Governo da Argentina investiga se Diário Oficial baseado em blockchain foi hackeado
Foto: Dennis Fidalgo/Flickr

Mesmo com restrições à compra de dólares, os argentinos aceleraram a retirada dos depósitos do país no mês de novembro. Conforme revelou o Clarín nesta quinta-feira (26), já saíram US$ 5 milhões somente neste mês, enquanto nos 45 dias anteriores os argentinos haviam retirado metade deste valor — US$ 2.758 milhões.

Existe um fenômeno de estocar de dólares por parte da população frente a cota individual mensal de apenas US$ 200 para a compra da moeda. A reportagem revela que uma a cada quatro pessoas utilizava a cota todo mês.

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A partir do início dessa restrição, durante um período de 45 dias se registrou uma retirada de dólares equivalente a 15,8% dos depósitos do sistema (US $ 2.758 milhões). O economista Bruno Panighel entrevistado pelo Clarín afirma que “hoje o sistema tem apenas 44% dos depósitos em dólares de um ano atrás.”

Contudo, todos os indicadores apontam para uma esperada desaceleração no ritmo de retirada. A reportagem aponta para fins comparativos que em junho de 2019, os depósitos de dólares alcançaram US$ 32 bilhões, já em 17 de novembro os depósitos em dólares alcançaram US$ 14.715 milhões e se registrou a saída de apenas US$ 4,775 milhões no acumulado deste ano, representando uma queda de 24% em comparação ao ano passado.

Isso significaria que na realidade o governo argentino atingiu em parte seu objetivo, a população está estocando dólares de maneira controlada, a partir da cota de US$ 200, os argentinos compram dólares e esvaziam as reservas do país, porém os dólares estão em um processo de desaceleração de retirada.

Dólar alternativo

Um dos fatores que corroboram com essa tese seria a variação no preço do chamado “dólar blue” na Argentina, que em 23 de outubro era vendido a 150% adicional do valor de mercado, contabilizando 195 pesos a cada 1 dólar. Já atualmente esse preço adicional se encontra na casa dos 80%, criando um chamado “verão financeiro”, como descreve Panighel. 

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“O alargamento da lacuna deu um prêmio ainda maior que 100% para ir retirar um dólar do banco e vendê-lo para uma ‘pequena árvore da esquina’. Você estava tendo um lucro extraordinário de US$ 100 para cada dólar”, disse para a publicação argentina.

Com o estabelecimento de um piso mais baixo no preço do “dólar azul”, a população também desacelerou esse processo de retirada da cota dos bancos argentinos para a posterior venda por um preço maior.

O economista também argumenta que outro motivo que incentivava a saída dos depósitos era que até o mês passado “havia expectativa de estoques maiores ou de que alguma medida extraordinária como pesificação assimétrica, ou confisco, ou alguma nova política que impedisse as pessoas de ter seus dólares no futuro. “

Mas agora, essas expectativas estão diminuindo. Contudo, o cenário ainda se mostra muito preocupante, conforme apontou a consultoria LCG para o Clarín. Em menos de um mês já foram perdidos mais de US $ 700 milhões das reservas internacionais.

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“O combo como um todo é preocupante, poucas reservas e caindo, muitos pesos e menos demanda por capital de giro, expectativa de desvalorização de 80% e defasagem cambial de 100%”, afirmou a consultoria.