O evento mais aguardado nos últimos meses entre investidores de criptomoedas finalmente se concretizou na madrugada desta quinta-feira (15), com a atualização da blockchain Ethereum para um sistema de consenso com menor impacto ambiental.
O clima de cautela parece predominar entre os investidores após o evento: o Ethereum (ETH) mostra pouca variação após a Fusão, com baixa de 0,7% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 1.589,79.
Já o Bitcoin (BTC) parece adivinhar que hoje não é o protagonista. A maior criptomoeda é negociada em queda de 1,2% nas últimas 24 horas, ao preço de US$ 20.112,04.
Em reais, o Bitcoin tem baixa de 1%, cotado a R$ 104.497,58, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins mais negociadas operam entre perdas e ganhos após ensaiarem uma reação, entre elas Binance Coin (-1,7%), XRP (+0,9%), Cardano (+0,7%), Solana (+1,5%), Polkadot (-1%), Dogecoin (-0,0%), Shiba Inu (-1,3%), Polygon (+0,2%) e Alavanche (-0,7%).
Fusão do Ethereum: como foi o “The Merge”
Com a Fusão (Merge) do Ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo troca o mecanismo de consenso da rede para o sistema de prova de participação (proof of stake, ou PoS), que reduz em 99% o uso de energia da blockchain e abre caminho para transações mais rápidas e baratas no futuro.
A atualização foi ativada às 3h42 de Brasília, segundo reportagem do Portal do Bitcoin. A Fusão estava inicialmente programada para 1h55 mas, às 3h15, ainda não havia sinal de fumaça. Os principais portais especializados internacionais davam a impressão de estarem congelados, todos à espera de informações sobre o processo.
O grupo de desenvolvedores que acompanhava a transmissão ao vivo da Fusão no YouTube promovida pela Ethereum Foundation desistiu de esperar por volta das 2h de Brasília para fazer uma pausa, segundo o The Block. Voltaram por volta das 2h50 e na sequência celebraram o sucesso da empreitada.
Após as comemorações, os desenvolvedores voltaram a ficar tensos já que os 12 minutos posteriores à Fusão seriam cruciais para determinar se a transição de consenso teria dado certo ou não.
Esse é o tempo que levou para que o primeiro bloco pós-fusão fosse finalizado — e ele foi com sucesso. Os desenvolvedores ficaram surpresos com o quão estável a rede ficou após a Fusão. Dos 100 primeiros blocos da rede pós-fusão, apenas um bloco foi perdido.
“O Merge foi muito bem-sucedido. A participação está bem alta, com mais de 95% de validadores em todas as épocas. Então já se pode afirmar que o Merge foi bem-sucedido na rede principal do Ethereum”, disse ao Portal do Bitcoin o analista de Research do MB, Rony Szuster, que acompanhava a Fusão ao vivo por volta das 4h da manhã.
‘Ethereum mais maduro’
“Este é o primeiro passo na grande jornada do Ethereum para se tornar um sistema muito maduro”, disse Vitalik Buterin, cofundador da blockchain, durante a transmissão ao vivo.
“E ainda faltam passos. Ainda temos que escalar, temos que corrigir privacidade. Para mim, a Fusão simboliza a diferença entre um Ethereum em estágio inicial e o Ethereum que sempre desejamos.”
Corretoras cripto com atuação no Brasil divulgaram um cronograma para saques e depósitos com o objetivo de garantir a segurança dos ativos.
Exchanges de criptomoedas receberam US$ 1,2 bilhão em ETH antes da migração da rede para o PoS, o que poderia indicar uma intenção de vender. O fluxo pode ser o maior em seis meses, de acordo com o CoinDesk.
Veja destaques da Fusão do Ethereum:
Com a atualização, quem possuir ETH armazenado na própria carteira ganhará a quantia equivalente de EthereumPoW (ETHW), o novo token resultante do “hard fork” (bifurcação com nova moeda) apoiado por mineradores que preferem continuar operando sob o sistema “proof of work”, ou prova de trabalho (PoW). Confira as regras aqui.
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Grandes pools de mineração, como F2Pool, Poolin e BTC.com,devem apoiar o ETHW depois da atualização, disseram desenvolvedores do novo ativo, previsto para ser minerado com a conclusão da nova bifurcação da rede, de acordo com o Decrypt.
“O Ethereum PoW será um último suspiro para os mineradores, mas não acreditamos que vai prosperar. Caso algum projeto se mantenha na rede PoW talvez ela continue viva, mas é difícil”, disse ao Valor Fabricio Tota, diretor do MB.
A Ethermine, maior provedora de serviços de mineração de Ethereum por poder computacional, vai desligar seus servidores com a conclusão da atualização da rede, conforme a Bloomberg.
Cerca de um milhão de pessoas com mais de US$ 10 bilhões em equipamentos de mineração terão que desconectar suas unidades de processamento gráfico (GPUs) usadas até agora para minerar o token.
Mesmo antes da Fusão, a atividade de mineradores na Ethereum Classic – conhecida como a rede “original” após a bifurcação em 2016 – atingiu nível recorde.
Vários golpistas mudaram seus perfis no Twitter para se passarem pelo cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, com o objetivo de tentar roubar criptomoedas com o famoso golpe de “airdrop” durante a Fusão. Pelo menos três contas “verificadas”, inclusive uma com milhares de seguidores, foram identificadas pela reportagem do Portal do Bitcoin na quarta-feira (14).
Você já era adepto dos criptoativos antes da Fusão? Em caso positivo, poderá provar isso com tokens não fungíveis dinâmicos, que por meio de metadados mostram a evolução da atualização da rede Ethereum, segundo o Decrypt. O NFT “Prova da Fusão” foi desenvolvido por Michael Blau e Mason Hall, da a16z, e passa por três fases acionadas automaticamente por seu contrato inteligente.
Outros destaques das criptomoedas
O MB e a Urca Trading lançaram o ENER02, token que corresponde a uma cesta de contratos de comercialização de energia entre a Urca e alguns de seus clientes, importantes empresas do setor. Serão 60 mil unidades com preço unitário de R$ 100,00, rentabilidade prevista de 18% ao ano – 129% do CDI -, e pagamento em 20 de janeiro de 2023.
“Com a tokenização, democratizamos o acesso a investimentos em um dos setores mais sólidos do país, o de energia”, disse Vitor Delduque, diretor de Novos Negócios no MB Tokens. Esse é o segundo produto de renda fixa digital lançado pela empresa nessa área. O primeiro, o ENER01, teve todas as 30 mil unidades disponíveis comercializadas.
A ByBit, terceira maior corretora de criptomoedas do mundo com sede em Singapura, vai suspender a oferta de derivativos de moedas digitais no Brasil a partir desta quinta-feira (15), após uma “stop-order”, ou medida cautelar, emitida pela CVM, já que a empresa não tem autorização para negociar valores mobiliários no país. Em comunicado, a ByBit informou que a oferta de outros produtos não foi afetada.
A exchange FTX busca levantar capital em paralelo com uma possível aquisição, disse uma pessoa a par do assunto ao CoinDesk. A corretora avalia vários alvos, alguns dos quais são empresas que operam plataformas de negociação de varejo, segundo a fonte. As negociações estão em fase preliminar.
Novo estudo da Chainalysis divulgado na quarta-feira (14) mostra que o Brasil deu um grande passo na adoção de criptomoedas, pulando da 14ª para a 7ª posição no ranking de 154 países analisados este ano. Vietnã, Filipinas e Ucrânia lideram a classificação em 1º, 2º e 3º lugares, respectivamente.
Regulação, CBDCs e Cibersegurança
Changpeng “CZ” Zhao, fundador e CEO da exchange cripto Binance, disse durante em evento em Paris na quarta-feira (14) que a regulamentação do mercado de criptoativos da União Europeia é “um pouco rígida” em relação às stablecoins.
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro dos EUA anunciou sanções contra 10 pessoas e duas empresas supostamente associadas a um grupo de ransomware, ligado ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) do Irã – e também bloqueou seus endereços de carteiras na rede do Bitcoin.
Metaverso, Games e NFTs
Interessados na combinação entre os mercados de influência, tokens não fungíveis e grifes digitais, investidores da área de tecnologia e “lifestyle” lançam em outubro o grupo de moda Growth, formado por cinco marcas de perfil premium com foco na internet, segundo o Valor.
O Sinergia Educação, grupo que tem em seu portfólio quatro unidades do colégio CEL e o centenário Franco-Brasileiro, no Rio, aposta no metaverso com uma série de investimentos, desde a aquisição de óculos de realidade virtual e softwares até a formação de sua equipe de professores, de acordo com o jornal O Globo.