piramide financeira criptomoedas
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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou na terça-feira (26) que Pablo Renato Rodriguez, um dos criadores da pirâmide financeira com criptomoedas Airbit Club, foi sentenciado a 12 anos de prisão. O réu comandava o esquema junto com o brasileiro Gutemberg dos Santos, que está preso nos EUA desde dezembro de 2020 — o cidadão do Brasil já se declarou culpado e aguarda sentença, que será divulgada no dia 3 de outubro.

Segundo o comunicado oficial do governo norte-americano, Rodriguez, 40 anos, foi quem orquestrou o esquema criminoso que deixou prejuízos multimilionários em diversos países.

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O procurador dos EUA, Damian Williams, afirma que ele atacava investidores pouco sofisticados com falsas promessas de investir o dinheiro no trade e mineração de criptomoedas. 

“Em vez de investir em nome de investidores, Rodriguez escondeu o dinheiro das vítimas num complexo esquema de lavagem usando Bitcoin, uma conta fiduciária de advogado e empresas internacionais de fachada”, afirma o procurador. 

Segundo Williams, o criador da Aibit Club é um exemplo dos indivíduos que “exploram criptomoedas para cometer fraudes”, e a sentença deve “dissuadir qualquer pessoa que possa ser tentada a fraudar outras pessoas com falsas promessas de investimentos em criptomoedas”.

Airbit Club

A Airbit Club era um esquema fraudulento de marketing multinível que usava criptomoedas como isca. A empresa foi fundada por Gutemberg do Santos, um brasileiro que está desde dezembro de 2020 preso nos EUA. Ele já fez acordo em outubro de 2021 admitindo culpa em casos de lavagem de dinheiro, fraude eletrônica e fraude bancária — crimes que podem levar até 30 anos de prisão.

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Desde o início deste ano, diversos outros líderes da organização também se declararam culpados. Entre eles estão os vendedores do esquema Millan Chairez e Jackie Aguilar, e o advogado responsável por lavar o dinheiro, Scott Hughes.

Gutemberg e Rodriguez

Conforme apurado pelo Portal do Bitcoin, Gutemberg e Pablo Rodriguez fundaram a Airbit Club depois de ambos ‘fazerem escola’ com outras tentativas de manobras similares. Foram encontradas pelo menos duas: Vizinova e WCM777. Apesar da tentativa de líderes, elas não vingaram no Brasil. A Airbit Club sim.

Em meados de 2020, Gutemberg ainda se apresentava como empresário, empreendedor, coach e palestrante motivacional. Uma de suas bandeiras era “preparar jovens empreendedores”.

Gutemberg dos Santos criador da piramide Airbit Club
Gutemberg dos Santos, criador do Airbit Club (Foto: Divulgação)

Uma reportagem feita pelo site The Intercept Brasil mostrou a história de um jovem que usou o espaço da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) para promover a Airbit. Ele contou que, através do “Marketing Multinível”, com 16 anos já tinha comprado um carro de luxo, uma BMW, e que ganhava mais de R$ 100 mil por mês.

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O esquema Airbit Club aplicado nos EUA foi o mesmo empregado no Brasil e em outros países. Os acusados prometiam retornos extraordinários sobre investimentos em criptomoedas, mas os rendimentos mostrados na plataforma eram fictícios.

Para chamar público e tentar passar confiança ao negócios, Gutemberg usava nas palestras o ex-jogador da Seleção Brasileira Cafu como garoto-propaganda.

Prisão nos Estados Unidos

O departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) confirmou a extradição de Gutemberg do Panamá para o solo americano em dezembro de 2020.

Gutemberg estava preso no Panamá desde agosto daquele ano, quando foi detido por autoridades da agência policial dos EUA para assuntos de fronteira (HSI).

De acordo com a responsável pela extradição, a procuradora de Nova York Audrey Strauss, Gutemberg dos Santos, que possui cidadania americana, desempenhou um papel fundamental na montagem internacional da Airbit com criptomoedas. Ela reafirmou que Santos fraudou vítimas em dezenas de milhões de dólares.

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A sentença de Gutemberg dos Santos será pronunciada no dia 3 de outubro.

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