Com a regulação dos criptoativos no foco de investidores no Brasil e Estados Unidos, a maioria das criptomoedas opera no azul nesta quarta-feira (8). O Bitcoin (BTC) mostra alta de 3,1%, cotado a US$ 30.534,05 nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) registra ganho de 2%, negociado a US$ 1.806,71.
No Brasil, o Bitcoin avança 4%, para R$ 148.851,21, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Outras altcoins operam entre perdas e ganhos como Binance Coin (+2,3%), Cardano (+7,1%), XRP (+1,9%), Dogecoin (+0,7%), Polkadot (+0,1%), Avalanche (+1,6%) e Shiba Inu (+0,1%).
Apesar dos ganhos das principais moedas, o cenário macroeconômico continua a pesar sobre as negociações. Embora as bolsas americanas tenham fechado em leve alta na terça-feira (7), o Banco Mundial revisou para baixo a previsão do crescimento econômico global de 4,1% para 2,9% neste ano e alertou que “o risco” de estagflação é “considerável”. Além disso, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse ao Comitê de Finanças do Senado que a inflação deve continuar acelerada.
Por sua vez, James Key, CEO do protocolo de Web 3 Autonomy Network, disse ao CoinDesk que os ciclos de baixa anteriores do Bitcoin atingiram um piso após uma queda de 85% em períodos de pelo menos 18 meses. O preço do BTC se desvalorizou cerca 60% desde a máxima em novembro passado.
Projeto de lei sobre criptoativos
O deputado Expedito Netto (PSD/RO), relator do projeto de lei 4401/21, disse em entrevista ao Valor que solicitou a retirada do PL que regulamenta o mercado de criptoativos da pauta desta semana. O deputado afirmou que deve rejeitar as alterações no texto feitas pelo Senado, como o dispositivo que impede a atuação de exchanges e intermediários estrangeiros de atuarem no Brasil, com o prazo de 180 para adequação às novas regras.
“Não tem como exigir isso. O prazo tem que ser igual para todos.” O relator também pretende excluir os destaques sobre segregação patrimonial e tributação nas atividades de mineração. Ainda assim, Expedito Netto espera que o projeto seja votado na semana que vem.
Em entrevista à Agência Estado, Julien Dutra, diretor de relações institucionais da 2TM, holding que controla o Mercado Bitcoin, disse que, na negociação de criptoativos, os princípios da livre iniciativa devem coincidir com a proteção ao consumidor, o que evita riscos sistêmicos no mercado. “É importante também a prevenção da lavagem de dinheiro. O volume de recursos é muito alto. A gente não quer ser conhecido como o setor que lava dinheiro”, destacou Dutra.
Em meio às discussões sobre regulação, a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais confiscaram mais de R$ 1,5 milhão em criptomoedas de um grupo acusado de enganar investidores em um esquema de pirâmide financeira como resultado da operação “Mercadores do Templo”, deflagrada no início de maio para desarticular empresas que ofereciam serviços financeiros de “altíssima e ilusória rentabilidade”.
Nos EUA, grupos de proteção ao consumidor criticaram o projeto de lei bipartidário apresentado pelas senadoras Cynthia Lummis e Kirsten Gillibrand. “O projeto de lei dá à indústria (cripto) o que ela mais quer: a Comissão de Negociação de Futuros de Commodites (CFTC) como seu principal regulador (…)”, afirmou Dennis Kelleher, CEO da Better Markets, segundo o qual a preferência pela agência seria pelo fato de ser a menor e com o orçamento mais baixo.
Um novo relatório do Departamento de Justiça dos EUA defende mais cooperação internacional entre agências de vigilância no campo das criptomoedas e blockchain. O compartilhamento de informações e a harmonização das regras de combate à lavagem de dinheiro e “conheça seu cliente” também foram propostas no relatório do DOJ.
Reguladores americanos querem reformular a controversa prática de Wall Street conhecida como “pagamento por fluxo de pedidos”, segundo a qual corretores de varejo ganham bilhões de dólares por ano vendendo ordens dos clientes para as maiores empresas de trading do país. A exchange de criptomoedas FTX, que vai estrear na negociação de ações, acredita que as mudanças vão trazer transparência ao mercado, de acordo com o Financial Times.
Moedas digitais emitidas por bancos centrais, as chamadas CBDCs, podem resultar em uma custosa perda de tempo, de acordo com o Center for European Reform. No relatório “Por que Alguém Usaria uma CBDC?, o think tank argumenta que ao foco da regulamentação da União Europeia deve ser o de baratear pagamentos e torná-los mais competitivos.
Um grupo de 20 ativistas internacionais de direitos humanos escreveu uma carta aberta aos líderes do Congresso dos EUA defendendo uma política cripto “responsável” e que reconheça o papel da tecnologia no combate ao “colonialismo monetário” mundial, conforme o The Block. A carta é uma resposta direta a um outro manifesto de um grupo de 1,5 mil especialistas em tecnologia e acadêmicos pedindo uma “abordagem crítica e cética” para a indústria cripto.
No Japão, a agência que supervisiona ativos digitais estuda permitir que exchanges de criptomoedas possam listar tokens sem passar pelo monitoramento do regulador, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Bloomberg. Com a mudança, a agência quer focar na supervisão depois da listagem.
No Reino Unido, o governo planeja testar a tecnologia blockchain para atividades tradicionais como negociação e liquidação de ações e títulos no próximo ano, disse à Reuters Gwyneth Nurse, diretora geral de serviços financeiros do Ministério das Finanças.
Aposta da Solana
Solana (SOL) ainda mostra pouca variação nesta quarta-feira, mesmo após a notícia de que a Solana Ventures e a Solana Foundation anunciaram um fundo de US$ 100 milhões para startups coreanas da Web3. Os recursos serão usados para investimentos e ajudas destinadas a várias empresas do setor na Coreia do Sul, mas com foco em games, tokens não fungíveis (NFTs) e finanças descentralizadas (DeFi), segundo comunicado.
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A notícia contrasta com o financiamento de projetos DeFi. Dados da The Block Research mostram que investimentos em dólares nesse segmento somaram US$ 176,30 milhões em maio, o menor nível desde setembro de 2021.
Outros destaques
Tokens imobiliários referentes a um prédio na cidade de São Paulo devem ser ofertados para investidores no exterior até o fim de setembro, disse Helena Margarido, cofundadora e head de análise de criptomoedas da Monett, ao E-Investidor. O lançamento será feito em um país – não divulgado – onde a jurisdição é mais favorável a projetos de criptoativos, o que evita o risco de que a CVM considere o token como oferta de valor mobiliário, segundo a executiva. A rodada pode levantar entre R$ 50 milhões e R$ 70 milhões.
Pesquisa publicada pelo Valor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha mostra que a Geração Z (entre 16 e 25 anos) marca a virada digital em investimentos: cerca de 40% dos entrevistados nessa faixa etária usam canais digitais, como aplicativos de bancos e corretoras.
A Mastercard anuncia nesta quarta-feira (8) uma parceria com o Mercado Pago para atuar na segurança de operações com criptomoedas por meio de sua unidade de análise de risco em blockchain CipherTrace, noticiou o Valor. Apesar de concorrente da bandeira de cartões, o veículo de pagamentos do Mercado Livre será um “grande parceiro” no segmento de criptomoedas, disse Estanislau Bassols, presidente da Mastercard Brasil.
O PayPal informou na terça-feira (7) que usuários de criptomoedas agora podem movimentar fundos fora de sua plataforma — um recurso muito aguardado que tornará a oferta da empresa ainda mais similar a outros populares serviços cripto.
Exchanges de criptomoedas da América Latina miram produtos que oferecem rendimento. A busca de novos clientes, o reinvestimento de fundos captados e o crescente interesse de usuários latino-americanos em criptomoedas são algumas das razões para as altas taxas de rendimento de exchanges regionais como a Bitso, segundo reportagem do CoinDesk. A Binance.US também aposta nesse segmento nos EUA para desafiar as rivais Gemini e Coinbase.
Depois de rescindir ofertas de emprego já aceitas por candidatos, a Coinbase busca se redimir com um canal para ajudar pessoas afetadas pela decisão. O Coinbase Talent Hub foi criado para conectar profissionais com recrutadores e já conta com mais de 300 candidatos inscritos, segundo o The Block. O CEO da Binance.US, Brian Shroder, disse ao CoinDesk que a exchange está disposta a contratar os candidatos rejeitados ou os funcionários demitidos pela Coinbase.
A gestora de ativos digitais australiana Cosmos Asset Management fechou uma parceria com a Purpose Investments, do Canadá, para o lançamento de um fundo de índice de Ethereum para investidores australianos, informou o Financial Times. O novo ETF Cosmos-Purpose Ethereum Access, listado na Cboe Austrália, investe diretamente no ETF Purpose Ether, que é negociado em Toronto e totaliza ativos de US$ 408 milhões desde o lançamento em abril de 2021.
E a Citadel Securities está preparada para estrear no mercado de ETFs cripto quando receber o sinal verde. “Estaremos prontos se e quando esses produtos forem aprovados, mas estamos adotando uma abordagem ponderada”, disse Kelly Brennan, chefe do grupo ETF da empresa, em entrevista à Bloomberg.
A Citadel Securities também teria planos de desenvolver um “ecossistema de negociação de criptomoedas” em parceria com a Virtu Financial, bem como com as empresas de capital de risco Sequoia Capital e Paradigm, afirmou uma fonte a par das conversas ao CoinDesk.
A Grayscale Investment contratou o advogado Donald Verrilli, que trabalhou no governo Obama, para se preparar para a batalha contra a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA caso a agência rejeite seu pedido para converter um fundo de US$ 20 bilhões em Bitcoin em um ETF.
A Felix Capital levantou seu quarto fundo de US$ 600 milhões em um momento em que os decrescentes valores de empresas de tecnologia oferecem oportunidades atraentes para fazer negócio, conforme a Bloomberg. Com o novo fundo, o capital comprometido da Felix dobra para mais de US$ 1,2 bilhão. A empresa também planeja aumentar investimentos em startups com foco em criptomoedas e blockchain.
Metaverso, Games e NFTs
Após a rápida valorização dos preços dos NFTs no NBA Top Shot, os “Momentos” licenciados pela Associação Nacional de Basquete dos EUA, a plataforma agora enfrenta uma queda de compradores únicos mensais, de acordo com a revista The Verge. O preço médio de um NFT Top Shot na blockchain Flow era de apenas US$ 17,1 em maio, comparado com US$ 181,81 em fevereiro de 2021, mostram dados do CryptoSlam.
A startup brasileira NFTFY lançou nesta semana a ferramenta RockPool, que permite a usuários a aquisição de tokens não fungíveis em um sistema de compra coletiva, uma espécie de crowdfunding de NFTs, de acordo com a Exame.
Apesar do estágio inicial, o metaverso pode representar uma oportunidade de receita de até US$ 13 trilhões e causar grande impacto não apenas nos principais players de tecnologia, mas também nas criptomoedas, de acordo com relatório do Citi divulgado pelo CoinDesk.
O maior clube de futebol de Portugal, o Benfica, se tornará o primeiro do país a estrear no mercado de criptoativos ao lançar um fan token em parceria com a Socios.com, de acordo com a Reuters.