Imagem da matéria: O anonimato do Bitcoin caiu por terra?! | Opinião
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Recentemente o Wall Street Journal publicou uma reportagem afirmando que as autoridades federais dos Estados Unidos conseguiram quebrar o anonimato do Bitcoin.

O texto dá vários exemplos em que o governo conseguiu rastrear supostos criminosos pela blockchain e interceptou o dinheiro, prendendo as pessoas envolvidas.

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Embora essa notícia possa parecer alarmante para alguns usuários de Bitcoin, é importante lembrar que o Bitcoin não é anônimo, mas sim pseudônimo.

Isso significa que, embora a identidade dos usuários não seja revelada diretamente nas transações, ainda é possível rastrear as transações e vinculá-las a uma pessoa ou entidade através de outras informações.

Uma outra abordagem seria até considerar o BTC como anônimo, mas não esquecer o seu lado transparente e aberto.

Por exemplo, cada transação no Bitcoin inclui informações sobre os endereços de envio e recebimento.

Mesmo que as chaves privadas sejam mantidas em segredo pelos usuários, as chaves públicas e os endereços podem ser vistos por qualquer pessoa na blockchain.

Isso significa que, se alguém conseguir vincular um endereço a uma pessoa ou entidade específica (por exemplo, através de informações fornecidas por uma exchange de criptomoedas), será possível rastrear todas as transações realizadas por esse endereço.

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Na verdade, muitas autoridades apenas monitoram os endereços e ficam esperando que as moedas sejam enviadas para uma exchange ou serviço que os vincule.

Então não há nenhuma quebra de código ou surpresas. O Bitcoin funciona perfeitamente dentro da proposta de pseudoanonimato que tem.

Técnicas de rastreamento de Bitcoins

Agora, vamos conhecer duas técnicas usadas pelo governo e pesquisadores para vincular vários endereços a uma única entidade:

1 – A análise de cluster, que envolve o agrupamento de endereços. Isso pode ser feito de várias maneiras, como observando padrões de gastos e recebimentos, ou então analisando informações de entrada e saída de transações.

Por exemplo, se dois endereços diferentes são usados como entradas em uma única transação, é provável que eles sejam controlados pela mesma entidade.

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2 – A análise de fluxo, que envolve o rastreamento do fluxo de criptomoedas entre endereços.

Isso pode ser feito observando as transações na blockchain e seguindo o caminho das criptomoedas à medida que elas são transferidas entre endereços. Ao fazer isso, é possível identificar padrões e vincular vários endereços a uma única entidade.

Mas, não se engane: da mesma forma que os forenses têm suas técnicas, os usuários que lutam por maior privacidade possuem alguns recursos.

Vamos ver alguns deles a seguir.

Aumentando o Anonimato e Privacidade

Existem várias medidas que bitcoiners podem tomar para aumentar sua privacidade e manter o relativo anonimato ao usar o Bitcoin.

Se quer discrição, você deveria criar endereços novos a cada vez que for receber uma transação. Ao não reutilizar endereços, o rastreio é mais difícil.

Outra medida é o uso de redes de privacidade, como a Tor. Essas redes permitem que os usuários realizem transações ocultando seu endereço IP e outras informações que possam ser usadas para identificá-los.

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Além disso, pode ser usada a técnica de CoinJoin para misturar suas transações com as de outros usuários. CoinJoin é algo parecido com os mixers tradicionais de criptomoeda. Mas ela é considerada descentralizada, mais segura e menos propensa a regulamentações. A Wasabi Wallet oferece esse serviço.

Por fim, ainda há a opção do PayJoin, que é uma tecnologia semelhante ao CoinJoin. A diferença é que ela é de difícil detecção de uso. Assim, os profissionais de rastreamento têm dificuldade em identificar quais as transações usaram a técnica

Essas não são as únicas formas que poderiam ser citadas para ter um maior anonimato ao utilizar o bitcoin. Mas acredito que os exemplos já deram uma ideia das múltiplas formas que são usadas para isso.

Tá vendo? Nem precisa ficar falando de Monero e ZCash.

Embora o Bitcoin não seja completamente anônimo, existem várias medidas que os usuários avançados podem tomar para aumentar sua privacidade e manter o anonimato ao usar a criptomoeda.

Com essas dicas, os usuários podem desfrutar dos benefícios do Bitcoin enquanto protegem sua privacidade.

Enquanto isso, deixe o governo se iludir e brincar de pique esconde…

Um dia eles aprendem os conceitos e fundamentos reais por trás do maior ativo do mercado cripto.

Sobre o autor

Fabrício Santos possui MBA em Engenharia Econômica, é Product Manager e atua como Coordenador de Educação da Criptomaníacos, contribuindo no setor de conteúdo, produto e pesquisa da empresa desde 2019