Sam Bankman-Fried, fundador e CEO da corretora de criptomoedas FTX
Sam Bankman-Fried, fundador e ex-CEO da corretora de criptomoedas FTX (Foto: Reprodução/YouTube)

O novo CEO da quebrada corretora de criptomoedas FTX, John J. Ray III, fez comunicados no processo de recuperação judicial da empresa nesta quinta-feira (17) criticando a gestão feita Sam Bankman-Fried, criador da exchange e seu antecessor no cargo

“Nunca na minha carreira eu vi uma falha tão completa de controles corporativos e tanta ausência de informações financeiras confiáveis como ocorre aqui”, afirmou o executivo.

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“De sistemas compromissados e uma fiscalização regulatória fraca até a concentração de poder na mão de poucos indivíduos inexperientes, pouco sofisticados e potencialmente compromissados, a situação não tem precedentes”, completou.

Não é a primeira vez que John Ray, advogado e novo CEO da FTX, trabalha com empresas multibilionárias que acabam em falência. Ray supervisionou anteriormente o polêmico processo de falência de US$ 23 bilhões da Enron, uma empresa de energia.

Como parte de uma declaração das informações que descobriu até agora, Ray também repetidamente questionou as declarações feitas por SBF enquanto era CEO da FTX, dizendo que não confia nos balanços não auditados produzidos sob a liderança do ex-chefe.

“O senhor Bankman-Fried também afirmou que o FTX.com, em julho de 2022, tinha ‘milhões’ de usuários registrados. Esses números não puderam ser verificados por minha equipe”, escreveu ele.

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Outro aspecto do FTX que recebeu críticas foi a falta de registros sobre o processo de tomada de decisões.

“Uma das falhas mais difundidas do negócio FTX.com, em particular, é a ausência de registros duradouros de tomadas de decisão. Bankman-Fried costumava se comunicar usando aplicativos que foram configurados para exclusão automática após um curto período de tempo e incentivou os funcionários a fazer o mesmo”, disse Ray.

Ray também criticou o uso de softwares para ocultar o “uso indevido de fundos corporativos”. Segundo ele, isso permitiu que
fundos corporativos da FTX nas Bahamas fossem usados para “comprar casas e outros itens pessoais para funcionários e consultores”, e os ativos foram atribuídos pessoalmente aos funcionários, sem nenhum registro de que eles tivessem que pagar qualquer empréstimo.

Distanciamento

Mais cedo nesta quinta, após dias de tweets enigmáticos e controversos de Bankman-Fried, Ray já havia ido ao Twitter para distanciar a empresa de seu fundador e ex-garoto-propaganda.

O novo CEO usou a conta oficial da FTX no Twitter para enfatizar novamente a mudança de liderança na exchange quebrada. Ray aparentemente não apoia o novo senso de “transparência” de Bankman-Fried, já que o ex-líder continua twittando desculpas e outras reflexões que viram manchetes e irritam os investidores lesados.

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“Como anunciado anteriormente, o Sr. Bankman-Fried renunciou no dia 11 de novembro da [FTX], FTX US, Alameda Research e suas subsidiárias, direta e indiretamente, detidas”, diz a declaração de Ray no Twitter. “O Sr. Bankman-Fried não tem nenhum papel permanente na [FTX], FTX US, ou Alameda Research e não fala em seu nome.”

Segundo ele, “o sr. Bankman-Fried, atualmente nas Bahamas, segue fazendo comunicados públicos erráticos: ele recentemente afirmou: ‘fodam-se os reguladores’. Segundo Ray, tais afirmações são “enganosas”

“Mr. Bankman-Fried, whose connections and financial holdings in the Bahamas remain unclear to me, recently stated to a reporter on Twitter: ‘F*** regulators they make everything worse’ and suggested the next step for him was to ‘win a jurisdictional battle vs. Delaware,’” said Ray.

Polêmicas

A mensagem do novo CEO da FTX vem depois do Vox ter publicado uma reportagem contendo uma série de mensagens diretas do Twitter enviadas por Bankman-Fried (SBF) a um repórter na noite passada. Em meio a uma longa conversa, o Vox perguntou à SBF se seu foco no altruísmo rentável e no resgate de empresas de cripto era “principalmente um fachada.”

“Sim”, respondeu Bankman-Fried. “Quero dizer, isso não é tudo, mas é muito.”

Agora, SBF twittou que estava conversando com “um amigo” e que as suas mensagens “não tinham a intenção de serem públicas, mas acho que são agora.” Ele não nomeou especificamente o repórter do Vox , mas seus tweets vieram logo após a publicação da reportagem. Os DMs compartilhados de SBF indignaram ainda mais alguns nomes na indústria cripto.

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Essas mensagens e outras que ele compartilhou publicamente no Twitter são as últimas tentativas de Bankman-Fried de esclarecer o súbito colapso da sua antiga empresa. O desenrolar da FTX deixou potencialmente mais de um milhão de clientes sem acesso aos seus fundos, e deu início a um aparente contágio que também está impactando outras empresas cripto.

Em 13 de novembro, dois dias depois que a FTX entrou com pedido de recuperação judicial, Bankman-Fried deixou o cargo de CEO. O ex-bilionário então começou a postar tweets de uma única palavra e de uma única letra que mais tarde juntos geravam a frase: “o que aconteceu?”

“Vou ver o que aconteceu”, continuou Bankman-Fried, acrescentando que queria focar-se na situação atual. Ele finalmente começou uma longa thread sobre a FTX e a Alameda Research, ambas co-fundadas por SBF.

“Meu objetivo—meu único objetivo—é fazer o que é certo pelos clientes”, disse ele, alegando que está se reunindo com os reguladores e fazendo o que pode para ajudar os usuários afetados pelo colapso da FTX. No entanto, a tendência de Bankman-Fried de compartilhar informações publicamente não parece estar de acordo com a nova liderança da FTX.

Atualmente, Bankman-Fried está sob investigação nas Bahamas depois que surgiram relatos de que ele pretendia fugir para Dubai, um país sem acordo de extradição com os EUA.

Em dezembro, o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos chamará Bankman-Fried para testemunhar perante ao Congresso sobre o colapso da sua empresa outrora proeminente.

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*Com informações do Decrypt.

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