Imagem da matéria: Argentina: o desespero de um empresário com a inflação e a dificuldade de comprar dólar
Christopher Marchesini (Foto: Reprodução/Youtube)

“A inflação está na velocidade da luz”, disse o youtuber argentino Christopher Marchesini. “Se alguém recebe seu salário em pesos, logo quer fazer o câmbio para dólares, mas agora não se pode mais”, continuou em conversa recente com o Portal do Bitcoin.

Marchesini, que vem comentando a situação do país em seu canal, conta que a população se encontra desesperada para trocar seu dinheiro para a moeda estrangeira frente a rápida desvalorização que a inflação do Peso provoca no poder de compra dos salários.

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Frente ao endurecimento das restrições à compra de dólares que o governo argentino decretou para pessoas físicas e jurídicas em setembro, os argentinos já não podem mais converter seus salários em dólares. “Pelo menos não por vias legais”, afirmou o youtuber.

Marchesini, 34 anos, é formado em engenharia e se tornou um Youtuber em quase tempo integral com a criação de seu canal Mate con Mote e, com quase dois anos de idade chegou a 631 mil inscritos. Por mais que seu canal tivesse o foco inicial em divulgar o mais diverso conteúdo sobre cultura e viagens, a pandemia de covid-19 no mundo todo fez com que ele mudasse radicalmente o que produz.

Dentre os mais variados vídeos sobre política, economia e suas opiniões pessoais a respeito de tudo que acontece com a economia Argentina e as dificuldades da população do país.

“Se considerarmos que quase a metade dos argentinos entraram para abaixo do nível de pobreza e que 60% dos jovens abaixo de 18 anos são pobres, a verdade é que os argentinos não estão conseguindo lidar com isso (a crise)”, disse.

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Restrições ao dólar

Em um cenário de alta desvalorização e perda de credibilidade da moeda nacional, a Argentina, sob o governo de Alberto Fernandez, levantou duras restrições de acesso ao dólar.

Desde 16 de setembro, a população argentina se viu com um limite de US$ 200 dólares mensais imposto pelo Banco Central da República Argentina (BCRA) como cota individual para pessoas físicas visando evitar uma escassez da moeda estrangeira no país.

Além do limite se aplicar na efetiva compra da moeda americana, até mesmo gastos na moeda em cartões de crédito entraram para essa cota, restringindo ainda mais o acesso a compra de bens e serviços. Se o limite mensal for ultrapassado, será descontada a diferença excedente da cota do mês seguinte. Essa restrição se manterá vigente até o dia 31 de dezembro de 2020.

No vídeo sobre as restrições, Marchesini diz: “Não posso viver! Eles me proíbem de comprar dólares, economizar ou investir”. No vídeo, o youtuber critica a decisão do Banco Central argentino e afirma que a Argentina já está dolarizada pela própria população, e que não poder comprar dólares implica também em não poder comprar muitas coisas no país.

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O mercado paralelo

Além da restrição, as taxas para a compra de dólares por meio de canais oficiais subiram de 30% para 35%, para desencorajar ainda mais o câmbio.

O controle e limitação, forçam a população a recorrer ao mercado paralelo. “Pela falta de opção recorremos às casas de câmbio ilegais com os preços inflados não oficiais, pois não há opção”, afirma Marchesini

A alta demanda pelo dólar de fora dos canais oficiais também geraram preços estratosféricos. “O dólar paralelo (não comprado nos bancos) subiu às nuvens, antes se comprava 1 dólar com 40 pesos, hoje é mais de 170 pesos, mais de 400% de aumento em um ano”, disse o youtuber.

Por causa da escassez do dólar “oficial”, alguns argentinos pagam o preço por considerarem que vale mais a pena do que manter os salários em pesos. Mas essa solução paliativa não é muito acessível de maneira geral, “para a classe média e ricos, eles sim conseguem fazer algo, mas os pobres nem sequer conseguem acesso à internet”.

E o bitcoin?

O youtuber, ao ser questionado sobre possíveis alternativas à compra de dólar já restrita como uma maneira de preservar o dinheiro da população da inflação e desvalorização, conta que criptomoedas como o bitcoin podem ser alternativas, mas somente para a classe média e mais ricos.

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“Se a população nem sequer tem internet, como poderiam comprar Bitcoin?”

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