Aave, o popular protocolo de empréstimos do setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviatura em inglês), está seguindo um caminho bem diferente em seu mais novo projeto Web 3.
Nesta quarta-feira (18), Aave anunciou o lançamento público do Lens Protocol, uma plataforma social e descentralizada que utiliza tokens não fungíveis (ou NFTs) para impulsionar plataformas de redes sociais.
Embora Lens Protocol pareça ter sido criado para desafiar plataformas centralizadas de redes sociais, como o Twitter, possui uma abordagem bem diferente.
Basicamente, ele permite que usuários criem seus próprios conteúdos, armazenando-os como NFTs (tokens exclusivos desenvolvidos em blockchain) em uma carteira cripto. O protocolo pode ser utilizado por inúmeros aplicativos ou serviços, então qualquer pessoa pode desenvolver nele.
Solução escalável
Lens Protocol foi desenvolvido no Polygon, uma solução de escalabilidade para o Ethereum, a principal plataforma blockchain para aplicações descentralizadas (ou dapps) e NFTs.
O Polygon permite que haja transações mais baratas, rápidas e que consomem menos energia que a rede principal do Ethereum, tornando-se uma opção mais viável para uma rede social desenvolvida para um número possivelmente maior de ativos NFT.
Redes sociais são consideradas como um caso de uso ideal para a tecnologia blockchain, permitindo que plataformas sejam resistentes à censura e permitam que usuários possuam, controlem e consigam lucrar com seu próprio conteúdo.
Tais plataformas ainda precisam se aproximar da escala de gigantes redes, como Twitter e Facebook, apesar de Minds, desenvolvida no Ethereum, ser um grande exemplo — em junho de 2021, afirmava ter 14 milhões de usuários totais.
Bloom into a new era of social 🌿 Lens Protocol is ready for you to build the next gen of social media apps. The garden is open… https://t.co/bhzgxs9JFt pic.twitter.com/m2IqtIfb7P
— LensProtocol.eth 🌿 (@LensProtocol) May 18, 2022
Twitter do Ethereum
Lens Protocol foi mencionado pela primeira vez em junho de 2021, quando Stani Kulechov, fundador e CEO do Aave, tuitou: “Já que Jack Dorsey [CEO da Square (atual Block) e agora ex-CEO do Twitter] vai desenvolver o Aave no Bitcoin, o Aave deveria desenvolver o Twitter no Ethereum”.
Não foi um comentário qualquer. O Aave realmente começou a desenvolver uma plataforma adversária e descentralizada de rede social, mas optou a criá-la no Polygon em vez de na rede principal do Ethereum.
“Acreditamos que criadores de conteúdo devem ter domínio sobre suas audiências de forma apermissionada, onde todos possam criar novas experiências de usuários ao usar o mesmo grafo social e dados em blockchain”, disse Kulechov ao Decrypt na época.
Aave havia divulgado a identidade visual e os detalhes do Lens Protocol em fevereiro, destacando a capacidade de criar perfis NFT exclusivos, bem como salvar seus conteúdos via NFTs em suas próprias carteiras. Os primeiros aplicativos, como LensFrens e Lenster, já estão integrados ao Lens Protocol, mas ainda não são serviços sólidos de redes sociais.
É interessante mencionar que o Twitter também está buscando um futuro possivelmente descentralizado. Quando Dorsey ainda era CEO do Twitter, a plataforma havia anunciado a criação de BlueSky, uma iniciativa que visa criar um protocolo descentralizado para redes sociais. O Twitter está financiando o projeto, mas não o detém.
Neste momento, o Twitter está em meio a uma possível aquisição pelo bilionário Elon Musk, CEO da Tesla e Space X, cuja oferta de US$ 44 bilhões foi aceita pela empresa de rede social em abril.
Porém, Musk está voltou atrás em sua decisão, tuitando que o acordo estava “temporariamente suspenso” enquanto ele investiga a proliferação de contas de spam na plataforma. Membros do projeto Bluesky também haviam dito que o possível acordo de Musk não afetaria seu trabalho.
Recentemente, Kulechov foi temporariamente banido do Twitter ao brincar que ele seria o CEO interino da plataforma após a aquisição de Musk. “Como usuário, você está bastante à mercê das plataformas”, afirmou ele à Bloomberg.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.