Imagem da matéria: Mais de 30 mil bitcoins saíram da Coinbase em uma semana, aponta Glassnode
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O preço do Bitcoin (BTC) continuou se consolidando na última semana, comprimido em uma faixa cada vez mais estreia entre uma baixa de US$ 37.274 e uma alta de US$ 42.455.

Conforme discutido na edição anterior do relatório da Glassnode, o mercado se encontra atualmente em um equilíbrio frágil em meio a um cenário de alta incerteza geopolítica que se desenrola no cenário global.

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Agora faz dois anos desde o grande evento de capitulação (desistência de ganhos pela venda de posições em épocas de queda) de março de 2020, que fez com que os preços do bitcoin despencassem mais de 52%, caindo de US$ 8 mil para US$ 3,8 mil em dois dias, marcando o fim do ciclo de baixa entre 2019 e 2020.

Eventos de capitulação como aquele geralmente representam um êxodo completo e total de todos os vendedores restantes, mudando o destino a favor dos “touros”.

Nesta edição, a Glassnode avalia o atual equilíbrio entre compradores e vendedores em uma tentativa de medir quão próximos estamos do fim do atual ciclo de baixa.

Síntese do relatório

– A incerteza e os riscos macros são os atuais obstáculos, manifestados como tendências amenizadas de acumulação no curto prazo.

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– Os gastos com moedas mais antigas nos últimos sete dias também são um pouco mais pessimistas do que nas últimas semanas, embora ainda não estejam em níveis que signifiquem medo generalizado ou perda de convicção.

– 82% do fornecimento mantido por holders a curto prazo (2,51 milhões de BTC) está sendo mantido a um prejuízo não realizado enquanto o fornecimento total mantido por holders a longo prazo está próximo de altas recordes.

– Apesar de uma fraca demanda a curto prazo, o processo de HODL continua sendo a estratégia de preferência, com a proporção de moedas mais jovens agora em mínimos históricos. Isso está historicamente associado à fase final de mercados de baixa.

– É apresentado um novo conceito chamado taxa de inflação de mercado, que mostra que, na base anual, holders a longo prazo estão aumentando seu saldo a um volume 7,6 vezes maior do que a emissão de novas moedas através da mineração. Isso é algo positivo a longo prazo.

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Preço do bitcoin na décima primeira semana do ano (Imagem: Glassnode)

Incerteza ameniza a acumulação a curto prazo

Para definir o cenário, vamos iniciar com uma métrica recém-lançada: o Score da Tendência de Acumulação de Bitcoin. Essa ferramenta foi criada para monitorar a visão geral da acumulação agregada ou a distribuição de carteiras de investidores.

Essa ferramenta rastreia quando grandes entidades (“baleias”) e/ou grandes partes do mercado (como “camarões”, em maior número) estão aumentando seus saldos de moedas, excluindo mineradores e corretoras.

A métrica apresenta valores de 0 e 1 com a seguinte interpretação:

valores próximos a 0 (cor amarela/laranja) indicam que o mercado está distribuindo ou que existe uma acumulação pouco significativa acontecendo (em baixa);

valores próximos a 1 (cor roxa) indicam que o mercado está em processo de acumulação líquida conforme o saldo em carteiras de investidores aumenta significativamente (em alta).

É possível perceber que o período entre outubro de 2021 a janeiro de 2022 foi um período de fortíssima acumulação (> 0,09, na cor roxo-escura), provavelmente por HODLers indiferentes ao preço.

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No entanto, durante grande parte de 2022, essa métrica oscilou entre um valor de 0,2 e 0,5. Isso destaca o impacto da incerteza macro global na confiança dos investidores, gerando uma fraca acumulação como consequência.

Score da Tendência de Acumulação de Bitcoin (média móvel de sete dias) (Imagem: Glassnode)

Esta semana, também houve um aumento notável em moedas mais antigas sendo gastas.

Moedas mais antigas são mantidas por investidores que têm mais experiência com a volatilidade característica do bitcoin e, geralmente, são classificadas como “dinheiro inteligente”.

Assim, quando moedas mais antigas são gastas a níveis mais altos, pode-se indicar uma inclinação mais negativa da confiança na classe de HODLers.

Moedas mais antigas do que seis meses representam 5% de todo o volume gasto na última semana, registrando uma alta evidente em comparação aos últimos meses.

Faixas de duração do volume gasto em bitcoin (média móvel exponencial de sete dias) (Imagem: Glassnode)

Isso também pode ser notado na métrica Binária de Dias de Moedas Destruídas, com a aplicação da média móvel de sete dias. Essa métrica sobe quando moedas mais antigas são gastas de forma contínua.

Valores baixos (zonas na cor verde) são típicos de fases de acumulação em um ciclo de baixa enquanto valores elevados (zonas na cor vermelha) são característicos de tendências de alta conforme investidores a longo prazo vendem seus ativos a força do mercado.

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Desde setembro de 2021, a métrica Binária de Dias de Moedas Destruídas (Binary CDD) subiu mais do que em uma fase comum de acumulação. Isso sugere que ainda está acontecendo um certo grau de “desinvestimento” por HODLers a longo prazo.

Métrica Binária de Dias de Moedas Destruídas em bitcoin (média móvel de sete dias) (Imagem: Glassnode)

A unidade medida para rastrear a duração agregada de moedas sendo gastas é chamada de “dia de moeda” (coin-day). Representa a quantidade de tempo que uma moeda continuou inativa na carteira de um investidor.

De um ponto de vista mais macro, a soma agregada de destruição de dias de moeda nos últimos 90 dias continua historicamente baixa.

Em mercados de baixa, a métrica CDD de 90 dias registra baixos níveis conforme investidores lentamente acumulam moedas e existe uma preferência agregada para segurá-las.

No entanto, irá subir bem mais após eventos de capitulação à medida que o medo e o pânico criam uma onda final de pressão de venda, que exaure todos os “ursos” restantes.

Essa métrica não sugere que acumulação e HODL são o padrão de comportamento preferível no momento. No entanto, ainda é necessário que haja um evento final de capitulação que aconteceu em todos os ciclos anteriores. Ainda resta saber se a situação será diferente desta vez.

Dias de Moedas Destruídas nos últimos 90 dias ajustados por entidades (eCDD-90) (Imagem: Glassnode)

Diminuição na oferta a curto prazo

O gráfico abaixo mostra a proporção relativa do fornecimento de moedas mantidas por holders a curto prazo e que acumularam nos últimos 155 dias.

Esse grupo é estatisticamente mais propenso a vender suas moedas quando houver volatilidade de mercado, principalmente durante um êxodo final de capitulação.

Para fomentar as observações acima, continua havendo uma queda no fornecimento de moedas mantido pelo grupo de holders a curto prazo.

Isso apenas acontece quando grandes partes do fornecimento estão inativas e ultrapassando o limite de 155 dias, tornando-se um fornecimento de holders a longo prazo.

Os baixos níveis de fornecimento por holders a curto prazo são historicamente associados aos estágios finais de mercados de baixa conforme compradores enviam moedas ao armazenamento “frio” (a um dispositivo sem conexão à internet) a longo prazo.

Atualmente, o fornecimento por holders a curto prazo está próximo de baixas recordes, o que é positivo para preços. No entanto, 82% dessas moedas (ou 2,51 milhões de BTC) estão sendo mantidas em prejuízo e, por sua vez, são a causa mais provável da pressão de venda.

Fornecimento de bitcoin em lucro/prejuízo por holders a curto prazo (média móvel de sete dias) (Imagem: Glassnode)

As ondas de HODL também mostram que moedas mais novas do que seis meses estão atingindo baixas recordes. 24,53% do fornecimento em circulação está nesse grupo mais novo, ou seja, 75,47% do fornecimento continua inativo há mais de seis meses.

Isso é novamente uma observação relativamente positiva para preços e indica que HODL é o comportamento principal de investidores, mesmo com os iminentes riscos macro como obstáculos.

Ondas de HODL em bitcoin (Imagem: Glassnode)

Embora a proporção de oferta de moedas jovens esteja caindo, ela mantém uma proporção cada vez maior do valor realizado em comparação com os ciclos anteriores.

Em outras palavras, uma quantia cada vez maior do capital denominado em dólar e investido em bitcoin está sendo mantida em moedas acumuladas nos últimos seis meses.

Mercados de baixa em estágio final são igualmente caracterizados por proporções menores de capital mantido por essas moedas mais jovens à medida que moedas amadurecem em carteiras de investidores a longo prazo.

A faixa de duração entre três e seis meses (faixa superior na cor amarela do gráfico abaixo), em particular, está aumentando de forma significativa, indicando que um volume maior do fornecimento adquirido entre setembro e dezembro de 2021 continua armazenado.

Ondas de HODL por capitalização realizada em bitcoin (Imagem: Glassnode)

Sinais de demanda a longo prazo persistem

Após estabelecer um contexto macro do fornecimento em venda, agora são analisados os sinais de uma demanda de maior alcance (superior a três meses).

A Coinbase, em particular, teve um fluxo líquido de saída muito grande na última semana, totalizando 31.130 BTC (US$ 1,18 bilhão). Esse é o maior fluxo líquido de saída desde 28 de julho de 2017.

O regime de fluxos líquidos de saída (barras na cor vermelha) após março de 2020 também está bem evidente no gráfico abaixo. Continua sendo um forte sinal de que investidores veem o bitcoin cada vez mais como um ativo relevante em portfólios modernos.

Volume líquido de transferência de/para corretoras em bitcoin – Coinbase (Imagem: Glassnode)

Esse fluxo de saída diminuiu o saldo total mantido na Coinbase para 649,5 mil BTC, levando-a a níveis anteriormente registrados durante o auge do mercado de alta em 2017.

O saldo total em bitcoins mantido pela Coinbase agora caiu para 375,5 mil BTC (ou 36,6%) da alta recorde registrada em abril de 2020.

Enormes fluxos de saída como esse fazem parte de uma tendência consistente no saldo da Coinbase, que sofre uma queda gradual nos últimos dois anos.

Por ser a maior corretora em termos de saldo em bitcoin e a plataforma de preferência para instituições americanas, isso fomenta a adesão do bitcoin como um ativo macro por grandes instituições.

Saldo de bitcoin em corretoras – Coinbase (Imagem: Glassnode)

Pela análise da Proporção de Choque no Fornecimento Ilíquido (ISSR), que rastreia quando mais fornecimento está sendo transferido para investidores mãos firmes (tendência de alta) e aumentando a probabilidade de uma futura contração na oferta, é possível ver uma alta significativa na última semana, sugerindo que essas moedas foram movimentadas para uma carteira com pouco ou nenhum histórico de gasto.

Essa métrica sobe à medida que mais moedas são movimentadas para tais carteiras e é possível analisar que, atualmente, possui uma estrutura de mercado similar à do mercado de baixa entre 2018 e 2020, apesar de ser em um intervalo menor de tempo.

Neste momento, a métrica ISSR está em 3,2, sugerindo que a quantidade de fornecimento mantido em carteiras ilíquidas é 3,2 vezes maior do que os fornecimentos líquido e altamente líquido combinados.

Essa métrica não indica que existe uma demanda persistente, apesar dos sofridos preços.

Proporção de Choque no Fornecimento Ilíquido (ou ISSR) em bitcoin (Imagem: Glassnode)

Por fim, é apresentado um conceito, recentemente desenvolvido pela Glassnode em colaboração com David Puell (Ark Invest), chamada “taxa de inflação do mercado”. Essa métrica é uma medida da acumulação anual ou taxas de distribuição por holders a longo prazo.

Primeiro, a emissão de bitcoins para mineradores e relacionada ao fornecimento em circulação é considerada como a taxa de inflação nominal (tracejado na cor amarela), presumida como uma pressão persistente de venda.

Em seguida, é analisada a variação diária no fornecimento por holders a longo prazo em relação ao fornecimento em circulação como uma medida de demanda do mercado.

Multiplica-se o valor por -1 para que a acumulação por holders a longo prazo volte para uma taxa negativa (em alta) enquanto o “desinvestimento” por holders a longo prazo volta para uma taxa positiva (em baixa).

Por fim, essa taxa de acumulação por holders a longo prazo é somada à taxa de inflação nominal para calcular a taxa de inflação de mercado (tracejado na cor verde). Pode-se observar que:

durante o estágio final de mercados de baixa, as taxas de inflação de mercado são bastante negativas (o fornecimento disponível está deflacionário), atingindo entre -14% e -15%. Isso significa que holders a longo prazo estão acumulando cerca de 15% do fornecimento em circulação por ano para além da emissão de mineradores;

em auges de mercados de alta, a inflação de mercado sobe acima da inflação nominal, indicando que holders a longo prazo estão aumentando bastante a pressão de venda por meio do desinvestimento (o fornecimento disponível está muito inflacionário). Isso resulta em um excesso de oferta e dá início a um mercado de baixa.

Neste momento, a taxa de inflação de mercado por holders a longo prazo é de -10,9%, ou seja, holders a longo prazo estão aumentando em 7,6 vezes seu saldo em relação à taxa de emissão. Isso está se aproximando das mínimas históricas que sinalizaram as mínimas do mercado em baixa em ciclos anteriores e é outro sinal construtivo de longo prazo.

Taxa de inflação de mercado por holders a longo prazo (Imagem: Glassnode)

Conclusões

A incerteza associada aos diversos riscos macro e geopolíticos enfraqueceram as tendências de acumulação no curto prazo desde janeiro.

Também foi possível observar o gasto marginalmente elevado de moedas mais antigas na última semana, apesar de ainda não sugerir uma ampla perda na convicção de investidores em uma escala macro.

Com mais de 2,51 milhões de BTC mantidos por holders a curto prazo em um prejuízo não realizado, existe o risco de que os vendedores ainda não estejam totalmente esgotados. A “potencial energia” para um evento de capitulação existe e pode ser consistente com todos os ciclos de baixa anteriores.

No entanto, segurar bitcoin continua sendo o comportamento dominante entre investidores e as tendências de acumulação a longo prazo ainda estão surpreendentemente positivas.

Sobre o autor

Glassnode é a maior provedora de dados e inteligência de blockchain que gera métricas e ferramentas on-chain para quem realmente quer entender o mercado de criptomoedas.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Glassnode.

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