Mão segurando celular com logo da Toncoin e no fundo ícones do Telegram
Shutterstock

Em 2018, a plataforma de mensagens Telegram lançou um white paper para uma blockchain de camada 1 que chamou de Telegram Open Network (TON).

A moeda do projeto, chamada de ‘Gram’, foi projetada para pagar taxas de transação, liquidar pagamentos e validar transações na rede.

Publicidade

O lançamento foi uma notícia que teve destaque. Em 2018, o projeto quebrou recordes ao arrecadar incríveis US$ 1,7 bilhão em uma venda de tokens. Foi a segunda maior Oferta Inicial de Moedas (ICO) da história, ficando atrás apenas da EOS, que arrecadou US$ 4 bilhões.

No entanto, dois anos depois, o Telegram abandonou o projeto. O que aconteceu?

Problemas Regulatórios

O projeto, idealizado pelos irmãos Nikolai e Pavel Durov, é um protocolo de prova de participação que utiliza o conceito de sharding para resolver alguns dos problemas de escalabilidade encontrados em projetos como o Bitcoin.

Assim como seus contemporâneos, o TON estava tentando construir uma série de serviços descentralizados, incluindo armazenamento descentralizado, um sistema de nomes de domínio, uma rede de privacidade, pagamentos instantâneos e processamento rápido de transações.

Os irmãos Durov e a equipe de engenheiros do Telegram haviam levado o projeto quase até a conclusão, mas então a Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio (SEC) dos Estados Unidos se envolveu.

Publicidade

Embora o Telegram tivesse trabalhado com reguladores americanos em seu lançamento de token, a SEC considerou os investidores no projeto como subscritores, e a oferta de Gram pelo Telegram foi considerada uma distribuição não registrada de títulos.

O Telegram tentou lutar contra a decisão, mas em 2020, Pavel Durov anunciou que a participação do Telegram no desenvolvimento do projeto seria encerrada e começou a emitir reembolsos aos investidores. Foi então que a comunidade entrou em ação.

O TON era feito em código aberto e acessível no GitHub, permitindo que qualquer pessoa contribuísse para o seu desenvolvimento. Um grupo de desenvolvedores da comunidade decidiu continuar de onde o Telegram parou e construir novas funcionalidades do TON.

A atual rede foi lançada e desenvolvida por Anatoliy Makosov, um desenvolvedor de software, e Kirill Emelianenko, um programador com Ph.D. em Física e Matemática.

Publicidade

A TON Foundation, um grupo de apoiadores sem fins lucrativos, renomeou o projeto para The Open Network, permitindo que ele mantivesse o nome TON e agora administra o Toncoin.

Como funciona?

O Toncoin é a criptomoeda nativa da rede TON. Ele é usado para operações de rede, transações, jogos ou colecionáveis construídos na TON.

O TON também apresenta uma carteira que oferece transferências de criptomoedas sem comissões para qualquer outro usuário do Telegram, sendo a principal forma de interação dos usuários com os aplicativos mini do Telegram, um ecossistema baseado em JavaScript que permite às empresas criar experiências no aplicativo.

Existem também outros serviços na TON, incluindo o TON Storage, o TON Proxy (um serviço de VPN descentralizado) e o sistema de nomes do TON. O Toncoin é a principal forma pela qual os usuários pagam por esses serviços. A TON possui sua própria loja de aplicativos, com mais de 500 aplicativos implantados no momento da redação deste texto, que também usam a moeda.

A TON utiliza um mecanismo de consenso baseado em prova de participação com sharding, o que significa que pode processar transações em paralelo, melhorando a velocidade das transações. Em 2021, atingiu um recorde na época de ser capaz de processar 55.000 transações por segundo. A empresa afirma que a rede pode processar milhões de transações.

Publicidade

Tokenomics

O Toncoin possui um fornecimento máximo de 5 bilhões de TON e, no momento da redação deste texto, 3,4 bilhões de TON estão em circulação. Os validadores recebem recompensas em TON por manter a rede, e a Fundação estabeleceu uma taxa de inflação anual incorporada de 0,6%.

Embora o Toncoin seja a moeda para os serviços do Telegram, ele também é usado para influenciar o desenvolvimento futuro da rede. A Open Network é uma organização autônoma descentralizada (DAO), de modo que os usuários que detêm o token nativo da blockchain podem votar em quaisquer mudanças propostas na blockchain ou no ecossistema.

Roteiro

De acordo com o Relatório de Desenvolvimento do TON para o segundo trimestre de 2023, a rede experimentou aumentos na atividade de desenvolvedores, enquanto outros projetos estagnaram durante o recente período de queda no mercado de criptomoedas.

A atividade de desenvolvimento da rede TON aumentou 102% em relação ao ano anterior. Até o final de junho, o número de desenvolvedores atingiu 9.134, um aumento de 6,56% em relação à marca de abril, que era de 8.572 desenvolvedores. A estratégia da TON tem sido aproveitar a comunidade do Telegram para atrair projetos e, finalmente, utilizar o Toncoin.

Tap Fantasy, um jogo blockchain MMORPG, migrou para o TON em agosto de 2023 para aproveitar as integrações do projeto com os 700 milhões de usuários ativos mensais da plataforma de mensagens.

Traduzido com autorização do Decrypt.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: "Brasil está caminhando para uma economia tokenizada", diz Roberto Campos Neto

“Brasil está caminhando para uma economia tokenizada”, diz Roberto Campos Neto

No DAC 2024, o presidente do Banco Central defendeu que os ativos digitais são parte fundamental da base financeira
martelo de juiz com logo da binance no fundo

Juiz obriga Binance a indenizar cliente que perdeu criptomoedas após ter conta invadida

Juiz condenou a exchange a pagar cerca de R$ 8 mil em restituição aos valores perdidos e mais R$ 5 mil por danos morais
Imagem da matéria: Ripple amplia presença no Brasil com lançamento de solução de pagamentos via MB

Ripple amplia presença no Brasil com lançamento de solução de pagamentos via MB

A Ripple lançou sua solução de pagamentos no Brasil, permitindo que o Mercado Bitcoin seja o primeiro a utilizar a tecnologia
vista aérea da Ponte Estaiada em São Paulo

Veja as propostas dos candidatos à prefeitura de São Paulo para o setor de criptomoedas

O setor de criptomoedas ainda não é amplamente discutido nas campanhas, mas já começa a ganhar espaço nas propostas dos candidatos