A China finalmente declarou o fim do Bitcoin, tornando ilegal qualquer atividade envolvendo negociação de criptomoedas. Uma publicação oficial do Banco Central do país afirmou que as entidades reguladoras locais estão realizando um esforço coordenado para encerrar operações, incluindo a prestação de serviço para empresas estrangeiras do segmento.
Ok, vamos imaginar que isso dá certo
Não vivo na China, nem tenho grandes contatos por lá, mas vamos imaginar que seja possível fazer este bloqueio. Ainda assim é possível rodar o software Bitcoin em qualquer dispositivo e receber dados via satélite ou rádio.
Estamos falando do pior cenário, onde a internet seria censurada mesmo utilizando servidores VPN, tecnologia que funciona atualmente, mesmo na China. Ou seja, impedir as transações de Bitcoin é impossível.
E quanto ao bloqueio bancário?
Realmente, censurar transações financeiras, incluindo WePay e AliPay, é bem simples. Além disso, há sinais claros de que os governos querem “matar” o dinheiro em espécie. No entanto, engana-se quem acha que esta é a única forma de transacionar valores.
Primeiro, temos as cédulas de dólares e euros, mas também podemos incluir gift cards, os créditos em grandes varejistas. Não obstante, é possível entregar Bitcoin na forma física através de pen drives Opendime ou equivalente.
“Nature finds a way”, ou “a natureza encontra um caminho”, é uma frase que ficou imortalizada no filme Jurassic Park. A prática de “cambismo” de ingressos é proibida no Brasil, no entanto, qualquer agência de turismo pode vender “pacotes” de transfer (van) incluindo a entrada.
E se houver monitoramento 24h?
Não duvido nada que o chinês seja espionado por câmeras com reconhecimento facial. No entanto, você está subestimando a ganância das pessoas. São inúmeros os exemplos históricos, inclusive no próprio Brasil, da existência de “mercados paralelos”, como foi o dólar nas décadas de 80 e 90.
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Se você entende que não há como um governo bloquear a rede Bitcoin, é fácil compreender que as transações vão ocorrer. É possível informar as palavras-chave de uma carteira multi-assinatura por telefone, ou enviar por carta. Quem quer fugir do sistema, vai dar um jeito, acredite.
E se matarem a mineração?
A China expulsou os mineradores, que se mudaram para Cazaquistão, EUA, Canadá, e Sibéria, onde há energia barata e renovável disponível. Mudou algo para o Bitcoin? Nada, zero.
Mesmo que todas as máquinas ASICs sejam destruídas, a rede possui um mecanismo de ajuste automático que irá permitir a mineração utilizando PCs e equipamentos mais simples.
CBDC vai matar o Bitcoin?
CBDC — Moeda Digital do Banco Central — nem usa blockchain e nem precisa, pois é totalmente centralizada. Ao invés de agregar valor, vai tornar a moeda fiduciária menos desejada. Em algum momento, seja por inflação ou excesso de limites e imposições, o cidadão resolve abandonar o sistema. É por isso que o Bitcoin irá vencer, pela ganância, de ambos os lados.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Em 2017, se tornou trader e analista de criptomoedas. Maximalista convicto, assina também o canal no Youtube RadarBTC.