Imagem da matéria: Por que tantas pessoas ainda odeiam o Bitcoin
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O comercial de televisão de Matt Damon para a Crypto.com compara investidores de criptomoedas a exploradores, alpinistas, os irmãos Wright, astronautas e um cara prestes a beijar uma garota em uma festa.

Está sendo veiculado desde outubro mas apenas esta semana o público em massa começou a prestar atenção. E suas reações foram brutais.

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No Financial Times, a crítica Jemima Kelly chamou o anúncio de “grotesco”. O Daily Beast considerou a propaganda como uma “tentativa constrangedora de ganhar dinheiro”.

A colunista do The Guardian Carole Cadwalladr tuitou para seus 600 mil seguidores: “Não existem ‘ecas’ suficientes no mundo para descrever Matt Damon promovendo um esquema Ponzi”.

Matt Damon não é a primeira celebridade a participar de uma propaganda paga de cripto.

A FTX possui propagandas com Gisele Bündchen e Tom Brady há meses. Copper, custodiante institucional de cripto, apresentou uma nova propaganda em novembro com a atriz Rebecca Ferguson (que recentemente apareceu no filme “Duna”) tirando um cubo de uma cachoeira e chamando Copper de “vantagem injusta”.

Snoop Dogg, Paris Hilton e Kim Kardashian já promoveram empresas cripto. Todos eles evitaram esse tipo de críticas.

Na verdade, a propaganda é constrangedora. A pior parte é seu bordão banal de conclusão: “A fortuna favorece os valentes”.

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E a propaganda com Damon é a segunda iniciativa de marketing chamativa da Crypto.com. A empresa abriu mão de US$ 700 milhões para colocar seu nome no Staples Center em Los Angeles.

Mas as pessoas que mais criticam a propaganda com Damon já odiavam criptomoedas.

O anúncio confirma o que já acreditam: é um golpe, é uma fraude. Benjamin McKenzie, ator de “The OC” e “Gotham”, se tornou seu representante, criticando, em aparições à CNN, outras celebridades que promoveram cripto.

Até aceitar doações em bitcoin (BTC) é o suficiente para causar fúria.

Quando Mozilla, a empresa por trás do navegador de internet Firefox, tuitou um simples lembrete em 31 de dezembro que aceita doações em cripto (essa opção existe desde 2014), a reação foi tão fervorosa (incluindo de um cofundador do Mozilla) que teve de pausar doações em bitcoin.

Se não é o marketing que os irrita, são empresas que lançam tokens não fungíveis (NFTs).

Em dezembro, a GSC Game World cancelou planos de integrar NFTs em seu jogo “S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chernobyl” após a reação negativa e o Discord desistiu de integrar a carteira MetaMask do Ethereum após seus usuários (em sua grande maioria, jogadores) ficarem revoltados.

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O péssimo início de ano do bitcoin também resultou em uma variedade de manchetes e tuítes de vitória sobre como criptomoedas são voláteis demais, é tudo golpe e assim por diante.

O bitcoin chegou a seu 13º aniversário este mês. Após 13 anos de negociação, por que os mesmos céticos o odeiam com tanto fervor do que no início?

Ouviram falar que criptomoedas estão acabando com o meio ambiente ou que é um esquema de Ponzi que se aproveita de investidores ingênuos.

Outros são simplesmente desencorajados pelo que acreditam que representa a cultura cripto: caras que são HODLers de cripto em Miami e donos babões de Bored Apes que não sabem o que é arte.

O Decrypt discorda. Não dá conselhos de investimento e grande parte de seus escritores possuem poucas criptomoedas.

É importante dizer que, pelo menos, acredita que a tecnologia é fascinante. Grande parte das pessoas que não gostam de criptomoedas, apenas não a entendem e não querem aprender.

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Então o que pode fazê-las mudar de ideia? O crescimento do preço não ajudou: o bitcoin saiu de uma cotação de centavos para quase US$ 70 mil e as pessoas ainda reviram os olhos.

A ampla adesão por bancos, fundos de hedge e marcas de consumo não está no coração e na mente das pessoas.

A chegada do Ethereum 2.0, que irá migrar para um mecanismo de consenso proof of stake (PoS) e usar bem menos energia, pode ajudar a combater as reclamações sobre o impacto ao meio ambiente.

O auge contínuo dos NFTs com casos de uso verdadeiros (em jogos, como ingressos de participação, como prova de comparecimento) pode converter alguns incrédulos.

Mas provavelmente serão necessários usos cotidianos do mundo real, além de apenas especulação de preço, para forçar algumas pessoas a entenderem que cripto é real.

Talvez será uma inovação da febre da Web 3 nas redes sociais descentralizadas, organizações autônomas descentralizadas (DAO) ou ferramentas de trabalho digital que irá impressionar pessoas comuns.

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Em relação às empresas que estão sofrendo com a reação imediata ao anunciarem planos cripto ou NFT, Jason Nelson, do Decrypt, tem uma sugestão: “Pare de dizer a todos o que você está fazendo”. Abaixe sua cabeça e lance algo, sem fazer muito barulho, e deixe que seus usuários decidam se eles gostam ou não.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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