Há pelo menos uma semana, a rede Bitcoin SV (BSV) vem sofrendo um ataque de 51% de uma única baleia. Dados da blockchain revelam que 80% do hashrate do Bitcoin SV, ou seja, o poder computacional da rede, é operado por um único minerador.
O que causa estranheza nesta história é que o minerador em questão está minerando blocos vazios, ou seja, sem nenhuma transação sendo validada dentro deles. Isso prejudica significativamente a rede ao ignorar transações genuínas dos usuários.
Desde 9 de outubro, a baleia, como são chamados os detentores de grandes quantidades de criptomoedas, já extraiu mais de 9.000 BSV, avaliados em aproximadamente US$ 430 mil, segundo o site Crypto Daily.
A Bitcoin Association, grupo que controla a criptomoeda, comunicou os mineradores e exchanges sobre o ataque contínuo da baleia e recomendou medidas de proteção para mitigar os ataques, como já foi feito no passado quando a rede passou por ataques de gastos duplos.
Embora os blocos atuais do Bitcoin SV não contenham nenhuma transação, isso pode levar a vários problemas, de acordo com o especialista da Bitcoin Association, Todd Price.
Segundo ele, “isso pode causar problemas para os vários serviços no ecossistema, pois eles podem não ter alocado RAM suficiente para manter um mempool desse tamanho”, explica. Um mempool é a memória temporária intermediária na qual as transações do usuário são momentaneamente armazenadas.
Embora os mineradores estejam dentro de seus direitos de minerar blocos vazios, a rede pode sentir o impacto se uma maioria que centraliza o poder de hash orquestrar o ataque, como é esse caso recente.
Price argumenta que a mineração de blocos vazios viola o “contrato unilateral” que os usuários esperam que os mineradores cumpram. De acordo com ele, o minerador é obrigado a transmitir a transação para todos os nodes (nós) da rede.
Bitcoin SV
A rede Bitcoin SV foi criada através de um fork da rede Bitcoin Cash (BCH), que por sua vez é um hard fork do Bitcoin Core, ou seja, da rede original do Bitcoin.
Quando a Bitcoin SV foi lançada pelo australiano Craig Wright, que mente ser Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, ele disse que a versão do BSV era a mesma idealizada por Nakamoto, ou seja, que cumpre com a visão original do protocolo e design Bitcoin, conforme descrito no white paper.
Ataques de 51%
Um ataque de 51% pode ocorrer quando uma única entidade controla a maior grande parte dos validadores da rede, no caso, os mineradores. Nas redes baseadas no mecanismo de consenso proof-of-work (PoW), como o Bitcoin, quem estiver por trás desse ataque de 51% pode confirmar transações fraudulentas e fazer gasto duplo da mesma criptomoeda.
Em agosto do ano passado, vieram à tona sucessivos ataques de 51% à rede do Bitcoin SV, o que deixou o sistema comprometido.
Na época, a corretora Coinbase, por exemplo, foi uma das primeiras a frear as negociações de BSV. Na época, as corretoras Huobi, Bitfinex, KuCoin e Hotbit também suspenderam sem aviso prévio saques e depósitos de BSV de suas plataformas.
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