Sobreviver às fortes quedas de preço que a maioria das criptomoedas enfrentam nos últimos meses no chamado ‘inverno cripto’, está sendo difícil para empresas que atuam na área e que dependem do interesse de investidores para lucrar.
Só nos últimos 30 dias, pelo menos 25 plataformas de negociação de criptoativos fecharam as portas e deixaram de existir. A estimativa feita pelo Finbold leva em consideração as corretoras rastreadas pelo agregador de preços CoinMarketCap.
Se no dia 6 de junho a plataforma identificava que haviam 525 exchanges operando no mercado, esse número caiu para 500 na quarta-feira, 6 de julho.
É possível comparar o número de corretoras listadas no passado no agregador ao usar ferramentas como o Web Archive. Embora o número represente uma queda significativa no mês, ao abrir o escopo de análise para um ano, pelo menos 116 novas corretoras começaram a operar nesse período — e ainda estão vivas — no mercado.
Sobrevivendo ao inverno cripto
Neste momento de baixa, são as empresas menores que sofrem o maior impacto do esfriamento do mercado, enquanto corretoras mais maduras têm reservas para queimar e se manter operacional.
Mesmo nesses casos, poucas passam ilesas pelo bear market. Diversas exchanges já foram obrigadas a diminuir seus quadros de funcionários e pausar expansões internacionais para enfrentar esse momento de crise cujo fim ainda é incerto.
Para somar ao problema da queda de preço das criptomoedas, uma série de empresas da área enfrentam atualmente uma grave crise de liquidez. Conforme revelou o CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, muitas corretoras estão “secretamente insolventes”, ou seja, não têm dinheiro suficiente para quitar suas dívidas ou pagar os clientes. Na prática, isso significa que essas empresas estão quebradas.
Onda de falências
Embora o empresário não tenha revelado os nomes de quais corretoras estão nessa situação, a comunidade cripto já tem conhecimento sobre a grave situação em que se encontram companhias como a Three Arrows Capital, Voyager Digital, Babel Finance, BlockFi, e Celsius — a primeira do grupo a sucumbir e travar as criptomoedas dos clientes.
A credora de criptomoedas Voyager Digital, por exemplo, entrou com pedido de falência na terça-feira (5), provando que o empréstimo de US$ 200 milhões oferecido pela Alameda Ventures, empresa de Sam Bankman-Fried, não foi suficiente para salvá-la.
A Voyager estima que possui 100 mil credores e entre “US$ 1 e US$ 10 bilhões” em ativos, com um volume equivalente de passivos.
“Acreditamos fortemente no futuro da indústria, mas a volatilidade prolongada nos mercados cripto e o default da Three Arrows Capital exigem que tomemos essa ação decisiva”, disse o CEO Stephen Ehrlich no Twitter. Em comunicado, o executivo afirmou que reorganizar a companhia “é a melhor forma de proteger” os ativos da Voyager.
A empresa diz estar nessa situação por causa de sua dependência da Three Arrows Capital (3AC) — outra companhia que também entrou com pedido de falência na semana passada — já que sua carteira era quase 60% composta por empréstimos para a 3AC.
Como resultado, a Voyager teve a negociação de suas ações suspensa na Bolsa de Valores de Toronto nesta quarta-feira (6).