*Correção: o responsável pelo fundo Grayscale é Barry Silbert e não Michael Novogratz como mencionado anteriormente. O texto foi corrigido.
Enquanto alguns se distraíram com o crescimento frenético da emissão de stablecoins, algo de muito estranho ocorreu no mercado. Um único fundo de investimento voltado para investidores profissionais comprou 65 mil bitcoins só em 2020.
Adentramos uma nova era
Trata-se do Grayscale Bitcoin Trust, cujo CEO e fundador é Barry Silbert do Digital Currency Group (DCG). Este único fundo ultrapassou os 320 mil BTCs sob gestão. A custódia, ou guarda de ativos, realizada pela Coinbase Custody dividiu esta fortuna em diversas wallets, fazendo com que o fundo fugisse do radar, mesmo dos mais atentos.
A custódia, ou guarda de ativos, realizada pela Coinbase Custody dividiu esta fortuna em diversas wallets, fazendo com que o fundo fugisse do radar, mesmo dos mais atentos.
Nada disso é secreto, pelo contrário. O fundo é listado na bolsa de valores, e os dados são constantemente atualizados na própria página do Grayscale Bitcoin Trust.
O que passou despercebido foi o fato destes investidores profissionais terem atingido a incrível marca de 2% dos Bitcoins em circulação. Este cálculo assume que 3 milhões de BTCs foram perdidos para sempre.
Mais importante que isto: após o halving do Bitcoin, aguardado para o próximo dia 12 de maio, a emissão de novos BTCs diários será reduzida para 900.
Só esse fundo da Grayscale tem comprado uma média diária de 540 BTCs em 2020, ou seja, 60% da quantidade a serem emitidos.
Não podemos assumir que este ritmo irá continuar, mas devemos lembrar que os investidores profissionais não são obrigados a comprar através da Grayscale Digital Asset ou qualquer outra gestora.
A própria BAKKT, Bolsa de Valores do mesmo grupo econômico da New York Stock Exchange (NYSE), intermedia negociações de Bitcoin.
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Nem tudo são flores
Assim como o meme do Ralph, personagem do desenho animado Simpsons, temos que comemorar, mas ao mesmo tempo lembrar que esses Bitcoins passam a ficar sob a tutela de uma única gestora.
Há sempre o risco de fazerem algum tipo de lobby em termos regulatórios, ou até mesmo financiarem o desenvolvimento de outras implementações e forks.
Um olhar para o futuro
Como diria nossa ex-Presidenta, “depois que a pasta de dentes sai do dentifrício ela dificilmente volta”.
É razoável assumir que estes investidores profissionais vão continuar crescendo, e com isto uma parte relevante do fluxo pode migrar para este tipo de fundo de investimento.
Da mesma forma, se por um milagre o ETF do Bitcoin for aprovado, será a vez dos investidores de varejo migrarem o trade para as bolsas de valores tradicionais.
No entanto, assim como o Uber conquistou um tipo de cliente que não era grande usuário de táxis, este volume através dos fundos de investimentos deverá ser, na sua maioria, incremental.
Vamos olhar com bons olhos este ingresso e torcer para que um dia esse povo aprenda que para ter um Bitcoin é preciso controlar a chave privada associada à carteira.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas, além de ser cofundador do site de análise de criptos RadarBTC.