Imagem da matéria: Real completa 30 anos com desvalorização de mais de 40% no período
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O real completa 30 anos de existência nesta segunda-feira (1°), sendo considerado um dos planos econômicos de maior sucesso da história, ainda que, comparado ao cenário de hoje, a própria moeda tenha perdido muito de seu poder de compra, desvalorizando mais de 40% desde sua implementação.

Criado no governo de Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, o Plano Real acabou com um longo período de instabilidade econômica e monetária no Brasil, buscando controlar a chamada hiperinflação, que chegava a marcar 5.000%.

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Como comparação, ainda que seja um número alto, a inflação no país, desde a criação do real chega a 708%, ou seja, houve um aumento de oito vezes nos preços nestes 30 anos. Para ilustrar, uma nota de R$ 100 naquela época teria o mesmo poder de compra que R$ 808 hoje.

Para se ter uma ideia do sucesso do Plano Real em controlar a inflação, nos 30 anos anteriores a criação da nova moeda, a inflação acumulado no país foi de 1.142.332.741.811.850%, segundo dados da Folha de S. Paulo.

O real foi lançado utilizando uma espécie de engenharia social para desindexar a inflação após sucessivos planos econômicos fracassados. Para isso, a equipe econômica de Itamar Franco criou um superindexador: a Unidade Real de Valor (URV).

Com isso, antes do real efetivamente se tornar a moeda brasileira, por três meses, todos os preços e salários foram discriminados em cruzeiros reais e em URV, cuja cotação variava diariamente e era mais ou menos atrelada ao dólar. Até o dia da criação do real, em que R$ 1 valia 1 URV, que, por sua vez, valia 2.750 cruzeiros reais.

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Real já valeu mais que o dólar

Um dos principais pontos do real era que ele tinha uma paridade cambial com o dólar, ou seja, não iria variar muito longe de valer exatamente US$ 1. E esse modelo criou uma situação hoje inimaginável: o real valer mais que a moeda americana.

Segundo dados do Banco Central, em outubro de 1994, três meses após ser lançado, o dólar comercial equivalia a R$ 0,829 na venda, sendo o maior valor que a divisa brasileira já foi cotada ante o dólar.

A ideia dos criadores do plano era, em vez de congelar preços, trabalhar na estabilidade do câmbio. Para isso, o governo gastou as reservas internacionais de dólar, além de manter as taxas de juros acima de 50% ao ano, de modo a atrair investidores estrangeiros — e consequentemente, dólares— para o Brasil e frear o consumo.

Em 1999, o Brasil abandonou a paridade com o dólar, e o resultado foi uma forte desvalorização da moeda nacional. Em pouco tempo, a cotação já era de R$ 2 para cada dólar, atingindo mais de R$ 4 durante a eleição de 2002 com Lula à frente na corrida.

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Desde a criação do real, a cotação já disparou mais de 500%, chegando na última sexta-feira (28) a R$ 5,657 na venda. Se o câmbio tivesse seguido a inflação desses 30 anos, segundo a Folha, um dólar valeria R$ 3,81, o que significa que a moeda brasileira sofreu uma desvalorização em termos reais de 42,78%.

Apesar da forte perda de poder de compra que o real teve desde sua criação, especialistas são praticamente unânimes em defender a importância que o plano teve em tirar o país da hiperinflação e da melhora econômica desses últimos 30 anos.

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