O mercado de criptomoedas dá continuidade ao movimento de recuperação, em linha com os ganhos das bolsas americanas. O avança 2,2% nas últimas 24 horas, para US$ 41.535,61, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum sobe 2,3%, negociado a US$ 3.108,43.
No Brasil, o Bitcoin tem valorização de 2%, cotado a R$ 194.564,18, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Alguns investidores começam a considerar a possibilidade de que o impacto do aumento dos juros na economia americana seja mais suave, o que seria positivo para ativos de risco, como ações e criptomoedas.
“Parece que o mercado está na euforia de reverter o movimento de queda recente e buscar, pelo menos no curtíssimo prazo, as resistências, na tentativa de consolidar o preço acima dos US$ 40 mil”, disse ao Valor Humberto Andrade, analista de trading do Mercado Bitcoin.
Estratégias de investimento
Relatório da Glassnode aponta que o padrão tanto dos lucros quanto dos prejuízos realizados nos últimos dois meses e meio sugere que investidores ainda consideram a faixa de US$ 35.000 a US$ 42.000 como uma zona de valor para a acumulação. Grande parte dos investidores que compraram Bitcoin acima de US$ 40.000 são “holders” de longo prazo e menos propensos a vender em períodos de forte volatilidade.
E por falar em realização de lucros, produtos de investimento em ativos digitais registraram saídas de US$ 97 milhões na semana encerrada em 15 de abril, segundo dados da CoinShares. É a segunda semana de resgates, e o relatório aponta que o Bitcoin tem se tornado cada vez mais “sensível” às taxas de juros neste ano.
Ações x cripto
No entanto, ações de empresas de criptomoedas têm mostrado pior desempenho do que os tokens, segundo o Wall Street Journal. O Bitcoin acumula queda de 11% este ano, enquanto o Ethereum mostra desvalorização de 16%. Até segunda-feira (18), o mercado de criptomoedas como um todo havia encolhido cerca de 19%, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Mas ações de companhias de capital aberto e focadas em criptomoedas registram perdas de até 60% desde janeiro, mostra o FactSet. A ação da Coinbase, por exemplo, tem baixa acumulada de 40% em 2022.
As principais altcoins também sobem nesta quarta-feira como Binance Coin (+1,1%), XRP (+0,6%), Solana (+6%), Cardano (+2,3%), Terra (+5,9%) Avalanche (+2,9%), Polkadot (+6,3%), Dogecoin (+4%) e Shiba Inu (+2,9%), segundo dados do CoinGecko.
Outros destaques
O Senado adiou novamente a votação do Projeto de Lei 3.825/2019, que busca regulamentar o mercado de criptomoedas no Brasil. A pauta da casa foi trancada pela necessidade de votar primeiro a Medida Provisória 1.075, que dá acesso de alunos de escolas privadas ao Prouni. Ainda não foi definida uma nova data para a votação do PL das criptomoedas, mas a expectativa é que o projeto seja pautado para a semana que vem.
A OSL, corretora de cripto sediada em Hong Kong, aguarda a aprovação da regulamentação brasileira para abrir uma filial no Brasil, segundo o Estadão. Listada na bolsa de Hong Kong, a OSL tem como público-alvo investidores institucionais e presença física somente em mercados regulados. Mas a empresa já atua virtualmente no Brasil para as três gestoras que têm nove ETFs negociados na B3.
Investidores de venture capital têm captado quantias recordes, e empresas com foco em criptomoedas se destacam. Na terça-feira, a Framework Ventures, com sede em São Francisco, anunciou um fundo de US$ 400 milhões para investir em novas startups de blockchain, segundo a Bloomberg. É o terceiro fundo da empresa de capital de risco fundada há dois anos, que agora possui US$ 1,4 bilhão sob gestão. No entanto, players alertam que investidores de venture capital começam a ficar mais disciplinados.
A rede de investidores-anjo BR Angels acertou um aporte de R$ 2 milhões na KRYP.TOOLS, plataforma de gestão de carteiras e investimentos em criptoativos. O dinheiro é destinado a acelerar o desenvolvimento da tecnologia e dos planos de marketing do projeto, conforme o Valor.
O pioneiro do private equity Marc Rowan, CEO da Apollo Global Management, disse em entrevista à Bloomberg que as fintechs e o blockchain “vieram para ficar”, e que o ecossistema sendo desenvolvido em torno dos criptoativos é “impressionante”. Por isso, quem ignorar essas mudanças está assumindo o “próprio risco”.
Os clientes do Kinvo – aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar – que abrirem conta no Mercado Bitcoin e comprarem R$ 50 em criptomoedas já podem ter acesso gratuito ao curso “5 passos para investir em Bitcoin” da Blockchain Academy. Também poderão ganhar um segundo curso – “Investimentos em Criptoativos” – ao investirem um valor acumulado de R$ 10 mil até o final da campanha, que terá duração de 90 dias.
Pagamentos
O tão esperado plano da Meta de permitir que os usuários enviem dinheiro para empresas por meio do WhatsApp no Brasil tem enfrentado obstáculos com potenciais parceiros de sistemas de pagamentos, um revés para os planos da companhia de se expandir em comércio eletrônico no Brasil, diz o Financial Times.
O clube de assinaturas de vinhos Wine anunciou na terça-feira (19) que passará a aceitar Bitcoin como forma de pagamento em sua plataforma, segundo o InfoMoney. A empresa firmou uma parceria com a Redecoin, fintech do grupo SCF Brazil.
A Robinhood comunicou na terça-feira a compra do Ziglu, um aplicativo com sede em Londres, que permite a usuários negociarem Bitcoin e várias outras criptomoedas. A aquisição faz parte dos planos da corretora de se expandir no Reino Unido e na Europa, de acordo com a empresa.
Regulação e CBDCs
O Fundo Monetário Internacional alertou que países como Rússia e Irã poderiam driblar as sanções econômicas por meio da mineração de criptomoedas. Segundo relatório divulgado na terça-feira (19), países sancionados poderiam aproveitar as fontes de energia para expandir a mineração cripto e, assim, gerar receitas por meio de taxas.
Paul Grewal, diretor jurídico da Coinbase, criticou a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA em uma série de tuítes sobre a proposta de atualização da definição de “corretora” (ou “exchange”). “Apesar de ter mais de 600 páginas, a Norma Proposta, incluindo a análise econômica, não contém discussões relacionadas a valores mobiliários de ativos digitais ou DEXs (corretoras descentralizadas)”, disse Grewal na carta de comentários compartilhada pela Coinbase com o Decrypt.
O CEO da exchange FTX, Sam Bankman-Fried, quer consertar o “modelo quebrado” das redes sociais por meio da tecnologia blockchain. E está disposto a conversar sobre o assunto com Elon Musk, CEO da Tesla, que fez uma oferta para comprar o Twitter. Bankman-Fried criticou a ausência de interoperabilidade entre as plataformas. “Não é possível ver um tuíte no Facebook. Se você enviar uma mensagem para alguém no Facebook, o Whatsapp não pode ler, e é a mesma empresa”, afirmou à Bloomberg.
E a proposta da FTX de liberar diretamente as negociações de seus clientes de derivativos será avaliada em uma audiência informal em 23 de maio, disse uma pessoa a par do plano da agência CFTC, segundo o CoinDesk.
Metaverso, Games e NFTs
Está em curso um leilão com obras digitais de artistas indígenas e contemporâneos com o objetivo de arrecadar fundos para ajudar os Paiter Suruí, cuja Terra Indígena Sete de Setembro fica entre Rondônia e Mato Grosso. Organizado pelo Mercado Bitcoin em parceria com o marketplace de arte digital Tropix e a consultoria Nossa Terra Firme, o leilão, que começou na terça-feira, termina hoje às 12h15. Os lances iniciais custam entre R$ 100 e R$ 300, conforme a Veja.
A exchange de criptomoedas Okcoin lançou um marketplace de tokens não fungíveis isento de taxas de negociação para investidores de varejo, segundo anunciado na terça-feira (19) pela CEO da empresa, Hong Fang. A plataforma da Okcoin será a primeira exchange regulamentada que não estipula limites para as taxas de royalties de criadores de NFTs.
A nova coleção de NFTs do STEPN – um aplicativo que recompensa a corrida do usuário com criptomoedas – já movimentou mais de US$ 3,3 milhões em negociações desde que estreou na Binance na madrugada da terça-feira (19) por meio do Mecanismo de Assinatura. O projeto tem parceria com a marca de artigos esportivos ASICS.
Depois de comprar dois NFTs do Bored Ape Yacht Club no início do ano em um investimento de quase R$ 6 milhões, na terça-feira (19) Neymar pagou quase R$ 800 mil por um item da coleção Mutant Ape Yach Club (MAYC), de acordo com a Exame.