Moedas sendo colocados em um cofrinho
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Os fãs de Bitcoin estão aproveitando o começo do ano para participar de outra tradição curiosa dessa época. Na terça-feira, 3 de janeiro, eles celebraram um feriado único, anual e popularmente conhecido como Prova de Chaves (Proof of Keys, em inglês), iniciado em 2019 pelo evangelista da criptomoeda Trace Meyer.

Em uma experiência que espelha algo como uma “corrida bancária”, a comunidade usa este dia para encorajar colegas Bitcoiners a retirar seus Bitcoins das exchanges e outros serviços de terceiros, para que possam obter a propriedade total de seus ativos. A data foi especificamente escolhida, pois é o dia em que o Bloco Gênese, o primeiro bloco de Bitcoin, foi extraído, em 2009.

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A filosofia desse “feriado” é simples: muitas pessoas deixam seus Bitcoins (e outras criptomoedas) nas exchanges. Mas, ao fazer isso, não estão assumindo o controle total dos seus fundos. Em vez disso, eles estão confiando na corretora.

“Não são suas chaves, não são suas moedas”, como diz uma expressão popular no universo cripto. (Ou às vezes “não são suas chaves, não é seu queijo.”)

Como a recente calamidade da exchange FTX nos mostrou, terceiros nem sempre são confiáveis. A FTX perdeu bilhões de dólares em criptomoedas dos usuários—e eles não sabem se algum dia receberão seu dinheiro de volta.

“Todos devem aproveitar a propriedade mais importante do Bitcoin, a capacidade de autocustódia! O dia 3 de janeiro tornou-se um ‘feriado Bitcoin’ para juntos nos lembrarmos deste importante esforço”, disse o CEO e cofundador da Coinkite, Rodolfo Novak.

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Ele acrescentou que “a autocustódia ficou tão fácil, que ninguém tem uma desculpa agora”, apontando para carteiras de hardware como uma forma segura de autoarmazenar fundos sem a necessidade de uma exchange ou outro terceiro.

Fazer ou não fazer a autocustódia? Eis a questão

Uma “corrida bancária” evoca as memórias da Grande Depressão dos EUA, onde muitas pessoas fizeram fila nos bancos para retirar seus fundos, preocupadas com o fato de seu banco não ser solvente.

A Prova de Chaves não é para ser algo tão dramático assim, mas segue uma ideia semelhante. Navegando no Twitter, vários usuários alegaram ter retirado seus fundos das exchanges ou divulgaram a ideia de configurar novas carteiras de hardware para garantir a segurança das suas criptomoedas.

A startup de hardware, Foundation, a startup de autocustódia Casa e outras empresas organizaram um Twitter Spaces divulgando dicas sobre como começar a custodiar fundos da maneira mais segura possível. Uma recomendação fundamental foi armazenar fundos em uma carteira de hardware desconectada da internet, para que ela não possa ser hackeada remotamente.

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Mas a maior parte da discussão girava em torno do que os usuários não deveriam fazer.

Novak fez um alerta contra o armazenamento de frases-semente na nuvem. A vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Unchained, Justine Harper, disse que “erro do usuário” e “complicar demais as coisas” foram duas das principais razões pelas quais ela viu as pessoas perderem fundos por conta própria. 

Por exemplo, um usuário pode ler algo no Twitter sobre um mecanismo de autocustódia mais complicado, mas seria uma configuração muito complicada para ele, ele erraria em algum passo e perderia o seu dinheiro.

Tal exemplo é um lembrete dos riscos da autocustódia dos fundos. Ou seja, perder as chaves Bitcoin (que essencialmente funcionam como uma senha) significa perder o Bitcoin, para sempre. Pouco antes do “feriado” Prova de Chaves, o desenvolvedor veterano da Bitcoin Core, Luke Dashjr, contou no Twitter que ele perdeu milhões de dólares em Bitcoin em um hack.

Alguns argumentaram que, se nem mesmo um desenvolvedor de Bitcoin de longa data consegue autocustodiar seu Bitcoin, então o investidor médio não tem muita esperança.

Dashjr ainda não explicou completamente como ele estava protegendo seu Bitcoin, mas, pelo que compartilhou, ele provavelmente não configurou tudo da melhor forma. Seus fundos provavelmente estavam em uma hot wallet conectada à internet. Isso é um alerta feito por basicamente todos os especialistas em segurança do setor.

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Como o antigo colaborador e mantenedor do Bitcoin Core, Jonas Schnelli falou: “o excesso de configurações e níveis de complexidade paranóicos podem levar a vulnerabilidades. KISS suas chaves”, invocando o acrônimo para “Mantenha a simplicidade, idiota.” (Keep It Simple, Stupid.”)

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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