As moedas digitais sobem nesta sexta-feira (9), acompanhando o desempenho dos índices futuros das bolsas americanas, apesar dos desafios macroeconômicos e turbulência na indústria de criptoativos.
Investidores aguardam o relatório sobre inflação nos EUA e também ficam atentos ao aperto de reguladores globais em meio às investigações sobre a quebra da corretora FTX.
O Bitcoin (BTC) sobe 2,4% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 17.241,80. O Ethereum (ETH) ganha 4,4%, negociado a US$ 1.285,35, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o Bitcoin (BTC) tem alta de 2%, para R$ 89.938,42, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins também operam no azul, com destaque para BNB (2,4%), XRP (1,9%), Dogecoin (2,3%), Cardano (1,8%), Polygon (3,4%), Polkadot (4,5%), Shiba Inu, (1,7%), Solana (3,5%) e Avalanche (2,6%).
Coinbase quer trocar Tether por Circle
A corretora Coinbase iniciou uma campanha para que os clientes troquem suas stablecoins USDT, da Tether, por USDC, da Circle, segundo o CoinDesk. Os usuários que quiserem fazer a conversão terão taxa zero na troca.
“Os eventos das últimas semanas colocaram algumas stablecoins à prova e vimos uma fuga para a segurança”, disse a Coinbase. “Acreditamos que a USD Coin (USDC) é uma stablecoin confiável e respeitável.”
Segundo dados on-chain, o token USDT é o terceiro ativo digital mais negociado na Coinbase, que é um das co-fundadoras da USDC.
O movimento pode ser um contra-ataque contra a Binance, que recentemente parou de oferecer suporte ao token USDC, convertendo automaticamente as participações dos clientes para a stablecoin própria da exchenge, a BUSD.
Intimação de fundador da FTX
A presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA, Maxine Waters, disse à Reuters na quinta-feira que está preparada para intimar o fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, se ele não concordar em comparecer de forma voluntária em audiência na semana que vem.
“Deixamos claro que queremos Sam em nossa audiência em 13 de dezembro. Se ele não cooperar, então estamos preparados para intimá-lo”, afirmou Waters em entrevista no Capitólio.
A deputada acrescentou que tem autoridade para tomar a decisão, mas é mais provável que submeta o assunto a uma votação. Waters ainda não sabe se SBF, como é chamado, participaria de forma presencial ou por vídeo link.
O Senado dos EUA também está no pé de Bankman-Fried, que tinha até ontem (8) para responder a outro pedido do Comitê Bancário da casa para prestar depoimento no dia 14, mas não cumpriu o prazo, de acordo com o portal Axios. Diante do silêncio de SBF, aumenta a possibilidade de que seja intimado.
O tema é seguido de perto porque, apesar das inúmeras entrevistas à imprensa, Bankman-Fried ainda não falou sob pena de perjúrio, ou seja, não poderia dar falso testemunho aos congressistas.
Bastidores do colapso
Reportagem do New York Times revela que, um dia antes de a FTX pedir recuperação judicial, Changpeng “CZ” Zhao, diretor-presidente da rival Binance, enviou uma mensagem de texto com um alerta para Bankman-Fried.
Segundo o jornal, CZ estava preocupado com o fato de SBF estar orquestrando negociações de criptomoedas que poderiam levar o setor ao colapso. “Pare agora, não cause mais danos”, escreveu o CEO da Binance em um chat com Bankman-Fried e outros executivos da indústria cripto em 10 de novembro. “Quanto mais danos você causar agora, maior o tempo de prisão.” Uma porta-voz da Binance não quis comentar a troca de mensagens.
Enquanto isso, os novos administradores da FTX tentam encontrar pistas dos bilhões de dólares desaparecidos da corretora. Para isso, contrataram a consultoria AlixPartners, especializada em investigações forenses, informou o Wall Street Journal.
SEC aperta o cerco
A SEC, a CVM dos EUA, estabeleceu novas diretrizes para avaliar a exposição de empresas com capital aberto à indústria de criptoativos, o que indica que reguladores estão em alerta máximo após os estragos provocados pela quebra da FTX, informou a Reuters.
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De acordo com a SEC, companhias listadas nos EUA devem estar preparadas para compartilhar com investidores quaisquer riscos associados a problemas nos mercados de criptoativos, incluindo desvalorização dos preços de ações, menor demanda de clientes e possibilidade de processos legais.
Bancos que operam no mercado americano também estão no radar. As senadoras Elizabeth Warren e Tina Smith, ambas do Partido Democrata, pediram que o Federal Reserve e outros reguladores financeiros avaliem os riscos do setor bancário em transações com o setor cripto.
Segurança de investidores
A turbulência causada pela FTX abalou a confiança de muitos que investem em criptomoedas, inclusive no Brasil.
Em evento na quinta-feira (8), Guto Antunes, chefe de ativos digitais do Itaú Unibanco, destacou que empresas do setor cripto devem ajudar na educação e segurança de investidores, de acordo com informações do InfoMoney:
“No caso da FTX, vimos uma corrida dos clientes sacando das exchanges e usando ledgers (carteiras de cripto físicas) […] O Itaú tem visto como podemos gerar segurança e educação aos participantes do mercado, oferecer essa infraestrutura de custódia para ajudar também a dar escalabilidade ao mercado”, disse.
Papel da CVM
Também presente ao evento organizado pelo Itaú, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários, João Pedro Nascimento, disse que a CVM e o Banco Central terão de “andar de braços dados” para que a criptoeconomia avance.
Aprovado na semana passada, o projeto de lei com as diretrizes para o mercado de criptoativos brasileiro aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro, e a expectativa é de que o BC seja o órgão escolhido para regular o setor.
Apesar da importância do tema para a CVM, a autarquia deixou o assunto de fora ao divulgar a agenda regulatória de 2023, conforme o Valor. “Ainda não temos como colocar os criptoativos agora se a lei ainda não foi sancionada. Nossa agenda regulatória pode sofrer modificações e o tema de cripto certamente terá sinalizações este ano”, disse o presidente da CVM.
Outros destaques das criptomoedas
Também afetada pelo inverno cripto, a Amber Group, uma das principais plataformas de negociação e empréstimo de criptomoedas da Ásia, vai demitir 40% dos funcionários, enxugar operações de varejo e encerrar um contrato de patrocínio com o Chelsea FC, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg. A equipe da Amber vai encolher para menos de 400 pessoas em relação ao quatro atual de 700.
Desenvolvedores do Ethereum esperam lançar a próxima atualização de software do blockchain por volta de março do ano que vem, o que vai permitir saques de ETH bloqueados para proteger a rede, informou a Bloomberg. Cerca de 15,57 milhões de ETH, ou quase 13% de todos os tokens, foram bloqueados em carteiras que fazem “staking” – uma forma de obter renda passiva – para ajudar nos processos de validação, de acordo com o rastreador de dados Dune.
A Chainlink, fornecedora de feeds de preços e outros dados para blockchains, atraiu 24,27 milhões de tokens no valor de cerca de US$ 170 milhões no lançamento de seu serviço de staking, que oferece renda passiva como recompensa para garantir a segurança da rede.
A Justiça negou pedidos de liberdade dos líderes da Trust Investing, segundo apurado pelo Portal do Bitcoin. Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla, e Fabiano Lorite foram presos em uma operação da Polícia Federal em 19 de outubro, acusados de formar uma pirâmide financeira que deixou milhares de brasileiros no prejuízo, com um rombo estimado na casa dos R$ 4 bilhões.
A regulação do uso de inteligência artificial (IA) no Brasil deu mais um passo nesta semana. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ricardo Villas Bôas Cueva, entregou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o relatório final de uma comissão de juristas formada para propor subsídios à regulação da IA no país.
A conclusão do trabalho liderado pelo STF coincide com o que parece ser o início de uma febre no Brasil e no resto do mundo pelo ChatGPT, um novo bot de conversas lançado pela empresa OpenAI. Guiado por inteligência artificial, o ChatGPT faz piadas e até responde perguntas sobre criptomoedas.
Na Argentina, o governo criou o Comitê Nacional de Blockchain, que terá como objetivo organizar a implementação da tecnologia em âmbito nacional. “Que esta tecnologia possa ser entendida como uma ferramenta disruptiva para otimizar os processos, políticas e serviços do Setor Público Nacional”, diz a publicação no Boletim Oficial do país.
A Nigéria impôs limites nesta semana às retiradas de dinheiro físico, em uma medida para incentivar o uso de alternativas, incluindo a eNaira, sua moeda digital do banco central (CBDC, na sigla em inglês). Em carta aos bancos e outras instituições financeiras, o banco central da Nigéria aplicou novos limites para saques: ₦ 100.000,00 (cerca de US$ 225) por semana para indivíduos e ₦ 500.000,00 (US$ 1.123) para empresas.
Outro setor afetado pelo inverno cripto é o de e-sports, que também enfrenta maior dificuldade em levantar recursos de investidores de venture capital e aumentar a receita com anúncios. Muitas equipes nos EUA têm reduzido as operações devido ao menor interesse de usuários por eventos esportivos online, apurou a Bloomberg. Apesar desse cenário desafiador, levantamento da Newzoo divulgado pela Forbes aponta que o Brasil é o terceiro país com maior audiência em jogos eletrônicos do mundo.
Retrospectiva do Google com os assuntos mais pesquisados no Brasil e no mundo em 2022 revela um maior interesse dos brasileiros em tokens não fungíveis (NFTs), segundo a Exame. A pergunta “o que é NFT?” ficou em segundo lugar nas buscas realizadas no Brasil na categoria “o que é” alguma coisa. Os NFTs foram superados apenas pela pergunta “o que é comunismo?”.