Imagem da matéria: Namorado de Perlla volta a promover empresa de criptomoedas acusada de calote
Patrick Abrahão (Imagem: Reprodução/Instagram)

Patrick Abrahão, o namorado milionário da cantora Perlla que deixou o Brasil após receber ameaças de morte de Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins” preso por operar pirâmide financeira da GAS Consultoria, está de volta ao país para promover a sua empresa de criptomoedas acusada de dar calote em investidores.

O empresário de 23 anos se descreve nas redes sociais como número 1 da Trust Investing, uma gestora de investimentos suspeita de operar um esquema ponzi com bitcoin em países como Brasil, Espanha, México, Cuba, Inglaterra, Itália e Estados Unidos.

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A Trust Investing diz que possui hoje mais de 1 milhão de afiliados pelo mundo, conquistados através do  “marketing de relacionamento”, o que nada mais é do que marketing multinível em que cada investidor é forçado a trazer mais pessoas para o esquema, estratégia base das pirâmides financeiras.

Além de ser um dos representantes da Tust Investing no Brasil, Abrahão também capta clientes através da sua própria empresa Rede PP (Patrick Produções). Em vídeo publicado em dezembro no YouTube, ele diz que criou a empresa em 2013 com o intuito de “ensinar pessoas a investir no mercado financeiro com baixo investimento e sem conhecimento”.

As denúncias contra as empresas de Patrick começaram a surgir em agosto de 2021, quando clientes relataram não conseguir acessar o sistema da empresa para realizar saques. 

Dois meses depois, em outubro, o empresário afirmou que a plataforma da Trust Investing havia sido hackeada, impossibilitando que os clientes pudessem sacar seus rendimentos.

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Naquele mesmo mês, Patrick apareceu posando no Instagram com a sua recém-comprada BMW X6, avaliada em mais de R$ 1 milhão.

Patrick afirmou que os saques só voltariam a ser liberados após uma suposta auditoria e migração para uma nova plataforma. Quatro meses depois do suposto ataque hacker, a empresa ainda não pagou os investidores.

Um cliente da Trust Investing que pediu para não ter o nome revelado por questões de segurança, denunciou ao Portal do Bitcoin o aparente calote:

“A empresa de criptomoedas bloqueou os saques de 2 milhões de contas desde outubro do ano passado. Tenho alguns afiliados que estão na mesma situação, mas com medo dos nomes serem revelados”.

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O depoimento condiz com outras denúncias encontradas no site Reclame Aqui. Na última quarta-feira (2), um investidor de Florianópolis escreveu:

“Com muita desconfiança, fui convencido a investir nessa empresa, logo após eu colocar R$ 1.505 (271 dólares) a empresa bloqueou os acessos da plataforma com o argumento de que faria uma auditoria, desde então não consigo resgatar meu dinheiro, não sei mais o que fazer.. Preciso de ajuda, pois esse dinheiro não foi [Editado pelo Reclame Aqui], foi trabalhado com muito suor”.

Na quinta-feira (3), outro cliente do Rio de Janeiro fez um relato parecido: “Investi R$ 1 mil e logo depois a empresa trambiqueira bloqueou tudo”.

Ameaça de morte e refúgio em Portugal

A investigação da Polícia Federal sobre os crimes cometidos por Glaidson Acácio dos Santos, da GAS Consultoria, revelou que ele tinha encomendado a morte de Patrick Abrahão.

Um trecho da investigação da PF, compartilhada pela Record TV, mostra que Gaidson via Patrick Abrahão como um “concorrente”, uma visão que por si só já dá sinais sobre a boa-fé dos negócios de Abrahão.

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Em dezembro, o empresário saiu do Brasil junto com a cantora Perlla e até então estava morando em Portugal. Por lá, o casal abriu uma igreja evangélica, segundo o portal Em Off.

Agora em fevereiro, eles parecem estar de volta ao Brasil. Em meio a queixas de calote dos investidores, Patrick Abrahão segue promovendo seus esquemas. No seu perfil do Instagram, onde possui mais de 2 milhões de seguidores, o empresário publica fotos de eventos da Rede PP que aconteceram ao longo da semana no Rio de Janeiro.

Os sinais de golpe da Trust Investing

Em vídeo publicado em dezembro no YouTube, Patrick explica como a Trust Investing opera vendendo pacote de investimentos a partir de R$ 80. Segundo ele, o aporte passa a ser controlado por um grupo de traders que faz o dinheiro render todos os dias investindo em criptomoedas.

“Você vai fazer a compra do pacote e esse seu valor [investido] vai dobrar, ou seja, o seu aporta de R$ 1 mil vira R$ 2 mil, seu R$ 20 mil vai virar R$ 40 mil. O acordo da empresa é exatamente isso, dobrar o seu capital”, promete no vídeo.

O site da Trust Investing explica que a companhia “opera na gestão de criptoativos nos mercados mais ousados”, com uma presença particularmente forte nos países hispânicos.

Reguladores e organizações do setor já acusaram a empresa de promover um grande esquema de pirâmide financeira que capta investimento para aplicar no mercado de criptomoedas. 

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Em maio de 2021, o líder da Trust Investing em Cuba foi preso enquanto tentava fugir do país para a Rússia.  

Antes disso, em agosto de 2020, a CVM da Espanha já havia publicado alertas aos investidores que a Trust Investing não possuía autorização para oferecer serviços financeiros no país. Em seguida, foi a vez dos reguladores do Panamá fazer a mesma consideração.

As alertas surgiram depois que a Tulip Research, uma organização que investiga fraudes com criptomoedas, mostrou evidências de que a Trust Investing seria um esquema ponzi. Na época, a empresa prometia lucros de 200% em um prazo máximo de 10 meses.  

“A Trust Investing não possui um produto real e paga seus investidores com o dinheiro que recebe. Não recomendamos a nenhum investidor que participe desse negócio, pois estaria arriscando todo o seu capital e, por sua vez, estaria contribuindo para o desenvolvimento de um sistema que carece da menor moralidade”, escreveu a Tulip Research.

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