O Partido Comunista Brasileiro (PCO) resolveu declarar guerra à febre dos tokens não fungíveis (NFT) em um artigo publicado na quarta-feira (27). De acordo com o texto da agremiação, esse tipo de criptoativo teria se tornado “uma forma de tirar dinheiro de trouxa”.
O texto “NFT e metaverso: reservas de dinheiro tiradas do khú” afirma que a ideia de escassez digital – que faz com que algumas coleções de NFTs tenham preços exorbitantes – é mais um sinal de uma “sociedade em decadência” do que do desenvolvimento do capitalismo.
Os NFTs, na visão do partido, são mais uma forma pela qual a burguesia tenta utilizar ao máximo os “meios de opressão à classe operária”.
“Como se a especulação financeira no ‘mundo real’ já não fosse danosa o bastante, a classe dominante não se contenta em utilizar só ela e está sempre inovando nas formas de exploração”, diz um trecho do artigo.
De acordo com o grupo, os NFTs contrariam as intenções de seus principais defensores: ao invés de ser um título de propriedade livre das amarras do Estado, teriam se tornado uma fonte de muito dinheiro para grandes empresários.
“Muitas pessoas têm sido julgadas nas redes sociais por imprimir NFTs, pois alguns defendem que é um crime. Essa alegação não diz respeito a nada mais além dos interesses da burguesia”, criticou.
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Já o metaverso se mostra ainda mais “bizarro” para o PCO: “Ele consiste numa realidade virtual em que você pode comprar terrenos, imóveis, roupas e itens diversos que só existirão naquele universo. Pode ser comparado a skins em jogos online, mas em uma versão mais caótica e degenerada”.
PCO diz ter a simpatia dos ancaps
O PCO é um pequeno partido radical de extrema esquerda, famoso por posicionamentos polêmicos e que volta e meia se transforma em memes na internet.
O que levou o grupo a expor sua visão sobre os NFTs foi sua alegação de que alguns anarcocapitalistas, (“ancaps”, grupo que reúne muitos entusiastas de criptomoedas) teriam simpatia pela legenda, como consequência da sua posição em pautas sobre censura e liberdade.
O PCO, vale lembrar, defendeu o direito de existir um partido nazista no Brasil e ficou do lado do podcaster Monark quando ele ergueu essa bandeira no Flow – o que levou a sua demissão do programa.
“Algumas vezes até esquecem-se [os ancaps] de que somos um partido marxista, que tem como principal reivindicação a abolição da propriedade privada dos meios de produção e um governo operário”, relembrou o partido.