O mercado de criptomoedas amanhece mais uma vez no vermelho, influenciado pela fuga de ativos de risco e maior demanda por segurança. O Bitcoin tem queda de 3,3% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 29.115, segundo dados do CoinGecko. No Brasil, o BTC cai 2,5%, negociado a R$ 145.106, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Os mercados acionários americanos tiveram outra sessão de perdas na quarta-feira (18) em meio à expectativa de recessão nos Estados Unidos e fracos dados do setor de varejo no país. O Nasdaq, focado em tecnologia, despencou 4,7%, enquanto o S&P 500 caiu 4%, a pior queda percentual em dois anos.
Jared Dillian, colunista da Bloomberg, acredita que o atual inverno cripto será “longo, frio e difícil”. Ele acredita na recuperação das criptomoedas, mas, com o atual processo de seleção natural entre projetos bons e ruins, muitas não conseguirão se reerguer, avalia.
Abaixo de US$ 2.000, o Ethereum (ETH) recua 5,5% e acumula baixa de 7,1% em sete dias. Em entrevista ao InfoMoney, Tone Vays, trader veterano de criptomoedas e ex-executivo do JPMorgan, mostrou uma visão pessimista para a segunda maior criptomoeda. “(…) Lido com o Ethereum como algo que se pode negociar, mas não manter no longo prazo”, disse Vays, conhecido por ser um “maximalista de Bitcoin”.
O novo diretor financeiro da MicroStrategy, Andrew Kang, disse ao Wall Street Journal que a estratégia de comprar e manter Bitcoin a longo prazo não vai mudar, apesar da forte desvalorização da criptomoeda, o que afetou o valor das participações da empresa de software de análise.
O inverno cripto também chegou à quente e ensolarada Miami. A MiamiCoin (MIA), token criado pela prefeitura em 2021, desabou 90% desde sua máxima, mostram dados do CoinMarketCap. A desvalorização põe em xeque o sonho do prefeito de Miami, Francis Suárez, de transformar a cidade em capital cripto mundial.
As principais altcoins também operam com fortes perdas nesta quinta-feira (19) como Binance Coin (-2,2%), XRP (-6,4%), Cardano (-9,3%), Solana (-9,6%), Polkadot (-8,6%), Dogecoin (-6,5%), Avalanche (-16,2%) e Shiba Inu (-7,1%), segundo dados do CoinGecko.
Votação LUNA
Começou na quarta-feira (18) a votação oficial para decidir se a criptomoeda Terra (LUNA) passará ou não por um “hard fork”, o que resultaria em um novo token no mercado. Cerca de 84% dos votos até o momento são favoráveis à mudança, mas uma pesquisa independente preliminar mostrou que 92% dos entrevistados eram contra a proposta. A votação termina na próxima quarta-feira (25).
O empresário Do Kwon, fundador e CEO da Terraform Labs – assim como o cofundador Daniel Shin – pode enfrentar processos e ter bens confiscados após o fracasso do projeto na última semana, segundo informações do escritório de advocacia LKB & Partners ao jornal sul-coreano Munhwa Ilbo.
‘Porto seguro’
A partir desta quinta-feira (19), os clientes do Mercado Bitcoin, maior plataforma de ativos digitais da América Latina, terão acesso à stablecoin USDC emitida na rede Stellar, que oferece transações mais baratas quando comparada à blockchain Ethereum. É a primeira vez que o Mercado Bitcoin suporta um mesmo ativo em múltiplas redes.
“O USDC é uma stablecoin baseada em um ativo real, o dólar americano, com lastro um para um. Isso facilita sua utilização para fins de proteção cambial e ‘porto seguro’ durante tempos de alta volatilidade”, ressalta Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin.
Outros destaques
Elon Musk, CEO da Tesla, não descartou a possibilidade de, caso avance com a aquisição do Twitter, a plataforma de rede social se tornar um “superapp” similar ao chinês WeChat, que também realiza pagamentos. Musk participou na quarta-feira do podcast “All-In”.
Uma nova exchange de criptomoedas chega ao mercado brasileiro. Rodrigo Batista, que ajudou a fundar o Mercado Bitcoin, lançou a Digitra.com, plataforma de negociação de criptoativos que captou US$ 5 milhões com a Profitus Participações, firma de investimentos de Ricardo Vilella Marino, herdeiro do Itaú, segundo o Pipeline, site de negócios do Valor Econômico. A nova plataforma estreia em junho.
A Bitso começou a operar na Colômbia, seu quarto mercado, onde espera alcançar 1 milhão de clientes apenas este mês, disse o cofundador e CEO, Daniel Vogel. Atualmente, a plataforma cripto mexicana tem 4 milhões de clientes no México, Brasil e Argentina, conforme a Reuters.
A Elo, que lançou um token não fungível no início do ano, anunciou um desafio voltado a startups que buscam criar projetos e explorar as oportunidades do setor de criptoativos para “democratizar cada vez mais os meios de pagamento”, conforme a Exame. Com inscrições abertas até 15 de junho, o desafio vai selecionar até 10 startups.
O investidor de capital de risco Marcelo Claure continua apostando no potencial de inovação da América Latina. “Esses últimos três anos foram marcantes, mesmo nesses tempos difíceis conseguimos obter retornos incríveis”, afirmou durante o evento New Economy Gateway Latin America, organizado pela Bloomberg na Cidade do Panamá.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Os governos dos EUA e Europa não conseguirão regulamentar as criptomoedas sozinhos, aponta Michael J. Casey em análise do CoinDesk, destacando a necessidade de se trabalhar em conjunto e com legisladores de outras partes do mundo. “Quando se lida com uma tecnologia que não se importa com divisas, uma abordagem sem fronteiras é necessária.”
No Brasil, o presidente da Câmara Deputados, Arthur Lira (PP-AL), enviou para a Comissão Especial da Casa Legislativa na última terça-feira (17) o projeto de lei 4401/2021, que regulamenta os ativos virtuais. A matéria passa a tramitar com urgência e poderia ser votada a qualquer momento pelos deputados federais, de acordo com o Livecoins.
A cidade de São Paulo pode começar a aceitar criptomoedas para o pagamento de IPTU, segundo o Livecoins. Na quarta-feira (18), um projeto de lei com a proposta, da autoria do vereador Marlon Luz (MDB), foi divulgado pelo Diário Oficial do município.
Na Rússia, o ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov, disse na quarta-feira que o país vai legalizar as criptomoedas como meio de pagamento “mais cedo ou mais tarde”, segundo a Reuters.
Na Argentina, o uso de criptomoedas segue em expansão apesar das restrições impostas pelo banco central do país, destaca o Financial Times.
A Binance está em contato com reguladores na Alemanha de olho em uma licença para operar no país, pouco mais de um ano depois de ter sido advertida por oferecer tokens semelhantes a ações sem publicar um prospecto para investidores, de acordo com a Bloomberg.
A Coinbase, a maior exchange de criptomoedas dos EUA, está lançando um think tank global para guiar o debate político sobre os ativos digitais, à medida que reguladores e o Congresso americano estudam como regular o setor. A ideia é que o Coinbase Institute acelere pesquisas sobre criptomoedas e Web3.
O governo Joe Biden quer pressionar o Congresso para que as exchanges de criptomoedas mantenham o dinheiro dos clientes separado de seus próprios fundos corporativos, disse uma pessoa a par do plano ao CoinDesk.
O número de casos de supostas fraudes e manipulação de ativos digitais continua a aumentar, disse Rostin Behnam, presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), durante conferência da indústria cripto em Nova York na quarta-feira (18). Por isso, a agência pretende reforçar recursos para o combate de crimes financeiros nessa área, destacou.
O presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, disse que não irá assinar o projeto de lei que regula o uso de criptomoedas até que a legislação inclua controles mais rígidos contra a lavagem de dinheiro, segundo a Bloomberg.
Um empresário de 29 anos do Paraná teve cerca de R$ 250 mil em criptomoedas desviados de sua conta na corretora Binance no último mês, segundo o site Tilt, do UOL. O caso é investigado pelo departamento de crimes cibernéticos da Polícia Civil. A Binance não havia comentado até o momento da publicação.
Metaverso, Games e NFTs
A Sony está em uma boa posição para desempenhar um papel de liderança no metaverso, disse o diretor-presidente da Sony, Kenichiro Yoshida, apontando o uso do jogo Fortnite, da Epic Games, como um espaço social online. As unidades de jogos, música e filmes da Sony contribuíram com dois terços da receita operacional do conglomerado japonês no ano encerrado em março, de acordo com o Estadão.
O Esporte Clube Bahia anunciou na quarta-feira (18) uma parceria com a Socios.com para o lançamento de seu fan token $BAHIA, que oferece uma série de benefícios aos torcedores, segundo o jornal A Tarde. $CHZ, token para esportes e entretenimento que alimenta a Socios.com, está disponível no Mercado Bitcoin.