Um homem suspeito de tráfico internacional de drogas, que eram adquiridas por meio da Deep Web e pagas com criptomoedas, foi preso em flagrante pela Polícia Federal (PF) na manhã de sexta-feira (17) em Porto Alegre.
A PF não informou o tipo de criptomoeda usada pelo suspeito. No entanto, as moedas digitais que costumam ser usadas em operações na Deep Web são ou o bitcoin ou monero, uma por ser a mais popular e outra por apresentar características de anonimato, a peça chave de quem faz operações ilegais.
De acordo com comunicado da PF à imprensa, as investigações começaram com a apreensão de 15 encomendas no Centro Internacional dos Correios, em São José dos Pinhais (PR), entre meados de 2017 e janeiro de 2019.
As encomendas eram endereçadas a vários destinatários em um mesmo endereço, em Porto Alegre (RS). Nesse período foram apreendidos cerca de 600 comprimidos de ecstasy. A droga era proveniente da Europa, especialmente da Holanda.
Reincidente
A partir desse monitoramento foi possível identificar o suspeito e verificar que ele já responde por crime idêntico na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Com base nessa investigação, a PF solicitou mandado judicial de busca e apreensão junto à 14ª Vara Federal em Curitiba.
Além do suspeito, os policiais encontraram no local comprimidos de esctasy, selos de LSD e cristal (MDMA), o que motivou a prisão em flagrante.
Caso condenado, o preso poderá cumprir pena de 15 anos de prisão, além do pagamento de multa.
Necessidade de entender a tecnologia
Embora as criptomoedas não sejam ilícitas, seu uso para delitos diversos — de tráfico de drogas a esquemas de lavagem de dinheiro — chama a atenção das autoridades mundo afora. E o Brasil não fica de fora desse cenário.
Em maio passado, um webinário promovido pelo Ministério da Justiça — ao qual a PF está subordinada — discutiu o uso de criptomoedas para atividades ilegais. No entanto, não deixou de reconhecer que tais ativos são lícitos, mesmo que ainda careçam de regulação.
Um dos convidados, o perito criminal da PF Silvino Schilickmann, disse que as criptomoedas trazem consigo uma quebra de paradigma em todos os sentidos [financeiro, regulatório e em outras áreas], o que leva à necessidade de uma melhor preparação para esse novo contexto.
“Isso não é para demonizar, mas sim para mostrar que bitcoin também é usado para lavar dinheiro. “Existe necessidade de entender os mecanismos de transferência, desenvolver novas ferramentas, de se compreender melhor a tecnologia”, disse ele durante o evento.
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