O mercado de criptomoedas amanhece no vermelho nesta terça-feira, com investidores atentos ao cenário geopolítico e ao primeiro dia da reunião do Federal Reserve (FED). O Bitcoin recuava 1,7% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 38.414,98, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum opera em baixa de 2,5%, negociado a US$ 2.527,83.
No Brasil, o Bitcoin tem queda de 0,8%, cotado a R$ 196.783,26, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Nesta terça-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a pedir que soldados russos e cidadãos abalados pela guerra encerrem os combates, enquanto aumentam as evidências de que a Rússia parou de avançar em várias frentes, de acordo com o New York Times. Outra rodada de negociações para um cessar-fogo está prevista para hoje.
A incerteza geopolítica contribui para a recente desaceleração da atividade de negociação, que se reflete nos dados de blockchain. No acumulado do ano, a demanda entre investidores de Bitcoin mostra queda, o que reflete o “impacto da incerteza macro global na confiança dos investidores, com uma acumulação mais fraca de BTC como resultado”, destaca a Glassnode em publicação em seu blog. Mais de 30 mil Bitcoins saíram da Coinbase em uma semana, aponta o relatório.
Outras criptomoedas também operam no vermelho nesta terça-feira como Binance Coin (-2%), XRP (-3%), Cardano (-2,7%), Avalanche (-5,5%), Polkadot (-3,6%) e Shiba Inu (-2,6%).
Votação na UE
Na segunda-feira, a Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu rejeitou uma proposta que obrigaria criptomoedas como o Bitcoin a utilizar mecanismos de mineração mais ecológicos. A proposta havia sido incluída no projeto do marco regulatório para criptomoedas da UE (Markets in Crypto Assets, ou MiCA), mas enfrentou fortes críticas do setor.
No entanto, um novo dispositivo pede que a Comissão Europeia elabore uma proposta de legislação para incluir atividades de mineração que contribuam significativamente para a mudança climática até 1º de janeiro de 2025. A nova versão da MiCA foi aprovada por 31 votos a favor e 4 contra, com 23 abstenções, e agora segue para negociações com agências da União Europeia, de acordo com o CoinDesk.
O resultado não teve grande impacto no mercado de criptomoedas, que continua de olho no conflito entre a Rússia e a Ucrânia e na reunião do Federal Reserve, que começa nesta terça-feira. Investidores se preparam para o primeiro aumento dos juros nos EUA pós-pandemia para frear os preços, mas a decisão de política monetária na quarta-feira já estaria precificada pelo mercado, destaca a CNBC.
‘Bitcoin imobiliário’
E por falar em inflação, Michael Saylor, CEO da MicroStrategy e conhecido defensor do Bitcoin, voltou a destacar as vantagens de investir na criptomoeda em tempos de preços em alta. Segundo a Bloomberg, em discurso a membros do Economic Club of New York na segunda-feira, o executivo comparou a compra de Bitcoin ao investimento em imóveis, porque pode ser “alugado” (o chamado “staking”) ou transportado.
“Se seu imóvel não está seguro fora de seu país nem em seu país, para onde você pode ir?” disse Saylor. “A resposta é o ciberespaço. O Bitcoin é o sonho americano.”
Outros destaques
Expansão da Binance: A exchange de criptomoedas recebeu as primeiras aprovações regulatórias no Oriente Médio. A Binance obteve uma licença para operar na zona franca Dubai World Trade Center, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg. A empresa também ganhou o sinal verde do banco central do Bahrein para ser provedora de serviços de criptoativos no reino, segundo tuíte do CEO da Binance, Changpeng Zhao. No Brasil, a exchange assinou um memorando de entendimento manifestando o interesse na aquisição da Sim;paul Investimentos, corretora brasileira autorizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários.
Mais licenças: A FTX também se expande. A exchange recebeu uma licença de ativos virtuais em Dubai e planeja instalar uma sede regional na cidade por meio da FTX Europe, que opera na Europa e no Oriente Médio, segundo comunicado.
Saída de fundos: Produtos de investimento em ativos digitais registraram saídas de US$ 110 milhões na semana encerrada em 11 de março, depois de registrarem as maiores entradas em três meses na semana anterior, mostram dados da CoinShares. Divididos por classe de ativos, US$ 69,9 milhões saíram dos fundos de Bitcoin; fundos de Ethereum perderam US$ 50,6 milhões; enquanto os fluxos para outras criptomoedas foram razoavelmente positivos.
Novo ETF da Hashdex: A gestora anunciou na segunda-feira (14) a abertura do período de reserva de um novo ETF, o WEB311, que investirá em criptoativos atrelados a contratos inteligentes que fazem parte da web3. O produto chega à B3 no dia 24 de março e o início das negociações está previsto para o dia 30, noticiou o InfoMoney.
Regulação e CBDCs
Marco dos EUA: Especialistas ouvidos pelo Valor Investe dizem acreditar que os rumos apontados pelos EUA poderão ter influência positiva no marco regulatório brasileiro, mas não será determinante para acelerar o processo ou definir regras e normas do mercado doméstico de criptoativos. “Sem dúvida [o decreto] impacta nas discussões que estão ocorrendo no Brasil e no mundo todo. Os reguladores sempre olham o que outros estão fazendo. Mas não significa que o que está acontecendo nos EUA vá pautar o que vai acontecer no Brasil”, diz Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin.
Cripto mixers na mira: A Agência Nacional contra o Crime (NCA, na sigla em inglês) do Reino Unido está de olho nas chamadas “cripto mixers” descentralizadas, que podem ser utilizadas para disfarçar transações que seriam rastreáveis em blockchains. Segundo o Financial Times, a agência quer evitar que essas empresas facilitem a lavagem de dinheiro com criptomoedas.
Doações para Ucrânia: O governo ucraniano lançou um site de doações de criptomoedas na segunda-feira para financiar equipamentos de guerra. O site “Aid for Ukraine”, que tem o apoio da exchange FTX, da plataforma de “staking” Everstake e da exchange ucraniana Kuna, encaminhará as criptomoedas doadas para o Banco Nacional da Ucrânia, disse Vlad Likhuta, da Everstake, em entrevista ao CoinDesk. O Ministério da Transformação Digital da Ucrânia também participa da iniciativa.
Metaverso, Games e NFTs
Aposta na Magic Eden: A OpenSea concentra a maior parte de compra e venda de tokens não fungíveis, com 43% do mercado, de acordo com dados da DappRadar. Mas, para o sócio da Sequoia Capital, Shaun Maguire, a plataforma tem um ponto fraco, pois depende da rede blockchain Ethereum, em sua opinião, “menos eficiente”. Por isso, a empresa de capital de risco está apostando na Magic Eden, baseada em Solana, para autenticar os NFTs no mercado. Na segunda-feira, a Magin Eden anunciou uma rodada de captação de US$ 27 milhões com a Sequoia e outros investidores, segundo a Bloomberg.
Ethereum.rio
Adoção cripto: Os benefícios da tecnologia blockchain foram discutidos em diversos painéis do Ethereum.rio na-segunda-feira. Sebastian Serrano, fundador e CEO da exchange Ripio, prevê que “aproximadamente 50%” da população mundial terá acesso a cripto, destacou a Exame. No mesmo evento, Eduardo Suplicy não falou de blockchain ou cripto. O ex-senador se ateve ao tema que virou sua marca: a renda básica universal. Suplicy também aproveitou para cantar “Blowin ‘ In The Wind” de Bob Dylan, conforme o Portal do Bitcoin.