Imagem da matéria: Nova leva de e-mails de Satoshi Nakamoto revela detalhes sobre a criação do Bitcoin
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O processo judicial entre a Crypto Open Patent Alliance (COPA) e o empresário Craig Wright, que alega ser o inventor do Bitcoin, provavelmente não produzirá nenhuma revelação de grande impacto. Mas a divulgação de e-mails atribuídos ao pseudônimo criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, proporcionou uma lição de história surpreendentemente cheia de nuances para a famosa criptomoeda.

O último lote de e-mails do criador do Bitcoin — datado entre 5 de fevereiro de 2009 e 12 de julho de 2010 — foi endereçado ao cientista da computação e desenvolvedor de software Martti Malmi, um dos primeiros colaboradores do Bitcoin, conhecido pelo apelido de Sirius. Malmi depôs no caso COPA vs. Wright na quarta-feira (21).

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“Enviar dinheiro pelo correio pode ter seus riscos, mas talvez ainda seja a melhor opção anônima”, escreveu Nakamoto em um ponto, favorecendo o método analógico como uma forma de proteger identidades. “Também podemos pedir doações em BTC no fórum.”

As mensagens entre Nakamoto e Malmi foram apresentadas como prova no momento em que o tribunal do Reino Unido analisa a contestada identidade do criador do Bitcoin. Desde 2016, o cientista da computação australiano Craig Wright afirma ser o inventor do Bitcoin.

Na quinta-feira (22), o tribunal recebeu o primeiro lote de e-mails, endereçados ao especialista em criptografia e cypherpunk Adam Back — CEO e cofundador da Blockstream — para acompanhar o testemunho de Back. Esses e-mails incluíam menção ao cientista da computação Hal Finney, que recebeu a primeira transação de Bitcoin de Nakamoto — e que alguns acreditam ser o verdadeiro Satoshi Nakamoto.

Assim como no caso do vazamento de e-mails anterior, o lote de 120 páginas de mensagens veio à tona por meio do historiador do Bitcoin e editor da Bitcoin Magazine, Pete Rizzo, no X.

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Embora o Bitcoin continue sendo a criptomoeda número um, com uma capitalização de mercado de um trilhão de dólares, os e-mails mostram que Nakamoto não cunhou o termo “criptomoeda” e não se sentia à vontade para chamar o Bitcoin de investimento.

“Isso é uma coisa perigosa de se dizer e você deveria excluir esse ponto”, disse Nakamoto a Malmi. “Não há problema se eles chegarem a essa conclusão por conta própria, mas não podemos apresentar isso.”

Embora políticos e especialistas continuem a se referir ao Bitcoin como anônimo, as mensagens mostraram que Satoshi também queria remover essa linguagem do site Bitcoin.org.

“Além disso, anônimo soa um pouco suspeito. Acho que as pessoas que querem anonimato ainda vão descobrir sem que a gente alardeie isso”, disse Nakamoto. “Removi a palavra ‘anônimo’ e a frase sobre ‘anonimato significa’ — embora você a tenha redigido com tanto cuidado — que pode ser mantida oculta… foi uma pena removê-la.”

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Em uma mensagem, Nakamoto detalhou como o Bitcoin poderia ser dimensionado no futuro, sugerindo que a rede teria um máximo de 100 mil Nós.

“100 mil Nós geradores de blocos é um bom tamanho em grande escala para se pensar”, escreveu Nakamoto. “Propagar uma transação por toda a rede duas vezes consumiria um total de [US$ 0,02] de largura de banda aos preços de hoje.”

Em seu comentário, Rizzo observou que existem atualmente 50 mil Nós executando o software Bitcoin.

Com o objetivo de adicionar mais administradores de servidor, Nakamoto sugeriu Gavin Andresen.

“Deveria ser Gavin”, disse Nakamoto. “Eu confio nele, ele é responsável, profissional e tecnicamente muito mais capaz de usar o Linux do que eu.”

Embora o mecanismo de consenso Proof-of-Stake seja elogiado por seu menor impacto no meio ambiente, nas mensagens, Nakamoto defendeu o Proof-of-Work como a única solução para fazer com que o “dinheiro eletrônico peer-to-peer funcione sem um terceiro confiável”.

“Mesmo que eu não o estivesse usando secundariamente como uma forma de alocar a distribuição inicial de moeda, o PoW é fundamental para coordenar a rede e evitar gastos duplos”, escreveu Nakamoto.

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Em sua busca para provar sua alegação de ser Satoshi Nakamoto, Wright apresentou separadamente mais de 160 mil documentos contábeis à BitMex Research na quarta-feira..

“Uma prova real de Satoshi teria apenas 150 bytes no total”, disse a BitMex Research, respondendo a um post no X do proeminente bitcoiner, engenheiro de software e cypherpunk, Jameson Lopp. “Em vez disso, ele produziu uma prova falsa de 160 mil páginas”.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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