de três anos.
Além disso, em dezembro do ano passado, o criador da casa de análises Suno Research, Tiago Reis, acusou a Braiscompany de pirâmide financeira. Em janeiro deste ano, a Anbima também veio a público denunciar a Braiscompany por falsa informação de que o negócio do casal Ais tinha o endosso da entidade.
Dono da Braiscompany falou no Senado
Na manhã de quinta, Antonio Neto Ais assumiu por 10 minutos o microfone da sessão da CAE para discutir a regulação das criptomoedas. Sua presença no Congresso surpreendeu prontamente quem acompanha o mercado cripto.
No requerimento da senadora— REQ 71/2021, do dia 06/12 — Ais é tratado como “especialista em blockchain”, mas sua empresa, a Braiscompany, chegou a prometer rendimentos fixos de até 15% ao mês aos investidores, porcentagem fora da realidade em matéria de investimento. Ais e a esposa também são citados em pelo menos 20 ações no Tribunal de Justiça da Paraíba por envolvimento na pirâmide D9 Club, que tinha como mentor Danilo Vinjão, o ‘Dubaiano’, considerado foragido da Justiça brasileira.
No tempo de fala que teve, Ais falou da importância de exchanges terem transparência na hora de reportar liquidez para os órgãos do governo e, ao final, abriu o convite: “Coloco a minha empresa, a Braiscompany, à disposição para ajudar a fazer a regulamentação desse mercado”.
Senadora apontou dúvidas
Durante a sessão, a senadora Maria Eliza disse que a regulação é necessária, mas apontou dúvidas quanto à segurança desse novo mercado para o investidor.
Segundo o senador Irajá (PSD-TO), que presidiu a audiência, o marco das criptomoedas pode ser votado na próxima quarta-feira (15) na CAE.
*Colaborou Cláudio Goldberg Rabin