O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) denunciou por tentativa de homicídio Weverton Viana Marinho e Welbert Richard Viana Marinho, já condenados por esquema da pirâmide financeira Kriptacoin.
Eles fizeram cerca de 40 mil vítimas em um esquema fraudulento com a criptomoeda falsa e chegaram a movimentar R$ 250 milhões.
De acordo com publicação do Metrópoles no sábado (30), o promotor de Justiça Leonardo Jubé de Moura revelou que no ano de 2007 os irmãos só não mataram um gerente de banco por erro de pontaria.
“No dia 23 de agosto de 2007, por volta de 15h, os acusados – ‘previamente ajustados, com intenção de matar – fizeram disparos de arma de fogo contra a vítima, que mora no Park Way, próximo ao Núcleo Bandeirante”, detalha a reportagem.
A vítima era um gerente do Banco de Brasília (BRB). Moura descreveu:
“Os acusados iniciaram a execução de um crime de homicídio, que não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade. Eis que, por erro de pontaria, não lograram atingir a vítima, que estava no interior de um veículo e conseguiu fugir”.
Motivação da Kriptacoin
Segundo o site, na época do crime os irmãos eram sócios de uma empresa de veículos e clientes do BRB. Eles faziam transações financeiras usando nomes de laranjas. Uma delas não aconteceu e o gerente virou alvo.
No dia anterior ao crime, descreve a reportagem, casualmente o gerente encontrou Welbert em um bar e o questionou sobre o ocorrido. Houve um desentendimento que acabou em agressões físicas, sendo o desfecho, até aquele momento, uma ameaça de morte ao funcionário do banco.
No dia seguinte, os irmãos e mais uma pessoa seguiram armados em duas motocicletas para a casa do gerente que ficava em um condomínio.
A vítima já estava de saída com seu veículo quando houve vários disparos de arma de fogo contra ele. Conforme a denúncia, foram nove disparos, mas o gerente conseguiu se salvar. Os atiradores então, fugiram.
“Ademais, foi praticada mediante emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, abordada junto à sua residência, no interior de seu automóvel, por elementos armados”, diz um trecho da denúncia.
No acusação, Moura ainda ressalta que ação criminosa teve motivação fútil e ocorreu após discussão banal envolvendo uma transação comercial. A reportagem do jornal não conseguiu contato com advogados dos irmãos.
Criptomoeda falsa e operação
Em setembro do ano passado, a Polícia Civil deflagrou a ‘Operação Patrik’ e prendeu 11 suspeitos de comercializar a criptomoeda falsa ‘Kriptacoin’ no Distrito Federal e em Goiânia.
Na época, vários pessoas já havia registrados boletins de ocorrência contra a empresa ‘Wall Street Corporate’. Weverton Viana Marinho foi apontado como o líder do grupo.
Durante a operação da polícia, foram apreendidos um helicóptero e vários veículos de luxo adquiridos com o dinheiro dos investidores lesados.
Como funcionava o esquema
As fraudes iniciaram no final de 2016 e começou a enraizar em janeiro de 2017.
Os criminosos se passavam por executivos e prometiam altos rendimentos com o negócio, com ganho de 1% ao dia sobre a criptomoeda falsa Kriptacoin. O resgate do saldo só poderia ser feito após um ano.
Para dar um ar de legalidade, os golpistas reuniam-se, anunciavam em outdoors e difundiam propagandas, tanto na internet quanto na televisão, além de envolver imagens de cantores famosos.
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Pirâmide financeira
Os investidores eram persuadidos a chamar mais pessoas para a rede, e, desta forma, eles recebiam 10% de bônus a cada pessoa registrada.
Assim, o lucro da Kriptacoin crescia proporcionalmente à quantidade de aplicações, mas tudo não passava de um golpe.
Ao tentar, sem sucesso, sacar os valores aplicados e os rendimentos, as vítimas recebiam ameaças dos executivos. Segundo a polícia, um dos investidores lesados disse que aplicou quase R$ 200 mil sem obter nenhum retorno.
Foi apurado, também, que as empresas que vendiam o serviço estavam registradas em nomes de “laranjas”, o que contou com a participação de falsificadores de documentos.
As aplicações eram feitas pela internet por meio de uma plataforma digital, mas os depósitos eram feitos em contas correntes.
Entre os suspeitos, vários deles já tinham passagem pela polícia por crimes de receptação, estelionato, formação de quadrilha, furto tentado, porte ilegal de arma de fogo, entre outros.
Na ocasião, o advogado de defesa da ‘Wall Street Corporate’ disse que não existia crime de pirâmide financeira e que iria provar isso nos tribunais.
Justiça liberou seis réus
Em setembro do ano passado, A juíza da 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Francisca Danielle Mesquita, determinou que não havia motivo para manter presos seis réus do caso Kriptacoin.
Os acusados estavam presos preventivamente por tempo indeterminado até o fim do processo.
Em abril de 2018, eles foram enquadrados nos seguintes delitos: crime contra a economia popular, ocultação de bens e organização criminosa. Weverton Viana Marinho, considerado o chefe do grupo, foi sentenciado a 11 anos e cinco meses de prisão.
Justiça determina leilão de produtos apreendidos
No mês passado, a Justiça do Distrito Federal determinou que vários carros de luxo apreendidos dos criminosos fossem leiloados e os valores obtidos direcionado para o ressarcimento de vítimas do golpe.
Dentre os 16 carros que vão a leilão — o mais antigo fabricado em 2007 e o mais novo em 2017 — constam os de marcas como Ferrari, BMW, Porsche, Mercedes-Benz, Audi e Land Rover.
Para uma Lamborghini 2015, por exemplo, o lance mínimo será estipulado em R$ 35 mil, mas o valor final pode chegar a mais de R$ 1 milhão, segundo o Leiloeiros de Brasília, um site especializado em leilões.
O leilão estava previsto para acontecer no dia 28 de março e no dia 02 de abril. Os veículos poderão ser vistos no Depósito da Polícia Civil no dia 25 de março. O órgão fica na Rota do Cavalo, no município de Sobradinho, Brasília (DF).
De acordo como Ministério Público, uma aeronave, também apreendida na ‘Operação Patrick’ em setembro do ano passado, não fará parte do leilão porque houve um acordo com o proprietário no valor de R$ 1,5 milhão.
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