O derretimento da moeda fiat do Líbano em meio à crise no país chegou em um nível que parecia impensável. A lira (ou libra) libanesa agora vale algo parecido com um satoshi — como é conhecida a menor parcela de um bitcoin (ou 0,00000001 BTC) .
A comparação foi feita pelo economista palestino Saifedean Ammous, autor do livro Bitcoin Standard — que tem versão brasileira prevista para agosto.
“Tendo perdido metade do seu valor nos últimos 10 dias, a lira libanesa agora vale um satoshi”, disse Ammous em postagem no Twitter.
A postagem do economista é, na verdade, a continuação de uma thread no Twitter que vai acompanhando a desvalorização da lira libanesa. Segundo Ammous, que é professor na Lebanese American University, no dia 20 de junho a moeda local já equivalia a 2 satoshis.
Em resposta à postagem do economista, diversos usuários no Twitter defenderam a mais conhecida das criptomoedas. Alguns até caçoaram da situação precária da moeda libanesa frente ao bitcoin.
Com a situação de quase colapso econômico no Líbano, o guru do mercado financeiro Nassim Nicholas Taleb — que é libanês — já sugeriu a compra de criptomoedas como alternativa à população.
População em fúria
O Líbano vive simplesmente a pior crise de sua história, mais grave ainda do que a que se sucedeu à sangrenta Guerra Civil Libanesa (1975-1990). Pelo menos desde outubro de 2019 são frequentes os protestos na capital, Beirute, e em outras cidades do país, que se tornam mais violentos à medida que a situação de caos se agrava.
Os alvos dos protestos são a classe política e o sistema financeiro, ambos vistos sob forte desconfiança pela sociedade — a crise é creditada a décadas de corrupção e má administração pública.
Em uma jornada de protestos ocorrida em junho passado, bancos privados e até uma agência do Banco Central libanês foram vandalizadas.
Em resposta à crise, o BC libanês anunciou a injeção de mais dólares na economia, para tentar frear a desvalorização da lira libanesa. As duas moedas são usadas amplamente no comércio local.
Para piorar a situação, os bancos têm imposto restrições a transferências e saques, o que gera ainda mais irritação junto à população — uma espécie de “Plano Collor” libanês, em alusão à fracassada medida econômica que castigou os brasileiros no início dos anos 1990. Uma medida que, na verdade, tem acirrado ainda mais os ânimos.
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Economia em frangalhos
Os números recentes da economia libanesa são proporcionais à ira da população nas ruas. O desemprego já atinge 35% da população, segundo a agência AFP — ou seja, um em cada três dos 5 milhões de cidadãos libaneses não tem trabalho. Além disso, segundo o Banco Mundial, quase metade dos libaneses —45%, para ser mais exato — vive abaixo da linha de pobreza.
Ainda de acordo com a Reuters, o PIB (Produto Interno Bruto) do Líbano experimentou uma queda de 6,9% em 2019. Para este ano a previsão é ainda mais sombria, de 13,8%.
O país busca um empréstimo de US$ 10 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), informa o portal da TV Al Jazeera. No entanto, o próprio FMI se mostra receoso com a capacidade do governo de lidar com a situação caótica do país.
Essa crise econômica se soma ao já conturbado cenário político libanês, cuja divisão de poder leva em conta os diferentes setores que compõem a sociedade local — cristãos, drusos e muçulmanos (sunitas e xiitas).
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